A primeira rodada de negociação de preço para o tabaco da safra 2021/2022 terminou de maneira frustrante para os fumicultores e seus representantes. Sete empresas fumageiras foram recebidas, de maneira individual, na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), em Santa Cruz do Sul. Os encontros, porém, não saíram como o esperado pelos produtores.
Neste ano, um movimento promovido pela Afubra tinha por objetivo acabar com uma divergência histórica: o levantamento dos custos de produção foi realizado conjuntamente pelos produtores e pelas empresas, com a missão de acabar com as discordâncias nos cálculos dos custos que travaram as negociações nos anos anteriores.
Essa questão, porém, não foi o único empecilho. O principal entrave foi o pedido de reajuste, por parte dos produtores, de 10% no preço do fumo, além do acréscimo da alta de custos. “Esse acréscimo de 10% seria para dar sustentabilidade ao setor, visto que a tabela do tabaco está defasada e vem sendo reajustada abaixo dos custos pelo menos nos últimos cinco anos, representa as perdas que tivemos nas últimas safras” relata o tesoureiro da Afubra, Marcilio Drescher.
Apesar do custo de produção ter sido apurado de forma conjunta entre as entidades e por cada fumageira, a negociação parou, novamente, num impasse. Apenas uma empresa apresentou proposta de reajuste acima do custo de produção apurado. Uma não apresentou proposta e as demais não atingiram nem o percentual do custo de produção. “Isso causa uma grande frustração e insatisfação. Foi realizado todo um trabalho em conjunto de apuração do custo de produção para, na hora da negociação, a proposta não atingir nem esse percentual, ou não considerar uma rentabilidade para o fumicultor. Isso é inadmissível”, falam os representantes dos fumicultores.
Na segunda quinzena de janeira, uma nova rodada de reuniões deve ser realizada entre fumageiras e produtores para que se possa chegar a um acordo. Enquanto isso, as empresas devem praticar o preço da última safra e, caso se chegue a um acordo para reajuste, o valor já pago será complementado aos produtores posteriormente.
Neste ano, houve redução de cerca de 10% da área plantada do tabaco e ainda existe a possibilidade de quebra de safra, segundo Drescher, o que traria menos disponibilidade do produto no mercado. Uma possível menor oferta pode abrir espaço de barganha para os produtores nas negociações que seguirão em 2022.