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Empresas & Negócios

- Publicada em 24 de Setembro de 2018 às 01:00

Empreendedorismo por necessidade

Ramo de alimentação é o mais procurado pelas pessoas que resolveram abrir seu primeiro negócio

Ramo de alimentação é o mais procurado pelas pessoas que resolveram abrir seu primeiro negócio


FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Mesmo com a economia crescendo em ritmo lento, foram criados 1,2 milhão de novos empreendimentos no primeiro semestre deste ano, recorde para o período, segundo o indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas.

Mesmo com a economia crescendo em ritmo lento, foram criados 1,2 milhão de novos empreendimentos no primeiro semestre deste ano, recorde para o período, segundo o indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas.

A falta de oportunidades no mercado formal de trabalho está forçando vários trabalhadores a partirem para o negócio próprio, o chamado empreendedorismo por necessidade. "Com 13 milhões de desempregados, diria até que este é o chamado empreendedorismo por desespero", diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.

O ramo de alimentação é o mais procurado pelas pessoas que resolveram abrir seu primeiro negócio. De acordo com o levantamento, o segmento respondeu por 8,1% do total de empresas abertas na primeira metade do ano, seguido por serviços de beleza (7,6%); reparos, manutenção de prédios e instalações elétricas (7%); e comércio de roupas (6,4%).

Do total de novas empresas abertas no semestre passado, 81,8%, ou 1,03 milhão, eram de Microempreendedores Individuais (MEI), empresas, na maior parte, com um funcionário e faturamento máximo de até R$ 81 mil por ano. É a maior participação dos MEIs desde 2010, quando o indicador da Serasa começou a ser elaborado. "O ramo de alimentação requer baixo investimento e não exige conhecimentos técnicos muito específicos. Muita gente faz bolos, pães e refeições em casa, sem a necessidade de um ponto comercial", explica Rabi.

Durante seis anos, Glanice Oliveira Silva, de 38 anos, trabalhou em São Paulo como gerente administrativa de uma multinacional. Em 2015, a empresa fechou as portas e ela perdeu o emprego. Formada em Relações Internacionais, procurou recolocação durante um ano, mas a vaga não veio. Investiu R$ 170,00 na compra de matéria-prima e decidiu fazer pães e doces em casa.

"Gostava de cozinhar e arrisquei. Passei também a servir refeições para os funcionários de um posto em frente à minha casa", lembra ela, que, em janeiro deste ano, saiu da cozinha de casa, abriu seu ponto comercial e, hoje, trabalha como MEI. "Sirvo refeições saudáveis e trabalho muito mais horas do que quando era funcionária. Fiz um plano de negócios e um diferencial da concorrência. Hoje, meu faturamento bruto já chega a R$ 6 mil."

Para Rabi, embora muitas dessas empresas tenham sucesso, o ambiente econômico atual joga contra. Com o desemprego alto, que provoca queda da renda, muita gente cortou a alimentação fora de casa. E, com o número recorde de novos empreendedores, a concorrência se torna predatória.

Levantamento do Sebrae mostra que 24,4% das empresas que começam sem um planejamento ou capacitação do empreendedor fecham em dois anos, e 50%, em quatro anos. Este é o problema apontado pelos especialistas no caso do empreendedorismo por necessidade, que coloca em risco o dinheiro da indenização e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), muitas vezes, a única reserva financeira do empreendedor.

"A pessoa acaba indo para uma área em que já tem um conhecimento, mas não faz planejamento, não sabe fazer gestão e, principalmente, não separa as contas pessoais da conta da empresa. É a receita para dar errado", diz Mariane Primazeli, consultora do Sebrae.

Mercado e público desconhecidos, e falta de planejamento e de noções de gestão de negócios são os principais erros cometidos por quem abre um negócio por necessidade, apontam os especialistas. "A chance de sucesso de quem abre um negócio por oportunidade é muito maior do que por necessidade. A diferença é que há planejamento, capacitação e capital de giro para tocar o dia a dia da empresa", diz David Kallás, coordenador do centro de estudos em negócios do Insper.

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