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Empresas & Negócios

- Publicada em 25 de Novembro de 2018 às 21:27

Salton planeja diversificação de mix


VINICOLA SALTON/DIVULGAÇÃO/JC
Carolina Hickmann
Com tradição centenária e sede em Bento Gonçalves, a vinícola Salton é detentora de 40% do mercado nacional de vinhos e espumantes, segundo dados da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). Apostando em estratégias de expansão de público, a empresa planeja cronograma de lançamentos de produtos. Neste ano, uma de suas principais linhas já teve rótulos atualizados. A Intenso recebeu o Marselan, Pinot Noir, Tannat e Rosé, focada em consumidores jovens.
Com tradição centenária e sede em Bento Gonçalves, a vinícola Salton é detentora de 40% do mercado nacional de vinhos e espumantes, segundo dados da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). Apostando em estratégias de expansão de público, a empresa planeja cronograma de lançamentos de produtos. Neste ano, uma de suas principais linhas já teve rótulos atualizados. A Intenso recebeu o Marselan, Pinot Noir, Tannat e Rosé, focada em consumidores jovens.
Aproximadamente 360 famílias produtoras fornecem à vinícola em todo o Estado. Ainda assim, são mantidas videiras próprias em Santana do Livramento. Em meio às novidades, Maurício Salton assumiu a presidência da vinícola, que conta com mais de 500 colaboradores, em maio deste ano. O executivo sucede os trabalhos de seu pai, Daniel Salton, membro da terceira geração de imigrantes italianos da família, que deixou o cargo após dedicação de 38 anos à vinícola.
JC Empresas & Negócios - Quais são os principais desafios nesse início de gestão?
Maurício Salton - São os fatores externos que se acumularam nos últimos três anos. A safra de 2016 foi muito danosa para a indústria como um todo, com quebra e custo elevado. O setor vinícola é uma cadeia de operação lenta, não conseguimos produzir just in time. Tivemos que lidar com os reflexos daquela safra não só em 2017, como também neste ano. Ao longo do exercício também tivemos fatores político-econômicos que mudaram um pouco o curso do planejamento, desde a paralisação dos caminhoneiros até a incerteza política de 2018. Então, basicamente, até aqui, foi uma gestão baseada em aspectos de gestão de crise, ainda bem que não interna. Voltamos ao simples, ao fazer bem feito, para preparar o terreno para 2019.
Empresas & Negócios - Foi possível manter investimentos?
Salton - Nossos investimentos costumam ser recorrentes, como na viticultura em Santana do Livramento, no Terroir da Campanha, adquirida ainda em 2009 com projeto moderno e automatizado. Continuamos praticando o plantio, lá, de algumas variedades que estão enfrentando dificuldades no Estado pela falta de estímulo de plantio por falta de demanda de mercado. Além disso, temos um cronograma de lançamentos de novos rótulos em planejamento. Até cinco anos atrás, a empresa era inteiramente voltada a vinhos, espumantes e seus derivados, com um único produto destilado feito na unidade fabril de São Paulo. Hoje nos diversificamos: expandimos a família de destilados, além de darmos um passo mais forte na parte dos não alcoólicos. Já trabalhávamos com suco, agora temos chás combinados com suco de uva, o GrapeTee.
Empresas & Negócios - Como fica a questão do consumo per capta brasileiro ser de cerca de dois litros e estar bem abaixo do consumo de países vizinhos?
Salton - O consumo per capta do Brasil está estagnado há mais de 15 anos. As novas gerações trazem uma tendência maior de consumo, por isso muitas vinícolas apostam em produtos de abordagem mais simples e uma comunicação mais sugestiva com esse consumidor mais jovem. Hoje, nosso maior público fica na faixa 35 a 50 anos, com equilíbrio financeiro. Em nossas estratégias também tentamos atrair público de cerca de 20 a 30 anos com esses lançamentos que são composições de produtos mais leves, frutados e fáceis de consumir, como a reformulação que passamos em nossa linha Intenso, na qual lançamos quatro rótulos. A noção de que o vinho brasileiro não é de qualidade ficou para trás, geralmente com consumidores de maior idade.
Empresas & Negócios - O solo da campanha mantém as características do paralelo 31°, como na Argentina. Como é a demanda por vinhos mais encorpados, como tannat, localmente?
Salton - Dentro da nossa linha Intenso trabalhamos com um tannat, lançado esse ano. Até então só o exportávamos. O mercado interno demanda cortes mais tradicionais como o bordalês. Aqui não tem tanta atratividade como puramente um tannat. A gente está procurando trazer para cá um produto que temos demanda no mercado externo. São lotes pequenos, de seis a 12 mil garrafas e a venda está bem interessante. Tudo faz parte da mudança da empresa de desenvolver a sua identidade, e está tendo uma boa aceitação.
Empresas & Negócios - Como a marca está posicionada internacionalmente?
Salton - Temos pouco mais de cinco anos fora do mercado doméstico com trabalho consistente, como nos Estados Unidos. Em alguns países asiáticos também temos consumo recorrente. Hoje a Salton exporta para mais de 20 países, um volume que corresponde a menos de 5% das nossas receitas. A meta é, dentro dos cinco próximos anos, tentarmos agregar 10% de nossa receita em exportações. Para fora do País, temos trabalhado muito os nossos vinhos e espumantes de maior valor agregado. Se formos para a briga de mercado em quantidade, perdemos. A estrutura de custos do País acaba nos deixando com falta de competitividade perante players semelhantes, como a Argentina e Chile.
Empresas & Negócios - Como é a seleção de matéria-prima?
Salton - Começamos um forte trabalho em 2004 com rastreabilidade, o que nos proporcionou conhecer o histórico do produtor, o manejo do vinhedo, a qualidade da uva, a resistência para safras diversas, com fatores climáticos diferentes. Temos cinco terroirs no Estado, basicamente os dois desenhos principais da empresa é a serra gaúcha na orientação espumante e vinhos mais leves, e na campanha priorizamos o forte da fruta. Buscamos lançar produtos com o melhor que o solo nos oferece.
Empresas & Negócios - Como funciona o Enoturismo?
Salton - Temos uma estrutura relacionada ao enoturismo, que representa algo como 2,5% de faturamento, com passeios padrão, sugestões de harmonização e degustação de produtos. É um overview completo da empresa com boa dose de nossa história. Para nós ele é importante por uma questão de visibilidade, quem visita a Salton precisa sair com o entendimento do que é a marca e o que ela representa.
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