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Empresas & Negócios

- Publicada em 10 de Setembro de 2018 às 01:00

Pop Center cria microbibliotecas colaborativas para incentivar a leitura

Iniciativa disponibiliza obras e estimula intercâmbio entre leitores-frequentadores do Pop Center

Iniciativa disponibiliza obras e estimula intercâmbio entre leitores-frequentadores do Pop Center


LUIZA PRADO/JC
Eduardo Lesina
Cerca de 40 mil pessoas, em média, passam pelo Pop Center diariamente. Aos sábados, dia com maior movimento, o número chega a dobrar. Com o objetivo de incentivar a leitura e atingir as pessoas que passam pelo shopping popular todos os dias, o empreendimento, localizado no Centro de Porto Alegre, apostou em uma forma de engajar seus visitantes com a leitura. O Pop Saber, iniciativa da diretoria do shopping, oferece livros gratuitamente e aposta na criação de um ambiente de troca e crescimento da atividade da leitura com o seu público.
Cerca de 40 mil pessoas, em média, passam pelo Pop Center diariamente. Aos sábados, dia com maior movimento, o número chega a dobrar. Com o objetivo de incentivar a leitura e atingir as pessoas que passam pelo shopping popular todos os dias, o empreendimento, localizado no Centro de Porto Alegre, apostou em uma forma de engajar seus visitantes com a leitura. O Pop Saber, iniciativa da diretoria do shopping, oferece livros gratuitamente e aposta na criação de um ambiente de troca e crescimento da atividade da leitura com o seu público.
A ideia simula o conceito das "geladotecas", na qual os livros são distribuídos gratuitamente para empréstimos, funcionando como uma biblioteca pública. No Pop, as geladeiras transformaram-se em casinhas de madeira, mas o objetivo de incentivar a leitura se mantém. "Nosso objetivo é ofertar os instrumentos para as pessoas criarem e exercerem o hábito da leitura, principalmente por ser um espaço público com uma alta circulação de pessoas", ressalta Elaine Deboni, diretora institucional do Pop Center. A concepção da proposta surgiu em uma viagem da própria Elaine ao Rio de Janeiro, onde ela encontrou uma casinha que também replicava a ideia das geladotecas: "quando vi a casinha, já tirei foto e mandei para a equipe que estava em Porto Alegre, falando sobre a ideia. Quando voltei, o espaço já estava em construção para ser utilizado".
Pensado para ser um projeto conduzido de forma horizontal e colaborativa, isto é, sem registros de entrada e saída dos livros, com controle total de quem usufrui da iniciativa, a equipe do Pop Saber aposta nas trocas entre os leitores-usuários e nas doações para reforçar os seus exemplares. Para fortalecer o início do programa de leitura, a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul doou livros para variados gostos e faixas etárias: literatura infantil, romances, suspenses, livros de pesquisa e clássicos da literatura brasileira, como Dom Casmurro, de Machado de Assis, além de outras publicações. "Trazendo os livros que já não usa mais e buscando novas leituras, a experiência está na troca de cultura entre os usuários", ressalta Elaine.
A diversidade de leituras oferecidas pelo projeto acompanha a diversidade que percorre os corredores do prédio, o qual conta com mais de 800 lojas. Em atividade desde 2009, a edificação, localizada na praça Rui Barbosa, foi construída para modificar o funcionamento dos camelôs, que, antigamente, se amontoavam na praça XV de Novembro. Hoje, os comerciantes são todos regularizados pela Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic). Segundo Elaine, por conta de ser um shopping popular, o cidadão que vai até o Pop Center é mais direto nas suas compras: "O Pop é um lugar no qual as pessoas vêm realmente para desfrutar seus ganhos fazendo compras pontuais, sem muito luxo". Elaine acredita que, por ter essa característica, o consumidor que vai até o centro popular pode aderir com mais facilidade os livros gratuitos.
Essa interação popular com a leitura também tem o objetivo de instruir e qualificar os comerciantes que ali exercem suas funções: "O Pop Saber, além de incentivar o hábito da leitura para os seus visitantes, quer trazer mais conhecimento - de variados aspectos - aos lojistas". Essa iniciativa busca minimizar os baixos números de leitores no País, começando em um ambiente que Elaine caracteriza como "a casa do povo".
A Constituição Federal, de 1988, confere o acesso à educação como um direito fundamental do cidadão brasileiro. Embora o documento máximo do País declare isso, a pesquisa Retratos da Leitura, realizada em 2015, apontou que 44% da população brasileira não tem acesso à leitura. Mesmo com o crescimento em comparação ao estudo anterior (em 2011, 50% da população não lia), a última pesquisa destacou que o brasileiro lê apenas 4,96 livros por ano. Produzida pelo Ibope Inteligência, com encomenda do Instituto Pró-Livro, trouxe dados ainda mais alarmantes: 30% dos entrevistados nunca compraram um livro. Na concepção do Pop Saber, esses dados foram considerados, fomentando o ideal de colaboração no projeto, gerando trocas e fortalecendo uma base de leitores ainda incipientes.
A microbiblioteca está completando um mês de atividade, e, embora a ideia seja não mensurar as entradas e saídas dos exemplares, os livros estão sendo repostos em uma velocidade considerável, demonstrando o engajamento do público com a leitura. Para Elaine, esse é o avanço necessário, principalmente em questões cidadãs, muito atuais no País. "A melhor forma de protesto é adquirir conhecimento."
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