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Finanças pessoais

- Publicada em 11 de Junho de 2018 às 01:00

Investidores estão mais seletivos

Contabilidade - Dia do Contador - divulgação freepik

Contabilidade - Dia do Contador - divulgação freepik


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
A expectativa em relação à mudança da política monetária nos Estados Unidos aumentou a seletividade dos investidores quanto aos seus investimentos, sobretudo nos mercados emergentes. Somados a isso, a recuperação da economia brasileira em ritmo muito mais lento do que o esperado e o cenário eleitoral incerto também contribuem para a maior cautela na escolha dos ativos pelo investidor. Os efeitos desse cenário já são vistos no mercado de capitais brasileiro.
A expectativa em relação à mudança da política monetária nos Estados Unidos aumentou a seletividade dos investidores quanto aos seus investimentos, sobretudo nos mercados emergentes. Somados a isso, a recuperação da economia brasileira em ritmo muito mais lento do que o esperado e o cenário eleitoral incerto também contribuem para a maior cautela na escolha dos ativos pelo investidor. Os efeitos desse cenário já são vistos no mercado de capitais brasileiro.
Neste ano, das emissões de ações no "pipeline" (jargão do mercado financeiro para negócios em fase de preparação), algumas não tiveram sucesso, evidenciando a seletividade dos investidores. Entre elas, Blau Farmacêutica, Ri Happy e Grupo Dass. Outras desistiram ao sondar o mercado, como JHSF Malls e Centauro, por exemplo. Em relação a emissões externas, a Light e a usina Coruripe aguardam momento mais propício para emitirem.
A disparada do dólar no mundo e a alta de juros nos Estados Unidos já estão criando ambiente "menos amigável" aos emergentes, mas os investidores vão seguir buscando boas oportunidades de retorno, embora possam exigir maiores prêmios, por conta do maior risco cambial nos emergentes, avalia o Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo.
"Agora, o mercado está 10 vezes mais seletivo. Os investidores não vão comprar qualquer 'case', mas de empresas com fundamento, que tenham base de crescimento, do setor", diz o vice-presidente executivo do Itaú BBA, Alberto Fernandes. Segundo ele, uma possível mudança da política monetária nos Estados Unidos tem afetado todos os emergentes e desviado a atenção dos investidores.
O aumento do nervosismo dos mercados começou nas últimas semanas, com a elevação da aposta de que a alta de juros nos EUA pode ter um ritmo maior do que previsto inicialmente. Com isso, o dólar vem se valorizando em relação a outras moedas e criando um ambiente menos favorável para a entrada de fluxo de capital nos emergentes. A mudança do cenário no exterior está levando os investidores fazerem um rebalanceamento de suas carteiras, ressalta o economista-chefe da gestora Western Asset, Adauto Lima. A elevação de juros nos Estados Unidos aumenta a atratividade dos títulos daquele país, muito mais seguros. Nos emergentes, Brasil e México passarão por eleições muito disputadas que ajudam a elevar o quadro de incerteza.
Nesse ambiente, o apetite dos estrangeiros em relação aos ativos brasileiros segue firme, mas a seletividade dá o tom, destaca Renato Ejnisman, diretor executivo do Bradesco. "Não será qualquer nome que irá a mercado, e não a qualquer preço", diz o executivo. "A empresa que passar por essa 'régua' vai encontrar demanda", afirma. Por conta da atual volatilidade da moeda, Ejnisman pondera que algumas ofertas podem demorar um pouco mais para ir ao mercado.
Mesmo com esse cenário e o ano eleitoral, a atividade dos bancos de investimentos segue aquecida, comenta o responsável pelo banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch, Hans Lin. "O nível está bom para um ano de eleição. O que está afetando neste momento são fatores externos e ainda uma recuperação da economia brasileira mais lenta do que o esperado", afirma. As eleições locais devem começar a ganhar a cena a partir do fim de julho, afirma Lin. Segundo ele, a expectativa é de uma janela aberta para emissão de ações em julho, e já há, inclusive, uma fila de cerca de seis empresas se preparando para estrear no mercado.
Apesar do cenário menos favorável, as empresas brasileiras tiveram sucesso ao longo dos últimos meses para acessarem o mercado. As grandes companhias, por exemplo, conseguiram aproveitar e trocar dívida cara por mais barata acessando o mercado externo, lembra o responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. "As grandes empresas não estão com a corda no pescoço e têm o luxo de poder esperar (uma normalização). A fase de necessidade já passou", afirma o executivo. Já aquelas que ainda precisam realizar o "liability management" (gestão de ativos e passivos da empresa) poderão esperar para realizar em um melhor momento.
Apesar de o impacto ser mais imediato nas captações externas, o mesmo movimento é observado no mercado de renda variável. "O apetite externo é muito seletivo, e não serão todas as histórias que virão a mercado que funcionarão, mas o sucesso das últimas três emissões do mercado de ações (Notredame, Hapvida e Banco Inter) mostrou claramente que o mercado está disposto a realizar investimentos", salienta Zema.

