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Conjuntura

- Publicada em 12 de Maio de 2021 às 08:19

Fumo e carnes puxam alta de 8,4% nas exportações do agronegócio no RS

Indústria do tabaco embarcou mais de US$ 77,2 milhões entre janeiro e março, alta de 27,4%

Indústria do tabaco embarcou mais de US$ 77,2 milhões entre janeiro e março, alta de 27,4%


AFUBRA/DIVULGAÇÃO/JC
Após um ano afetado pela estiagem e pela pandemia do coronavírus, as exportações do agronegócio gaúcho iniciaram 2021 em alta. Entre janeiro e março, as vendas totalizaram US$ 2 bilhões, aumento de 8,4% em valor (US$ 154,1 milhões) na comparação com o mesmo período de 2020, segundo estudo do Departamento de Economia e Estatística (DEE), da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
Após um ano afetado pela estiagem e pela pandemia do coronavírus, as exportações do agronegócio gaúcho iniciaram 2021 em alta. Entre janeiro e março, as vendas totalizaram US$ 2 bilhões, aumento de 8,4% em valor (US$ 154,1 milhões) na comparação com o mesmo período de 2020, segundo estudo do Departamento de Economia e Estatística (DEE), da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
O boletim Indicadores do Agronegócio do RS contempla também dados sobre o emprego formal no campo nos três primeiros meses do ano. Os principais responsáveis pela recuperação foram os setores de fumo (mais US$ 77,2 milhões; +27,4%), carnes (mais US$ 59,8 milhões; +13,1%) e de cereais, farinhas e preparações (mais US$ 42 milhões; +20,9%). Entre os cinco maiores exportadores do agronegócio do Rio Grande do Sul, o segmento de produtos florestais também apresentou alta nas vendas no período (mais US$ 12,2 milhões; +5,6%).
O destaque negativo do primeiro trimestre de 2021 ficou por conta do complexo soja, com uma redução absoluta de US$ 80,9 milhões na comercialização, queda de 21,9% na comparação com o ano anterior.
O setor de carnes, em termos absolutos, foi o mais representativo nas exportações de janeiro a março, com um total de US$ 515,2 milhões. O incremento nas vendas de carne suína (mais US$ 39,6 milhões; +30,9%) foi o principal destaque do período e mantém a trajetória de alta iniciada ainda no primeiro trimestre de 2019, momento em que a China passou a importar um maior volume devido ao surto de Peste Suína Africana em seu território.
O segmento de fumo e seus produtos teve o melhor desempenho nas exportações para um primeiro trimestre em toda a série histórica, iniciada em 1997, com um total de US$ 359 milhões em vendas e destaque para o fumo não manufaturado (mais US$ 73 milhões; +28,5%). Conforme o boletim, o resultado histórico está relacionado com o alongamento da janela de processamento no último ano em razão da pandemia, visto que, tradicionalmente, os três primeiros meses apresentam volumes menores que os demais períodos do ano.
No setor de cereais, farinhas e preparações, o aumento nas exportações de trigo (mais US$ 64,7 milhões; +114,7%) auxiliou o segmento a atingir um total de US$ 243,3 milhões em vendas para o exterior. "A alta nos preços internacionais e a desvalorização do real frente ao dólar melhorou a competitividade do produto gaúcho no mercado externo", explica o pesquisador Sérgio Leusin Jr.
No complexo soja, enquanto o período de colheita da próxima safra não chega, a redução nas vendas é justificada pela falta de produto para exportação. Com a menor disponibilidade da oleaginosa em função da estiagem de 2020 e a alta na demanda pelo grão no ano passado, os estoques foram afetados. Assim, as exportações no primeiro trimestre no setor alcançaram US$ 288,0 milhões contra US$ 368 milhões nos primeiros três meses do ano passado.
Tradicional período de contratação de mão de obra no campo, o primeiro trimestre em 2021 atingiu o maior saldo positivo na geração de empregos formais desde o início da série histórica, iniciada em 2007. A diferença entre admissões e demissões no setor ficou positiva em 26.504 empregos com carteira assinada, número superior aos 25.278 de 2019, melhor resultado até então, e aos 19.229 registrados em 2020.
Além da recuperação da safra, o desempenho do segmento conhecido como "depois da porteira", formado especialmente por atividades agroindustriais, foi o principal responsável pelo número positivo, com destaque para a indústria do fumo (+8.839 postos), comércio atacadista (+5.739 postos) e a moagem e fabricação de amiláceos (+2.381 postos).
 "Na indústria fumageira, as contratações temporárias são características do primeiro trimestre, com pico em março. A alta na produção gaúcha de fumo contribuiu para esse aumento na demanda por mão de obra na indústria de processamento", ressalta o pesquisador Rodrigo Feix.
Para as exportações, o estudo do DEE/SPGG indica que a expectativa é de safra recorde de soja para o Rio Grande do Sul. Combinada com a alta nas cotações internacionais e a taxa de câmbio desvalorizada, a projeção é para um aumento nas exportações, especialmente no segundo semestre. A manutenção nas vendas de carne suína para a China também é esperada. O desafio para os produtores gaúchos fica por conta dos custos de produção, já que os preços dos principais insumos agrícolas estão em alta.
Quanto ao emprego formal, o documento indica que a "desmobilização de trabalhadores tende a ser acentuada no segundo e no terceiro trimestres", puxada pelas dispensas nos setores de lavouras permanentes e da indústria de fumo.
Outros dados do estudo
  • Entre os principais destinos das exportações, a China segue em primeiro lugar (23,7% do total), mas foi a União Europeia a responsável pelo avanço mais significativo do período.
  • Com um crescimento absoluto de US$ 114,6 milhões em valor (+40,5%), fruto da alta nas compras de farelo de soja e fumo não manufaturado, a UE se aproximou da China na ponta do ranking, sendo responsável por 19,9% do total vendido pelo Rio Grande do Sul. Arábia Saudita (+34,9%), Estados Unidos (-2,7%) e Coreia do Sul (+5,8%) completam a lista dos cinco maiores compradores do agronegócio gaúcho.
  • O estudo destaca ainda o número recorde de vínculos com carteira assinada na indústria de abate e fabricação de carnes, que em março tinha um estoque de 67.695 vínculos ativos, o maior número da série histórica com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), produzido pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
  • No segmento "dentro da porteira", de atividades agrícolas, o resultado das lavouras permanentes, puxado pelas atividades de colheita da maçã, foi o principal destaque do primeiro trimestre (+4.275 postos). No segmento conhecido como "antes da porteira", a fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (+1.918 postos) também apresentou saldo positivo.
    Fonte: DEE/SPGG

