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Empresas & Negócios

- Publicada em 14 de Janeiro de 2019 às 01:00

Entender o cliente gera valor

Entrevista com João Satt Filho, fundador do G5 Competence

Entrevista com João Satt Filho, fundador do G5 Competence


CLAITON DORNELLES /JC
Eduardo Lesina
Os livros sempre foram muito presentes na vida de João Satt Filho. Leitor assíduo, o fundador da agência Competence e CEO do G5 sempre procurou na leitura as respostas que precisava para por seus planos em prática. Satt começou a trabalhar com 17 anos nas empresas da família, mas com 20 anos já formava a Ribalta Promoções, sua primeira empresa que organizava turnês e produzia espetáculos, conquistando reconhecimento na produção gaúcha do espetáculo infantil Saltimbancos.
Os livros sempre foram muito presentes na vida de João Satt Filho. Leitor assíduo, o fundador da agência Competence e CEO do G5 sempre procurou na leitura as respostas que precisava para por seus planos em prática. Satt começou a trabalhar com 17 anos nas empresas da família, mas com 20 anos já formava a Ribalta Promoções, sua primeira empresa que organizava turnês e produzia espetáculos, conquistando reconhecimento na produção gaúcha do espetáculo infantil Saltimbancos.
O encontro com os livros de Philip Kotler, conhecido como o pai do marketing, fizeram Satt modificar as estruturas da Ribalta Promoções, criando assim um núcleo específico para o planejamento. "Ali, descobri que o que eu fazia era apenas uma pontinha do marketing", conta. Inspirado na agência Talent, de Júlio Ribeiro, um dos nomes mais importantes da publicidade no Brasil, Satt criou a Competence, que completa 28 anos de atuação neste mês.
Em janeiro de 1996, Satt foi convidado para ser um dos jurados do New York Festivals, sobre criação e comunicação, e mais um livro modificou a sua vida. "Construindo marcas líderes", de Dave Aaker, deu um novo norte para os planejamentos do publicitário que, a partir daí, encontrou uma nova paixão.
Apaixonado pelos conceitos de marcas, o especialista em marketing pela ESPM, junto com dois ex-sócios, formaram o Grupo Competence, com agências regionais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Recife e Brasília. Há dois anos, quando o mercado da propaganda entrou em queda - passando por questionamentos sobre seus processo - e com uma bagagem maior de conhecimento, Satt decidiu não vender apenas "mais um produto", e sim abrir o leque de atividades. Dessas relações surgiu o G5, grupo que compreende nove empresas dentro dos seus cinco pilares: inteligência, criatividade, engajamento, inovação e performance.
JC Empresas & Negócios - Como funciona as relações entre as empresas que formam o G5?
João Satt - O G5 é um ecossistema de empresas. Temos uma empresa chamada Sunbrand, que trabalha com uma metodologia própria, desenvolvida e testada por nós ao longo do tempo, que é o centro do nosso planejamento. O mercado está se modificando e as pessoas têm um nível fantástico de ofertas como nunca tiveram. No entanto, boa parte das empresas continua nos moldes de 10 anos atrás, ou seja, a experiência de comprar continua sendo muito ingrata para o consumidor. Atualmente existe uma degradação do poder concentrado e entender esse panorama mundial foi o que fez a gente produzir um sistema que produz valor em um momento de enorme disrupção. Na verdade, somos um grupo de empresas que atuam, integradamente, sobre os nossos cinco pilares, mas mantendo a segmentação para fortalecer a eficiência. Hoje, o G5 pode ser visto como um conjunto de negócios, no qual a Competence, é uma das empresas dentro do grupo, mas já não somos mais uma agência de propaganda.
Empresas & Negócios - O G5 trabalha fortemente a ideia de geração de valor. O que é valor e qual é a importância desse conceito para o mercado atual?
