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Clima

- Publicada em 17 de Janeiro de 2022 às 20:02

Rebanhos sofrem com efeitos da estiagem nos pastos

Medidas buscam dar fôlego aos produtores de alimentos para que mantenham na atividade

Medidas buscam dar fôlego aos produtores de alimentos para que mantenham na atividade


Instituto desenvolve pecuária/Divulgação/JC
Não é apenas nas lavouras de milho, soja e arroz que a estiagem tem causado prejuízos no Rio Grande do Sul. Com o pasto seco, os pecuaristas gaúchos estão buscando alternativas que sustentem os seus rebanhos neste verão de temperaturas chegando a 40º no Estado. Janeiro começou abrasador e a tendência é que as temperaturas continuem elevadas e a chuva escassa.
Não é apenas nas lavouras de milho, soja e arroz que a estiagem tem causado prejuízos no Rio Grande do Sul. Com o pasto seco, os pecuaristas gaúchos estão buscando alternativas que sustentem os seus rebanhos neste verão de temperaturas chegando a 40º no Estado. Janeiro começou abrasador e a tendência é que as temperaturas continuem elevadas e a chuva escassa.
A preocupação com a falta de água está presente na lida diária nas propriedades pelo interior gaúcho, seja com a perda de peso dos animais, a má qualidade da prenhez das fêmeas e do desmame precoce dos terneiros, mas também causam alertas a condição nutricional dos animais, além da possibilidade iminente de faltar água para o consumo dos bichos.
A época de primavera e verão é onde há melhor crescimento dos pastos, maior qualidade da forragem e um bom desenvolvimento dos animais. As vacas entram em período de parto no início da primavera e depois são colocadas em reprodução, tanto na inseminação artificial quanto na monta natural, relata o diretor da Associação Brasileira de Angus e produtor rural, Márcio Sudati.
Se, neste período, acontece uma temporada prolongada de estiagem como a que o Rio Grande do Sul passa atualmente, o resultado do campo seco é uma alimentação escassa. "Estamos lidando com a perda de peso dos animais, a diarreia em terneiro por conta da água suja, a falta de forragem de qualidade, e tudo isso atrapalha a produção e o desenvolvimento dos terneiros", afirma.
O Instituto Desenvolve Pecuária fez um levantamento entre os seus 240 associados que relataram situação parecida à descrita pelo Sudati. "A falta de proteína, as pastagens de verão já em processo de queima, a falta de água e mais a perda expressiva do milho e da soja completam o cenário ruim", retrata o presidente da Comissão de Relacionamentos Institucionais e Comerciais da entidade, João Gaspar de Almeida.
Unir as invernadas e não distinguir as categorias têm sido ação básica de manejo para um melhor cuidado. Contudo, sem condições nutricionais das vacas, os pecuaristas estão sendo obrigados a fazer o desmame precoce dos bezerros. Deste modo, um terneiro que mamaria até um peso aproximado de 180 quilos a 200 quilos tem sido desmamado com um peso aproximado de 120 quilos a 140 quilos. O processo de engorda, que normalmente leva em torno de 24 meses para o gado de corte, pode sofrer atraso e prejuízo no ganho de peso, corrobora Almeida.
Os impactos no gado de corte são preocupantes, mas não tão graves quanto está sendo para o gado leiteiro. "A estiagem eleva consideravelmente o preço da produção do litro porque você não tem uma pastagem adequada", explica o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), Marcos Tang. A produção de silagem representa 70% do que é consumido pela vaca, o restante é suplementação. E está escassa nas propriedades dos produtores. Nem nas dos vizinhos e está cada vez mais longe para mandar buscar, relata Tang.
A alimentação impactando no resultado da produção e no processo reprodutivo do rebanho leiteiro são fatores que devem gerar impactos a longo prazo para o setor leiteiro. "O ideal é repor 20% do rebanho anualmente para manter a produção", explica o dirigente, que relata a janela de 24 meses para que um terneiro comece a produzir leite relata Tang.

Estiagens recorrentes pedem soluções a longo prazo

A média de chuvas no Rio Grande do Sul para o período atual está em torno de 1800 milímetros anuais, contudo, nos últimos anos, existem regiões registrando um volume de 1000 mm a 1100 mm por ano, abaixo do esperado, explica o diretor e coordenador da Comissão do Meio Ambiente da Farsul, Domingos Antônio Lopes. "O cenário é muito preocupante. Cada dia que passa aumenta o prejuízo do produtor, problemas graves nas lavouras de milho e de soja e gravíssimo na pecuária leiteira", lamenta.
Lopes relata que a situação é complicada porque as entidades não veem uma solução a curto prazo, e que por isso, vêm alinhando, com o governo estadual e com os parlamentares gaúchos, através de audiências públicas, medidas que possam ajudar nos momentos de crise. Ações de longo prazo, como a de preservação de água nas propriedades, esbarram na legislação federal que prevê a interferência em área de preservação permanente somente nos casos de interesse social, utilidade pública ou impacto ambiental. "A ideia é que a irrigação se torne algo de interesse social ou de utilidade pública. Reservar água a nível de propriedade levará a uma perda ambiental no curto prazo, mas a médio prazo, trará ganho de fauna e de flora."