Novo ETF surge como aposta para fundos de índice

O fato de os fundos serem operados na bolsa via homebroker de uma corretora ainda é visto como obstáculo

O fato de os fundos serem operados na bolsa via homebroker de uma corretora ainda é visto como obstáculo


JOÃO MATTOS/arquivo/JC
Desprestigiado na prateleira de investimentos do brasileiro, os ETFs (Exchange Traded Funds, no termo em inglês) podem ganhar um novo ânimo ainda neste ano. Com o lançamento do edital do ETF de renda fixa pelo Tesouro e o mercado financeiro mais competitivo por causa dos juros baixos, a chance de se alavancar esse fundo é promissora, mas ainda engatinha nessa trilionária indústria.
O ETF nada mais é do que um fundo de investimento que espelha o desempenho de índices e que são negociados em bolsa de valores, como se fossem papéis de uma empresa. Atualmente, existem no País apenas 15 ETFs, todos atrelados à renda variável. O primeiro ETF brasileiro de renda fixa será apoiado pelo Tesouro Nacional e produzido em parceria com o Banco Mundial, para fomentar o desenvolvimento do mercado de capitais em economias emergentes.
Segundo levantamento feito pelo Itaú Asset Management, a indústria de ETFs no Brasil cresceu 1,5 vez o que avançou a indústria de fundos desde 2010. O crescimento dos ETFs foi de 18%, enquanto a indústria total cresceu 12%. Esse patrimônio, porém, é menos de 0,5% dos
R$ 4,5 trilhões movimentados pela indústria de fundos.
Do ponto de vista do cenário econômico, Renato Tucci, responsável pela área ligada às ETFs do Itaú Asset Management, explica que, nos últimos anos, a alta dos juros beneficiou os investimentos de renda fixa e pode ter tirado o espaço para esse e outros investimentos mais sofisticados. Com a conjunção de um período de juros mais comportados, maturidade do investidor e esse novo produto sendo um canal diferente para acessar os já conhecidos títulos do Tesouro, a tendência é de esse mercado se destravar, segundo Tucci.
Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Willian Eid, a participação acanhada dos ETFs na carteira do investidor tem duas explicações diretas. Primeiro, o baixo número de pessoas com acesso à bolsa. O dado mais recente da B3 mostra que existem 663 mil pessoas físicas cadastradas, porém Eid acredita que o número dos que de fato operam é muito menor, talvez até menos da metade, e isso, segundo ele, diminui muito o público apto para fazer os ETFs decolarem.
O segundo motivo está ligado ao canal de distribuição e à usabilidade. Para o professor da FGV, o fato de os ETFs serem operados na bolsa via homebroker de uma corretora ainda é visto como um obstáculo para o pequeno investidor brasileiro, acostumado com a poupança e os fundos sugeridos pelo gerente do banco. Mas Eid acredita que essa visão, aos poucos, tem mudado, com a queda de juros. Em 12 meses, o número de pessoas que compraram cotas de ETFs subiu 32%.
"Ninguém quer ter trabalho. Para avançar, tem de ser fácil e simples", resume Eid. Por isso ele acredita que o gestor do novo ETF deve ser alguma instituição conhecida dos brasileiros para agir justamente nessa frente. No páreo estão Caixa, Itaú, Banco do Brasil e a asset BlackRock, que já possuem ETFs de renda variável no mercado.
O desenvolvimento dos ETFs também esbarra numa indústria em que reinam os produtos financeiros que incentivam o vendedor, oferecidos sobretudo por bancos, aponta Felipe Sotto-Maior, presidente da Vérios. "Nosso mercado financeiro é estruturado na lógica de venda de produto e remuneração em cima dessa venda, o chamado rebate. Então o gerente do banco ou os agentes autônomos recebem pelo aconselhamento do cliente, mas quem remunera não é ele, mas sim o produto que ele compra", explica. Como os ETFs não têm essa vantagem, eles acabam desprestigiados.
Para Luciano Tavares, fundador da Magnetis, o lançamento do ETF de renda fixa vai destravar essa categoria e complementar a prateleira de produtos, especialmente para quem gosta da garantia dessa classe. "É uma tendência mundial, e o mesmo deve acontecer aqui. À medida que chega um novo produto como esse, aumentam os investidores na bolsa e, no caso da renda fixa, complementam os outros produtos, como o Tesouro fez com os fundos em 2002."
 

Número de investidores na bolsa é 7% maior do que em 2017, aponta pesquisa

Muitos buscam viver de dividendos, com investimentos focados no longo prazo

Muitos buscam viver de dividendos, com investimentos focados no longo prazo


/NELSON ALMEIDA/AFP/JC
A bolsa de valores de São Paulo, B3, encerrou abril com 663.270 investidores pessoas físicas cadastrados, uma alta de mais de 7% em relação a dezembro de 2017, quando o número era de 619.625. A retomada de pessoas colocando suas economias na bolsa, depois de anos sem crescimento expressivo, mostra a confiança das pessoas na retomada econômica e também o aumento no conhecimento sobre o mercado de capitais. Entre as várias estratégias utilizadas pelos novos investidores, muitos buscam viver de dividendos, com investimentos focados no longo prazo e em companhias sólidas, que conseguem passar bem pelas crises constantes no País.
"A estratégia de investir com foco em longo prazo e em empresas sólidas e que pagam bons dividendos é a mais acertada para novos investidores", diz Tiago Reis, sócio e CEO da Suno Research, casa de análise de investimentos com foco em vender relatórios de informações para pessoas físicas.
Como as empresas lucrativas pagam dividendos periodicamente, quando o investidor reaplica esse provento, consegue o efeito dos juros compostos, já que, da próxima vez que essa empresa distribuir seu lucro, ele receberá o correspondente ao seu capital inicial mais o que reaplicou. É o famoso efeito "bola de neve", que ajuda a aumentar o capital de quem coloca dinheiro na bolsa de valores.
Entre as pessoas físicas, 151.189 são mulheres, ou 22,09% do total, enquanto os outros 512.081, ou 74,81%, são homens. Além dos investidores pessoas físicas, outras 21.236 pessoas jurídicas, como fundos de investimento, também trabalham na B3, representando 3,10% do total.
A faixa etária com mais pessoas investindo está entre os 36 e 45 anos, 175.162 CPFs cadastrados na bolsa, seguida pela faixa de 26 a 35, com 133.356 pessoas, e por 46 a 55, com 122.038 pessoas. Por outro lado, a faixa etária que mais concentra valores é a de pessoas que passaram dos 66 anos, que acumulam uma soma de R$ 88,64 bilhões; seguida pela faixa etária de 56 a 65, com R$ 41,48 bilhões; e pela de 46 a 55, com R$ 34,35 bilhões.
O total de valor possuído por pessoas físicas na bolsa é R$ 195,50 bilhões, sendo que R$ 147,57 são de homens e R$ 47,92 bilhões, de mulheres; o que mostra que, per capta, as mulheres possuem um valor maior do que os homens. Entre os estados, o que tem mais investidores é São Paulo, com 282.509 pessoas, seguido pelo Rio de Janeiro, com 103.147. Minas Gerais completa o pódio, com 52.663 CPFs investindo na bolsa de valores.
 

Investidores brasileiros buscam visto de residência nos Estados Unidos


OTA_PHOTOS VIA VISUALHUNT /DIVULGAÇÃO/JC
O governo dos Estados Unidos pode dobrar o valor do investimento para empresários que queriam residir no país, por meio do programa de vistos para investidores. Por isso, consultores e advogados avaliam que houve um aumento na quantidade de pedidos de visto para residência nos Estados Unidos, apresentados por brasileiros com perfil empresarial, junto ao Departamento de Imigração norte-americano.

A mudança sobre o valor de investimento faz parte de um projeto de lei que será analisado pelo Congresso em setembro, para rever o Programa EB-5 (nome técnico do visto de investidores). O visto concede autorização de residência permanente para investidores (Green Card). Se a alteração for aprovada, o investimento poderá passar de
US$ 500 mil para algo entre
US$ 925 mil e US$ 1,3 milhão.

O projeto para dobrar o valor do investimento para o visto de residência permanente de investidores nos Estados Unidos vem ocasionando aumento de aplicações por brasileiros. A previsão desse salto no valor a ser investido é o principal motivo para o aumento da procura, segundo especialistas. Mas, além do preço mais alto, podem ser votadas ainda mudanças significativas no formato atual dos projetos de investimentos que possibilitam a residência permanente nos Estados Unidos.
O economista e consultor Carlo Barbieri, que atua há 15 anos na área de internacionalização de investimentos no país, afirmou que tem observado um aumento substancial na quantidade de interessados brasileiros, bem como no volume de projetos em andamento.

