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Cooperativismo

- Publicada em 02 de Dezembro de 2018 às 23:23

Cooperativas dão exemplo de resiliência em meio à crise


RAWPIXEL.COM - FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Nenhuma organização tem tanta capacidade de se adaptar aos períodos de recessão econômica como as cooperativas. Vários estudos apontam que, nas regiões onde atuam, essas associações não somente geram e distribuem riquezas de forma proporcional, como melhoram a qualidade de vida da população. Empreendimento cujo capital é formado pelos associados com a finalidade de somar esforços para atingir objetivos que beneficiem a todos, esse tipo de organização possibilita que as sobras permaneçam nas comunidades nas quais estão inseridas.
Nenhuma organização tem tanta capacidade de se adaptar aos períodos de recessão econômica como as cooperativas. Vários estudos apontam que, nas regiões onde atuam, essas associações não somente geram e distribuem riquezas de forma proporcional, como melhoram a qualidade de vida da população. Empreendimento cujo capital é formado pelos associados com a finalidade de somar esforços para atingir objetivos que beneficiem a todos, esse tipo de organização possibilita que as sobras permaneçam nas comunidades nas quais estão inseridas.
De acordo com o presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop-RS), Vergílio Perius, em 2017, esse indicador de desempenho (sobras apuradas) cresceu 21,97% no Estado, atingindo o valor de R$ 1,8 bilhão.
"As cooperativas são fruto de crises, e a resiliência está em seu DNA", define Perius. Ele informa que nos piores anos do recente desequilíbrio econômico (de 2015 a 2017), as organizações gaúchas mantiveram o ritmo de investimentos e cresceram 31% no volume de faturamento. Somente no ano passado, foram R$ 43 bilhões (aumento de 4,3% em relação a 2016, nos 13 segmentos de atuação).
Em relação aos ativos, o cooperativismo gaúcho registrou um acréscimo de 13,78% - valor igual a R$ 69,3 bilhões. Em geração de tributos, os números foram em torno de R$ 2 bilhões, uma expansão de 4,8% na geração de impostos em relação ao ano anterior. "Enquanto isso, a indústria não cresceu, e o comércio deu um pequeno salto em 2017", compara Perius.
A fórmula da resiliência cooperativista está na união dos envolvidos, no equilíbrio de investimentos calculados e no planejamento racional focado em melhores resultados. Foi assim que o setor cresceu no último ano, expandindo operações e números de associados no Rio Grande do Sul: em plena crise, respondeu pela abertura de 3 mil vagas no Estado, pagando salários 20% superiores aos do mercado, segundo dados da Ocergs.
"O associativismo cooperativista tem por fundamento o progresso social e o auxílio mútuo, segundo o qual aqueles que se encontram na mesma situação desvantajosa de competição conseguem, pela soma de esforços, garantir a sobrevivência", teoriza o presidente da organização.
Fato é que, juntos, os associados de uma cooperativa têm a força que sozinhos não teriam para reduzir custos, obter melhores condições de prazo e preços, além de capital para edificar instalações de uso comum. Criado por socialistas, no século XVII, o cooperativismo pretendia inicialmente constituir uma alternativa política e econômica ao capitalismo: sem a figura do patrão e do intermediário, o trabalhador se apropriava de seus instrumentos de trabalho e da participação nos resultados de seu desempenho. Esse movimento se disseminou graças à classe média europeia (com o pioneirismo de tecelões ingleses).
Outro fato importante desta trajetória foi o surgimento das cooperativas de crédito e consumo na Alemanha, em 1859. Nos dias de hoje, o cooperativismo convive com outras formas de organização empresarial, mas os associados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, participando de sua gestão.
No segmento de crédito, essas organizações hoje fazem frente ao sistema financeiro tradicional, porém com menor custo. No Brasil, uma das maiores do gênero - o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) - opera com 116 cooperativas de crédito, representada por 1.611 agências, distribuídas em 22 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Segmento de crédito está entre os que mais crescem

Port diz que, desde 2003, a legislação favoreceu o setor, o que oportunizou um crescimento expressivo

Port diz que, desde 2003, a legislação favoreceu o setor, o que oportunizou um crescimento expressivo


SICREDIRS/DIVULGAÇÃO/JC
Se juntas, em 2017, as cooperativas gaúchas obtiveram crescimento acima do registrado pela economia do Rio Grande do Sul, o segmento de crédito se destacou por ter registrado maior volume de faturamento e estar entre os três que mais criaram empregos naquele ano.
O vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, disse que os últimos 15 anos foram os melhores. "Desde 2003, a legislação favoreceu bastante, regulamentando o setor, o que oportunizou um crescimento expressivo." Antes de 2003, qualquer setor de crédito era alicerçado no meio rural. Com as mudanças, as cooperativas passaram a ter condições de atuar também no mercado urbano, tanto com pessoa física quanto com pessoa jurídica.
Hoje em dia, dos 4 milhões de associados ao Sicredi em todo o País, somente 15% é de produtores rurais (anteriormente, eram a maioria). "Isso mostra o quanto a legislação avançou e permitiu que outras pessoas passassem a contar com uma cooperativa de crédito", observa Port. Hoje, os associados são pessoas físicas de todas as rendas, além de micro e pequenas empresas brasileiras. As sobras do segmento dos últimos 12 meses estão 12% maiores que no período anterior. "Já o crescimento de depósito e créditos vem mantendo o mesmo ritmo dos últimos anos, em um patamar de 20%."
Na Região Sul do País, a Central Sicredi Sul/Sudeste reúne 43 cooperativas e 704 pontos de atendimento: 593 no Rio Grande do Sul, 112 em Santa Catarina e quatro em Minas Gerais. Atingiu os
R$ 45,20 bilhões em ativos administrativos, registrando crescimento de 15,48%. Atualmente, reúne 1.798.653 associados (cresceu 2,16%). O patrimônio líquido ficou acima dos R$ 6,52 bilhões, com uma evolução de 12,17% sobre o ano passado. Os depósitos totais inflaram 18,50%, somando mais de R$ 26,40 bilhões. A carteira de poupança soma, até o momento, mais R$ 6,73 bilhões, avançando 32,76% no período. E as operações de crédito totais registraram 13,71% de crescimento, somando mais de R$ 6,73 bilhões.
No Rio Grande do Sul, a área onde o cooperativismo deu seus primeiros passos foi justamente a de crédito, com a implementação do Sicredi. Hoje, o Sistema cobre 91,40% (454 municípios) no Estado, sendo que, em 100 municípios, o Sicredi é a única instituição financeira presente. Há 12 meses, mantinha 22,5 mil profissionais empregados diretamente. Em dezembro deste ano, o número chega a 24,7 mil. "Enquanto muitas empresas estão demitindo, o Sicredi tem ampliado sua base, e o número de agências pulou de 1.547, em 2017, para 1.639 em todo País."

Investimento em educação é um dos pilares do setor

Perius destaca importância de redes que atuam pelo bem-estar público

Perius destaca importância de redes que atuam pelo bem-estar público


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
O vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, explica que o crescimento das cooperativas de crédito no País, passa ainda pelo propósito de fazer negócios, com responsabilidade social. "O Sicredi é bastante focado nisso: além de ter produtos e serviços financeiros (seguro, consórcio, cartão, tudo que bancos oferecem), também tem trabalhado muito em educação, com foco em crianças, jovens e adultos."
Port destaca o programa A União Faz a Vida, realizado em vários municípios gaúchos em parceria com prefeituras, para estimular estudantes a serem cooperativos por meio de valores como empreendedorismo e solidariedade. "A ideia é que o professor faça um modelo mais inclusivo, proporcionando uma visão mais democrática do mundo."
Já o projeto Cooperativa Escolar leva ensinamentos sobre cooperativismo e ética para os alunos, buscando desenvolver consciência da coletividade entre crianças e jovens. Também o programa Educação Financeira oferece - seja em encontros nas escolas, entidades e nas comunidades onde atua através de suas agências - um curso sobre a administração das finanças familiares e dicas de economia no dia a dia.
Outra iniciativa do sistema é manter um Fundo Social, para destinar sobras das empresas para entidades sem fins lucrativos, como escolas, creches, lares que acolhem filhos com pais dependentes químicos, entre outras.
"Ao todo, são destinados R$ 1 milhão por ano para várias entidades", resume. Recentemente, o Sicredi entrou com recursos para que uma das unidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) construísse uma rampa/elevador na Kombi que buscas os estudantes. "São iniciativas sociais simples, mas que, para estas entidades, fazem a diferença", avalia.
"As cooperativas sociais podem garantir uma rede importante em prol do bem-estar público", avalia o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop-RS, Vergílio Perius, ao apontar que estas organizações têm mostrado potencial para capacitar jovens e contribuir para amenizar a crescente crise global em relação aos empregos para juventude.

