Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 11 de Junho de 2018 às 01:00

Navegando em defesa do Gravataí

Cardoso destaca a importância de trabalhar a educação ambiental e multiplicar seus conceitos com a comunidade

Cardoso destaca a importância de trabalhar a educação ambiental e multiplicar seus conceitos com a comunidade


CLAITON DORNELLES /JC
Pedro Carrizo
Há 39 anos, muito antes de o barco-escola Rio Limpo navegar pelo Gravataí repleto de alunos, nascia a Associação de Proteção à Natureza - Vale do Gravataí (APN-VG). "Constituímos a ONG com mais de 150 pessoas, em uma noite fria de julho, em 1979. Desde lá, lutamos por políticas ambientais", relembra Sérgio Cardoso, presidente da Associação e do Comitê de Bacia Hidrográfica da região. De volta a 2018, com o projeto Rio Limpo em atividade há quatro anos, milhares de pessoas já puderam percorrer o Gravataí e escutar sobre as potencialidades desse rio, que abrange seis municípios gaúchos e seus respectivos esgotos.
Há 39 anos, muito antes de o barco-escola Rio Limpo navegar pelo Gravataí repleto de alunos, nascia a Associação de Proteção à Natureza - Vale do Gravataí (APN-VG). "Constituímos a ONG com mais de 150 pessoas, em uma noite fria de julho, em 1979. Desde lá, lutamos por políticas ambientais", relembra Sérgio Cardoso, presidente da Associação e do Comitê de Bacia Hidrográfica da região. De volta a 2018, com o projeto Rio Limpo em atividade há quatro anos, milhares de pessoas já puderam percorrer o Gravataí e escutar sobre as potencialidades desse rio, que abrange seis municípios gaúchos e seus respectivos esgotos.
De acordo com o presidente da associação, para trabalhar temas ambientais, é necessário ter uma abordagem positiva. Cardoso concorda que chegam em torno de 50 toneladas de esgoto por dia no Gravataí; que Santo Antônio da Patrulha, Glorinha, Viamão e Alvorada sequer têm tratamento de esgoto; que os agrotóxicos oriundos da produção do arroz também influenciam na poluição. Porém ele ressalta que isso representa 30% da bacia. Os 70% restantes são de excelente qualidade. "Nossa lógica é colocar o bom acima do ruim. Mostramos a importância social e a beleza do rio Gravataí às pessoas. Essa beleza é muito maior do que a poluição."
O projeto Rio Limpo começou em 2014, em parceria com a Petrobras, para trabalhar a educação ambiental na Bacia do Gravataí. Focado na política de recursos hídricos e de saneamento, e com professores e alunos como público-alvo, o projeto foi orçado em R$ 2,4 milhões. Durante os dois anos e quatro meses de financiamento da Petrobras (prazo previamente estipulado), contabilizou 684 ações de educação ambiental e mais de 82 mil pessoas atendidas. Além disso, distribuiu 2.796 mudas de árvores nativas e conquistou o barco-escola, atual instrumento de conscientização ambiental da ONG.
Cardoso separa a iniciativa Rio Limpo em duas fases, a com aporte financeiro (2012-2014) seria a primeira, e a autossustentável, modelo atual de gestão, é a segunda. "Como o projeto não tem convênio com nenhuma prefeitura e também não tem financiadores, o barco se tornou nosso grande gargalo financeiro."
Cada vez mais turmas do Ensino Médio, Fundamental e de faculdades passeiam e aprendem sobre o Gravataí, dando protagonismo às pautas ambientais. "Fazemos uma abordagem mais técnica com os universitários, apresentando dados da bacia hidrográfica e nos aprofundando sobre a poluição do rio. Para as crianças, a abordagem é mais positiva", diz o presidente da APN-VG. Ele ainda acrescenta que qualquer estudante do ensino médio vai aprender muito mais sobre a Bacia do Gravataí estando nela, ao invés de acompanhar uma apresentação no PowerPoint sobre a qualidade do rio.
O barco-escola tem capacidade para 60 visitantes. Cada viagem custa em torno de R$ 600,00, considerando o pagamento da tripulação e a manutenção da embarcação, o que resulta em R$ 10,00 por pessoa. As visitas podem ser guiadas tanto por Cardoso quanto por Claudio Wurlitzer, antigo presidente da associação, ou por Paulo Muller, o primeiro presidente e atual vice. Nos últimos dois anos, mais de 10 mil pessoas passearam com barco-escola pelo rio Gravataí.
Ultrapassando os limites da conscientização promovida pela iniciativa Rio Limpo, a associação se estabelece como fiscal nos projetos e ações da máquina pública. Cobra investimento das prefeituras em educação ambiental e a realização do Plano de Manejo por parte governo do Estado, medida criada pelo Ministério do Meio Ambiente e que estabelece normas e restrições para o manejo de recursos naturais nacionais. "O papel da associação não é de 'adorador de couve', nossa luta é séria e muito mais prática do que idealista", diz Cardoso.
Atualmente, a APN-VG participa do Conselho de Meio Ambiente de Porto Alegre, de Gravataí e de Cachoeirinha. Acompanha e fiscaliza tramitações ambientais, como o projeto de construção dos diques em Alvorada, que possui investimento federal de R$ 228,5 milhões, com protagonismo e espaço de fala. Cardoso conta que os investimentos para a captação e tratamento de esgoto estão chegando ao Estado, como é o caso de Santo Antônio da Patrulha, que recebeu investimento de R$ 300 milhões, e Glorinha, que recebeu R$ 10 milhões. Porém é preciso ficar em cima. "Nós estamos no meio das institucionalidades para discutir o problema e achar soluções de dentro das estruturas realizadoras destes processos."
Então, enquanto o projeto Rio Limpo dá relevância às partes despoluídas da bacia do rio Gravataí, a associação aponta para as causas da poluição que podem ser reduzidas. Enquanto um coloca a participação individual como centro da conscientização, o outro dialoga e cobra dos grandes produtores e do poder público. Enquanto o Rio Limpo busca desmistificar o estigma de um Gravataí somente poluído, a APN-VG luta por políticas de preservação ambiental, na linha de frente da tomada de decisão.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO