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Empresas & Negócios

- Publicada em 31 de Dezembro de 2018 às 01:00

Segurança de dados do WhatsApp em xeque

Aplicativo é uma das principais formas de comunicação dos brasileiros

Aplicativo é uma das principais formas de comunicação dos brasileiros


PATRÍCIA COMUNELLO /PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O WhatsApp sofre com questionamentos sobre a sua segurança e a privacidade de mensagens desde a aquisição pelo Facebook, em 2014. Por que uma companhia, que tem o negócio baseado em informações coletadas dos usuários, investiria US$ 19 bilhões na compra de um serviço deficitário? Dados.
O WhatsApp sofre com questionamentos sobre a sua segurança e a privacidade de mensagens desde a aquisição pelo Facebook, em 2014. Por que uma companhia, que tem o negócio baseado em informações coletadas dos usuários, investiria US$ 19 bilhões na compra de um serviço deficitário? Dados.
Tanto o WhatsApp como o Facebook negam reiteradamente que o conteúdo das mensagens seja bisbilhotado para a exibição de anúncios direcionados, tanto que, em 2016, o aplicativo passou a ser criptografado de ponta a ponta. Mesmo assim, as dúvidas permanecem, e um número cada vez maior de pessoas migra para serviços rivais em busca de proteção.
"Não cheguei a abandonar completamente, mas o meu aplicativo de mensagens principal é o Telegram", relata o engenheiro de software Renoir Reis, justificando a permanência no WhatsApp pela presença de contatos que não estão no outro serviço. "Não digo que o WhatsApp não é seguro, mas o Telegram é mais transparente com o que faz com os meus dados. E o WhatsApp tem sempre a nuvem do Facebook por trás."
Envolto em polêmicas sobre o controle que tem sobre os dados coletados dos usuários, o Facebook está na mira de agências reguladoras e governos dos EUA e da União Europeia. Em depoimento ao Senado americano, em abril, o diretor executivo da companhia, Mark Zuckerberg, foi questionado se as mensagens trocadas no WhatsApp influenciavam os serviços de anúncios das plataformas da companhia. A resposta foi direta: "Não, nós não vemos o conteúdo no WhatsApp, ele é totalmente criptografado".
Contudo, alertam especialistas, a criptografia não significa anonimato. As mensagens só podem ser vistas pelo celular que envia e pelo celular que recebe as mensagens. Da saída à chegada, o conteúdo é criptografado, com chaves únicas que só podem ser abertas nas duas pontas. Mas no processo de envio e recebimento de mensagens, os serviços coletam metadados, alerta Gaspari Bruno, pesquisador do Laboratório de Modelagem, Análise e Desenvolvimento de Redes e Sistemas de Computação da Coppe/UFRJ.
"Para fazer o roteamento das mensagens, os servidores precisam saber que você está enviando mensagem para a sua esposa ou para um grupo. E essa informação precisa estar aberta, para que a mensagem seja entregue corretamente", explicou Bruno. "Então, os aplicativos não sabem o conteúdo das mensagens, mas sabem com quem você fala, quando, de onde e com que frequência. E essas informações são relevantes."
O programador Leonardo Piccioni realizou um estudo comparando a segurança e a privacidade dos três principais aplicativos de mensagens - WhatsApp, Telegram e Signal - e chegou à conclusão que o WhatsApp é o mais duvidoso. A criptografia ponto a ponto foi implementada pela OpenWhisper Systems, desenvolvedora do Signal. Entretanto, seu código não é aberto para que a comunidade de segurança possa avaliar sua eficácia. "Em tese, a criptografia do WhatsApp é tão segura quanto a do Signal, mas não é possível auditá-la", comentou Piccioni. "É preciso confiar na palavra do Facebook."
O Telegram também possui criptografia ponta a ponta, em código aberto. Porém, o recurso está disponível apenas nas "conversas secretas", não sendo ativado por padrão, nem está disponível nas conversas em grupo. Além disso, os metadados são armazenados, e experimentos realizados por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts demonstraram que eles são vulneráveis.
Para minimizar esses riscos, o Signal não armazena metadados e está testando uma nova tecnologia batizada como sealed sender. Como nas cartas, para que uma mensagem seja entregue, é preciso identificar o destinatário. Porém, o emissor pode ser descartado. Essa é a ideia por trás da nova técnica: proteger com criptografia os dados de quem envia a mensagem. "Se alguém me pergunta qual é o aplicativo mais seguro, eu recomendo o Signal", afirmou Piccioni.
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