Satt - Valor é tudo aquilo que é importante para alguém. Quando se pensa dessa forma, acaba-se obrigado a conhecer muito bem o público alvo. Se queres agradar alguém, tens que conhecer esse alguém. As pessoas hoje estão muito voltadas para duas coisas: reconhecimento e conveniência. Esses dois conceitos estão diretamente ligados com os princípios do que é valor. O G5 busca identificar para qual direção está indo o mundo, pessoas e tecnologia, e está procurando se antecipar a isso. Quando a necessidade de reconhecimento do consumidor é um aspecto tão importante, a geração de valor acaba sendo um princípio básico pelo qual passa a estratégia. Agregar valor é o que rege a sociedade.
Empresas & Negócios - Entender o público alvo se tornou imprescindível para fazer diferença no mercado atual. Nesse sentido, a tendência para o futuro é a busca por atingir determinados nichos?
Satt - Há produtos geracionais, pensados para entender as demandas de uma geração. Um dos balizadores da geração é a idade, mas quanto mais se aprende sobre o comportamento daquela geração, mais se agrega valor aos produtos. Se mergulharmos no estudo sobre segmentos, encontraremos muitos nichos. O futuro disso é o "peer to peer", que significa unir pessoas que têm propósitos de vida, identidades e necessidades muito próximas. A oferta que se tem atualmente é muito abrangente, mas o futuro é como um foco de luz que atinge um determinado ponto. O uso de banco de dados está atrelado a isso, pois com o avanço da tecnologia, consegue-se mapear o comportamento do consumidor com uma maior facilidade e se pode entregar um produto conforme as características dele.
Empresas & Negócios - Os bancos de dados de usuários têm sido uma ferramenta impactante para entender o consumidor. Há relação das tecnologias com o crescimento do debate sobre inovação nas empresas?
Satt - A gente normalmente associa inovação com tecnologia, mas na verdade, o que estamos falando é de uma inovação que está acima da tecnológica, que é a inovação de valor. O que as pessoas querem é, na verdade, o valor nos princípios de conveniência. Se ela passa pelo lado tecnológico ou não, pouco importa, desde que traga a conveniência necessária. Não podemos mais nos surpreendemos com isso, precisamos nos apaixonar pela novidade.
Empresas & Negócios - Quais os resultados do G5 nesses dois anos de atuação?
Satt - Como não sabíamos exatamente para onde estávamos indo, começamos a procrastinar as decisões. Nisso, decidimos reduzir nossa operação, nos qualificar e conquistar excelência para, a partir daí, voltar a crescer. Ou seja, demos dois passos para trás para poder voltar para o mercado com algo que realmente fosse relevante. Isso fez com que os nossos resultados esse ano fossem exponencialmente maiores do que o ano passado e, exponencialmente maiores do que no ano retrasado. Não trabalhamos com números absolutos, mas nossos resultados em comparação com o ano passado foram quatro vezes maior. Desse montante, a operação de propaganda foi apenas 10% do nosso resultado, ou seja, as outras operações tornaram-se interessantes e lucrativas, porque é exatamente aquilo que as empresas precisam para se tornar desejáveis para os seus consumidores. Estamos fazendo um investimento neste ano de R$ 2 milhões, que envolve uma nova sede aqui e uma em Santa Catarina, e estamos lançando duas startups e comprando uma participação importante em uma empresa de tecnologia.
Empresas & Negócios - Nesse crescimento, a G5 vai abrir uma sede nova em Porto Alegre e uma em Santa Catarina. Existem diferenças consideráveis para a abertura da sede em SC?
Satt - A nossa decisão de estar apostando em Santa Catarina se deve a dois aspectos. Primeiro, ao crescimento econômico do estado, que, enquanto o Rio Grande do Sul naufragava em dificuldades, Santa Catarina crescia a passos largos. Em segundo lugar, por uma questão logística e proximidade da sede aqui. Há também uma questão de mentalidade e cultura, que é diferente no estado vizinho. O Rio Grande do Sul é muito conservador em vários aspectos, e a tendência mundial está muito atrelada a revisar certos valores. Isso influencia muito no nível de otimismo do catarinense, muito maior que o do gaúcho.
 
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