Indústria vê possibilidade de expansão, mas produtor reforça aposta nos grãos

Associação dos fumicultores investiu R$ 22 milhões em nova área de estoque para soja e milho

Associação dos fumicultores investiu R$ 22 milhões em nova área de estoque para soja e milho


AFUBRA/DIVULGAÇÃO/JC
Os embarques de fumo quase 30% superiores neste primeiro trimestre de 2021 são fruto basicamente de questões logísticas relativas a 2020 e 2019, de acordo com Iro Schünke, presidente do SindiTabaco.
“A China não embarcou um quilo sequer no primeiro trimestre de 2020, já que em 2019 conseguiu carregar tudo o que comprou. O primeiro trimestre é sempre reflexo de vendas feitas no ano anterior. Agora, foram US$ 103 milhões, em 22 mil toneladas entre janeiro e março, compradas em 2020 mas não carregadas no ano passado”, explica o presidente do Sinditabaco.
Ainda que o incremento dos números não representem a realidade do mercado em temos de negócios, que estão estáveis nos últimos anos em torno de 500 mil toneladas exportadas, para 2021 há perspectiva de que se possa crescer de 2% a 6% em volume e, em dólares, de 6% a 10%.
A atual safra começa a ser embarcar com maior força no segundo semestre, a partir de agosto, e a China já sinalizou intenção de importar 10% a mais do Brasil, diz Schünke, a partir de pesquisa feita entre associados pela consultoria Delloite.
Com a estabilidade do mercado e estoques e demandas mundiais também equilibradas, diz o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, a recomendação para esta safra é que os agricultores não aumentem a área. A entidade recomenda que o foco seja ampliar a produção de grãos.
“Os estoques internacionais estão em um nível de paridade com a necessidade de consumo e mesmo a África e seus principais países exportadores vem mantendo o mesmo espaço dedicado a cultura. o que sinaliza que também estimam um mercado mais estável para os próximos meses”, analisa Werner.
A Afubra vem inclusive investindo para que o produtor de tabaco dependa cada vez menos da cultura e investiu mais de R$ 20 milhões para inaugurar, em março, uma nova área de recebimento de grãos. Com capacidade 500 mil sacas, Werner diz que já se pensa em ampliá-la para o ciclo 2021/2022.
Os preços atuais do tabaco não estimulam ampliações de área ou permitem vislumbrar um mercado mais aquecido, lá fora ou no Brasil, onde o consumo vem caindo. Nos três estados do Sul foram colhidas na safra passada em torno de 610 mil toneladas. Já com queda em relação ao ciclo anterior (633 mil toneladas), de acordo com a Afubra. A área plantada também encolheu, de cerca de 290 mil hectares para próximo de 270 mil.