Barbieri já preparou mais
de 400 projetos de investimento junto a parceiros nos Estados Unidos para esse tipo de visto. "Tenho acompanhado a moda do EB-5 chegar ao Brasil.
Uma década atrás, tínhamos menos de 15 centros regionais
e projetos insuficientes para usar toda a disponibilidade de vistos disponíveis. Hoje, são mais de 700 centros regionais e de mil projetos em andamento", explica.

Os centros regionais EB-5 são organizações público-privadas, credenciadas junto ao Serviço de Cidadania e Imigração Estados Unidos para supervisionar projetos ligados ao visto de investimento EB-5. Com o aumento da procura, o especialista avalia que é importante cuidar da elaboração dos projetos. "Uma proposta de EB-5 deve ser bem fundamentada e comprovar sua viabilidade não só no quesito investimento, mas também na geração de empregos e riqueza para os Estados Unidos", afirma.
Barbieri diz que a nova lei poderá adicionar critérios para aprovação, tornando-a mais complexa. Para ele, é importante encontrar respostas para questões que darão segurança ao projeto, minimizando riscos. "Há muitas empresas no mercado que não são idôneas e fazem promessas milagrosas", alerta. E complementa: somente ter o dinheiro para investir "não é garantia de aprovação".
O consultor afirma que algumas perguntas devem ser respondidas com clareza para elaborar uma proposta sólida: "Os dirigentes do projeto têm experiência no ramo do negócio? A empresa tem um histórico que dê segurança quanto ao futuro? Qual o espaço de crescimento para o ramo de atividade do empreendimento? Quais os riscos desse produto ou quais as perspectivas de longo prazo para o projeto?".
Ele enfatiza que é essencial que o empreendimento proposto tenha reais condições de geração de emprego e viabilidade econômica e financeira.
O programa de vistos EB-5 dá acesso ao Green Card por meio de investimento. O investidor pode administrar um projeto ou escolher investir por meio de um centro regional autorizado. São qualificados para o programa empreendimentos nas áreas varejo, manufatura, alimentação, tecnologia, agricultura, lojas construtoras e hotéis.

O advogado brasileiro André Linhares, que atua na área de imigração nos Estados Unidos, observa um aumento na procura pelo visto. Segundo ele, muita gente que planejava dar entrada resolveu se antecipar por causa da expectativa de mudança de valores. "Alguns investidores que já tinham o valor em vigor de
US$ 500 mil, têm se apressado para aplicar. O custo aumenta muito, com o dólar em alta, se este valor subir para
US$ 1 milhão", disse.

O advogado também explica que os centros regionais são opções muito procuradas por brasileiros. "De maneira bem simplificada, o centro regional funciona como uma espécie de banco, que aglutina os recursos para empreendimentos, de forma que depois o valor investido é retornado ao investidor", explica.

Linhares conta ainda que o setor hoteleiro tem utilizado bastante financiamento por meio de centros regionais de investidores candidatos ao Green Card. "Muitos deles financiam a construção de hotéis e resorts. Várias redes internacionais conhecidas têm buscado investimentos de aplicantes de
EB-5, via centros regionais", destaca.

A brasileira Paola Tucanduva, o marido dela e os dois filhos do casal deram entrada no EB-5 em dezembro de 2015. No Brasil, o casal era proprietário de lavanderias industriais em São Paulo e na Bahia. Ela conta que, juntos, decidiram aplicar para a residência permanente nos Estados Unidos como investidores. Na época, o filho mais velho já estava no país com visto de estudante e cursava o Ensino Médio.
"Começamos a pensar que seria uma possibilidade para nossos filhos fazerem faculdade nos Estados Unidos", disse. Ela conta que a escolha foi investir em um Green Card através de um centro regional, como investidores, após vender empresas no Brasil.
Em dezembro de 2017, o processo foi aprovado, e eles se mudaram para a Flórida em janeiro deste ano. Nos Estados Unidos, Paola trabalha como coach (consultora) para empreendedores, e atende via internet clientes no Brasil e nos Estados Unidos. O filho mais velho já está na faculdade, e a caçula vai começar o Ensino Médio em agosto. Ela diz que, já na época em que aplicou, havia rumores de que o visto dobraria de valor. "Naquele tempo, diziam isso; mas, na verdade. ainda não aconteceu."