Cooperativas agropecuárias representaram 62% do segmento gaúcho

Pires diz que a perspectiva é de que o faturamento aumente em torno de 15% em 2018

Pires diz que a perspectiva é de que o faturamento aumente em torno de 15% em 2018


AGROEFFECTIVE/DIVULGAÇÃO/JC
O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS), Paulo Pires, destaca que as organizações do segmento faturaram R$ 26,6 bilhões em 2017, crescendo 4,9% frente ao ano anterior. "Esse montante é 62% do desempenho total das cooperativas gaúchas no período. Em resultados, somente o agro fez R$ 375 milhões." Segundo ele, a perspectiva é de que, em 2018, o faturamento aumente em torno de 15%.
"Os preços dos insumos aumentaram e o comércio dos produtos também." Pires comenta que algumas destas associações do segmento estão entre as mais antigas do Estado (centenárias), e enfrentaram uma "grande crise entre 1995 e 1996, devido a problemas no setor agropecuário. "Naquele momento, foi criado o Sescoop e surgiram outras cooperativas vinculadas à agricultura. De lá para cá, tiveram grande desempenho, com destaque nos anos que se seguiram..
Ao todo, existem 333 mil sócios de 128 cooperativas agropecuárias no Estado, que juntas empregam 36 mil pessoas. As maiores (42 cooperativas, que juntas faturam 95% do total do segmento) são representadas pela Fecoagro-RS. Conforme o presidente da entidade, não à toa estas organizações se encontram em municípios onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é mais expressivo, independentemente do número de habitantes.
"Vide a Cotrijal (Cooperativa Agropecuária e Industrial) e a Languiru (de açougues e frigoríficos), só para dar dois exemplos: estão entre os maiores empregadores e arrecadadores de impostos nos destinos onde atuam - isso tem uma influência grande na qualidade de vida da população destas cidades, pois onde tem emprego e oportunidade de colégios e faculdades, tem desenvolvimento maior da sociedade como um todo."
Somando quase 60 anos de uma história marcada por desafios, mas também por conquistas, Cotrijal iniciou atividades em Não-Me-Toque, onde funciona sua sede. Aos poucos, expandiu conforme demanda dos produtores da região e viabilidade financeira da cooperativa.
No final da década de 1960 até 1976, quatro unidades foram inauguradas, seguidas por outras três entre 1980 e 1990, e por um ciclo de expansão na década de 1990, abrangendo toda a região de Carazinho. Nos anos 2000, mais oito unidades foram instaladas.
Entre 2014 e 2015, outras quatro na região de Esmeralda. Em 2016, a cooperativa expandiu mais ainda sua área de atuação, com a aquisição de 14 unidades de recebimento e armazenagem de grãos da BSBios, na Região Norte do Rio Grande do Sul.
Com isso, hoje está presente em 32 municípios com 56 unidades instaladas. Através delas, e com a ajuda dos 1.519 colaboradores, a cooperativa atende 5.921 associados e suas famílias, levando informações, tecnologias e serviços que possam melhorar o resultado das propriedades, garantir segurança, renda e qualidade de vida.
A atividade grãos (soja, milho, trigo, cevada e canola) é o foco principal, mas a cooperativa atua também nas áreas de produção leiteira, fábrica de rações, beneficiamento de sementes, e administra 17 lojas e oito supermercados, além de um atacado.
Uma das mais importantes iniciativas da cooperativa foi a criação, em 2000, da Expodireto Cotrijal, feira de reconhecimento internacional que reúne tecnologias, produtos e serviços de ponta para todos os tamanhos de propriedades e vários segmentos da agropecuária. Somente em 2016, a feira atraiu 210.800 visitantes e os 554 expositores, instalados nos 84 hectares do Parque da Expodireto, fecharam R$ 1,581 bilhão em negócios.

Aposta no coletivo ganha mais adeptos

No Rio Grande do Sul, o recente crescimento do sistema cooperativo é verificado não somente no aumento no número de sócios, geração de novos empregos e investimento das cooperativas em capacitação, mas também na construção e manutenção de novos hospitais e novas agroindústrias, faturamento, sobras, entre outros, aponta o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop-RS, Vergílio Perius.
"No caso das cooperativas de crédito, continuaremos com ritmo intenso, inaugurando agências no País (187 previstas para 2019), acrescenta o vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port.
Segundo ele, o sistema também visualiza a oportunidade de trazer mais pessoas para o cooperativismo e investe em infraestrutura (o total previsto é de R$ 187 milhões no decorrer ano que vem). Com 115 anos de atuação, a organização gerenciou uma carteira de crédito de R$ 80 bilhões em 2018, segundo estimativa de Port.
"Trabalhamos como um ano de readequação, de otimismo, mas de arranjo da estrutura pública, provavelmente vai ser um ano de bastante cautela, mas temos boas perspectivas de que algo bom vai acontecer", comenta o presidente da Fecoagro-RS, Paulo Pires. Na visão do dirigente, o cooperativismo não está enfrentando "nenhuma crise".
"Passamos por um momento bom, frente ao restante da sociedade", avalia. "Esperamos ter preço melhores, trabalhando com dólar mais baixo." Sobre as iniciativas da entidade que mais contribuíram para o crescimento do segmento, Pires cita os muito com cursos de pós-graduação e MBA para diretores executivos.

Sistema Unimed chega a R$ 3,6 bilhões no Estado

Investimentos da Unimed são destinados a itens como o aumento da rede de atendimentos

Investimentos da Unimed são destinados a itens como o aumento da rede de atendimentos


UNIMED PORTO ALEGRE/DIVULGAÇÃO/JC
Outra grande cooperativa brasileira é o Sistema Unimed, que passa dos R$ 50 bilhões/ano no Brasil e chega a R$ 3,6 bilhões/ano no Rio Grande do Sul. No Estado, estruturada como Sistema Cooperativo Empresarial, é formado por cinco vertentes. A Unimed Federação-RS reúne e coordena as cooperativas Unimeds singulares do Estado. A Unimed Central de Serviços Auxiliares presta serviços às Unimeds na busca de redução de custos.
Já a Unicoopmed realiza a complementação de serviços médicos e também a capacitação médica. A Uniair é a empresa responsável pelo transporte aeromédico de urgência, enquanto o Instituto Unimed-RS centraliza as ações de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. Toda essa organização permite que o Sistema atenda quase 2 milhões de clientes em solo gaúcho. No País, são 18 milhões.
"O dispêndio financeiro (valor) deste sistema exige rigorosa gestão e implementação de controles mais eficazes a cada dia", observa o presidente da Unimed Federação-RS, Nilson Luiz May. "Importante entendermos que estes valores (montantes) deixam de onerar os respectivos municípios, já penalizados pelos escassos recursos do SUS."
Segundo o dirigente, o resultado deste trabalho "se evidencia pelo nível de satisfação dos atendimentos efetuados, fruto do persistente aprimoramento de rotinas voltadas à qualificação dos serviços de saúde prestados, consagrada no fato de contarmos com nove Unimeds Acreditadas pela ANS, a maior proporção regional (estadual) do País".
O dirigente destaca que as cooperativas do Sistema Unimed atuam na assistência à saúde, no tratamento médico-hospitalar e, por decorrência, na busca da longevidade ativa e produtiva da população. "Estamos presentes também na busca da sustentabilidade socioambiental nas comunidades onde atuamos. Isso traz segurança e ganhos para todas as empresas, profissionais e estrutura pública da região", avalia.
May destaca que a situação política e econômica do Brasil vem atingindo duramente do setor da saúde. "Apesar disso, o Sistema Unimed vem buscando se aperfeiçoar, aprimorando rotinas, ampliando sua rede de atendimentos e até investindo na construção de novos hospitais, lastreado em uma experiência acumulada ao longo de seus 50 anos de existência." Ele pontua que um dos desafios é a permanente e sistematizada implementação dos Programas de Assistência Integral à Saúde.
Conforme o presidente da Federação, a Unimed é, hoje, "a maior cooperativa médica do mundo, sendo exemplo e referência no setor". No total, o sistema tem 137 hospitais próprios no Brasil oito no Rio Grande do Sul. "O nosso planejamento estratégico prevê aumentar cada vez mais a prestação de serviços de saúde de qualidade, congregando os dois grandes valores do cooperativismo: trabalho e capital."

Cooperativismo em números

No Brasil
  • 6,7 mil cooperativas
  • 372 mil empregos gerados pelas cooperativas
  • 13,2 milhões de associados
  • 24,9% da população é ligada ao movimento cooperativista
  • 6,2% da população é associada a uma cooperativa
No Rio Grande do Sul
  • 400 cooperativas
  • 58,9 mil empregos diretos
  • 2,8 milhões de associados
  • 74,5% da população é ligada ao cooperativismo
  • 24,8% da população gaúcha é associada a uma cooperativa