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Empresas & Negócios

- Publicada em 16 de Julho de 2018 às 01:00

Cozinheiros do Bem distribui alimentos e afeto a pessoas em situação de rua

Evento da ONG Cozinheiros do Bem

Evento da ONG Cozinheiros do Bem


/MARIANA CARLESSO/JC
Eduardo Lesina
Ubuntu é um termo de origem africana que pode ser traduzido como "humanidade para os outros". A palavra, que inspirou Nelson Mandela na luta contra o Apartheid, serve também como lema para um grupo que distribui comida, roupas e carinho para pessoas em situação de rua em Porto Alegre. O coletivo Cozinheiros do Bem existe há 3 anos e se utiliza do conceito de ubuntu para encaminhar sua luta contra a fome na capital gaúcha.
Ubuntu é um termo de origem africana que pode ser traduzido como "humanidade para os outros". A palavra, que inspirou Nelson Mandela na luta contra o Apartheid, serve também como lema para um grupo que distribui comida, roupas e carinho para pessoas em situação de rua em Porto Alegre. O coletivo Cozinheiros do Bem existe há 3 anos e se utiliza do conceito de ubuntu para encaminhar sua luta contra a fome na capital gaúcha.
Organizados em fila, os beneficiários aguardam o empratamento das marmitas. Mesmo no frio rigoroso do inverno, tanto o alimento quanto a dedicação dos voluntários no preparo mantêm-se aquecidos. Arroz, massa, feijão, polenta, pães e sobremesa. O cardápio - que, mesmo mantendo uma base, varia a cada ação - é baseado nos períodos de colheita dos alimentos. "Trabalhamos muito com uma coleta sazonal", conta o cozinheiro e um dos idealizadores do projeto, Júlio Ritta, apontando ao fato de a época influenciar, principalmente, nos sucos e sobremesas servidos pelos voluntários. Essas coletas resultam na distribuição de cerca de 15 toneladas de alimentos, entregues durante as cinco atividades semanais em que a organização atua. O excedente de comida de cada evento é distribuído no caminho de volta à sede da organização.
O cardápio é estipulado mensalmente, baseado nas doações, parcerias e compras dos voluntários que compõem o grupo. Conforme o cozinheiro, as compras são pensadas pela variação de preços dos alimentos: "é uma forma de ser mais sustentável e evitar o desperdício de comida", sustenta Ritta. Parcela dos alimentos não perecíveis é proveniente da parceria que a organização mantém com duas grandes produtoras - Opinião e Artistaria -, que, através do desconto solidário, auxiliam na arrecadação da comida que é levada às pessoas. Além disso, a equipe recebe doações de empresas do ramo da gastronomia, fomentando os preceitos de Ritta de entregar comida de qualidade sem distinção entre as pessoas.
"O Cozinheiros do Bem nasceu de uma necessidade gritante de combater a fome e a desigualdade", explica Ritta. Pela trajetória com a gastronomia, o cozinheiro e participante do reality show "Hells Kitchen: e Cozinhando sobre Pressão" explica que, com o mínimo de sensibilidade nessa área, é impossível ficar indiferente à situação de fome e desigualdade na sociedade. Em 2015, Ritta e mais dois amigos fundaram o coletivo. Iniciado de forma despretensiosa em uma ação no Centro, hoje o Cozinheiros do Bem atende em cinco eventos semanais: nas terças-feiras, às 20h, no largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa; nas quintas-feiras, às 20h, na Arena do Grêmio, no bairro Humaitá; aos sábados, às 10h, no viaduto da Conceição, no Centro Histórico; e aos domingos, às 10h, tanto no viaduto Dom Pedro I, no bairro Menino Deus, quanto no viaduto Obirici, no bairro Passo d'Areia.
Para realizar esses eventos, a equipe conta com mais de 300 voluntários, que dividem-se para atender às necessidades de produção de cada refeição distribuída, bem como auxiliar outras cinco ONGs, as quais o coletivo atende durante a semana. Organizados em grupos no WhatsApp, é lá que os voluntários recebem as recomendações de preparo e as planilhas com os alimentos que devem ser servidos nos próximos eventos. Com as proporções que o projeto recebeu nos últimos tempos, somente o apoio com alimento não garante a realização das ações. Conforme Ritta conta, é necessário uma logística durante a semana, e essa preparação demanda fundos que o coletivo organiza também via WhatsApp. Esses fundos são arrecadados, além de doações, com a venda de camisetas, botons e uma mensalidade não obrigatória paga pelos voluntários (R$ 25,00 individual ou R$ 30,00 por família).
Os gastos com as atividades são somados aos custos de manutenção da sede. Como forma de locomoção entre os eventos, coletas e a sede do Cozinheiros do Bem, na rua Adão Baino, no bairro Cristo Redentor, o coletivo conta com uma kombi. O veículo - projetado para suportar 900 quilos - é, felizmente, sobrecarregado na prática: "quando fazemos uma coleta, buscamos aproximadamente sete toneladas de alimento", explica Ritta. Além disso, a organização auxilia duas comunidades indígenas no Canta Galo, em Viamão, levando duas ou três toneladas de comida nessas viagens. Por esses fatores, o coletivo criou uma vaquinha on-line que visa arrecadar R$ 10 mil para um novo veículo.
"Usamos o alimento como ponte para levar carinho e tentar reinserir no mercado de trabalho as pessoas que atendemos", ressalta Ritta. Do início do projeto até aqui, mais de 40 pessoas já foram resgatadas da situação de rua pelo grupo. Em uma pesquisa realizada em parceria com o Núcleo de Voluntariado Estudantil (Nuve) da ESPM-Sul, os dados sobre os habitantes de Porto Alegre em situação de vulnerabilidade social apontaram um crescimento de 63% no número de pessoas em situação de rua no último ano. "É um trabalho de formiguinha", diz Ritta, visando reverter esse quadro através das ações sociais, que fazem com que o Cozinheiros do Bem atenda cerca de 3 mil pessoas por semana.
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