Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Agronegócio

- Publicada em 24 de Fevereiro de 2021 às 03:00

Na contramão da colheita farta, indústria esbarra na falta de peças

Linhas de produção têm dificuldades para escoar máquinas do pátio

Linhas de produção têm dificuldades para escoar máquinas do pátio


/ALEXANDRO AULER/arquivo/JC
A alta no preço dos grãos e a nova supersafra levou o país a registrar 10% de incremento nas vendas de máquinas agrícolas no ano passado, segundo o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers) - e com procura ainda crescente. Na contramão da demanda, fornecedores do setor têm dificuldades de atender a tantos pedidos. Faltam no mercado desde chapas de aço a parafusos, de acordo com fabricantes do setor. Com o bolso fortalecido pela valorização das commodities, semeando e colhendo uma área maior, os agricultores têm acelerado a compra de tratores, colheitadeiras e plantadeiras, por exemplo. Já empresas que atendem grandes fabricantes do setor amargam dificuldades para manter as linhas de produção na velocidade necessária.
A alta no preço dos grãos e a nova supersafra levou o país a registrar 10% de incremento nas vendas de máquinas agrícolas no ano passado, segundo o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers) - e com procura ainda crescente. Na contramão da demanda, fornecedores do setor têm dificuldades de atender a tantos pedidos. Faltam no mercado desde chapas de aço a parafusos, de acordo com fabricantes do setor. Com o bolso fortalecido pela valorização das commodities, semeando e colhendo uma área maior, os agricultores têm acelerado a compra de tratores, colheitadeiras e plantadeiras, por exemplo. Já empresas que atendem grandes fabricantes do setor amargam dificuldades para manter as linhas de produção na velocidade necessária.
João Streit, diretor-presidente da Screw, fornecedora de peças para máquinas e equipamentos agrícolas como hélices helicoidais, conta que a empresa vive o drama de não poder atender a todos os pedidos e no prazo. Streit relata que falta matéria-prima e que os atrasos se acumularam na cadeia de suprimentos enquanto as encomendas vivem um "boom".
A explosão de pedidos abarca desde peças para colheitadeiras e tratores a implementos, carreta graneleiras e plataformas de milho, entre outros.. O número de pedidos da Screw quase dobrou em janeiro em relação ao ano passado diz Streit. Em 2020, relembra o executivo, no início da pandemia, houve uma grande parada industrial, com estagnação de até 60 dias, em algumas atividades. Já o segmento agrícola foi retomando rapidamente as compras, gerando um grande descompasso no setor.
"Nós paramos 15 dias, mas o mercado em si ficou um bom tempo paralisado, a ponto de não estarmos conseguindo vencer, até hoje, a produção. Mesmo aumentando de 400 para 550 funcionários não colocamos tudo em dia", lamenta Streit.
A empresa avalia que apenas em março poderá normalizar os pedidos represados. Também suspendeu temporariamente o projeto de investimento na Europa. Próximo de fechar a compra de uma fabricante na Itália, a companhia, de Cachoeira do Sul, optou por frear o processo. "Recuamos porque não vimos o fim da pandemia. E foi bom até, porque teríamos problemas de comunicação, embarques e envio de pessoas para lá. Os projetos internacionais, tanto para Europa quanto para os Estados Unidos, ficarão para 2022", revela Streit. O executivo assegura que mesmo grandes montadoras estão tendo dificuldades em nível mundial, já que matérias-primas compradas nos Estados Unidos e Europa estão em falta. Com isso, muitas das máquinas encomendadas não serão entregues em pouco tempo. Já o agricultor segue pressionando e buscando pelo produto, porque tem nos bons preços uma maneira de comprar uma máquina nova e barata em 2021.
Também de Cachoeira do Sul e igualmente atuante no segmento, a Agro-Pertences teve acréscimo de mais de 50% nas encomendas e esbarra no recebimento de chapas de aço para manter os motores funcionando. Como as usinas não estão cumprindo prazos, os atrasos respingam em todos os lados, explica o diretor comercial Moacir Marzari.
"Fazemos uma previsão de 60 a 90 dias e na data marcada a entrega não chega. Aí temos que buscar alternativas emergenciais com custos elevados", conta Marzari. Até papelão para embalar as entregas seguem em uma cadeira de suprimentos irregular após quase um ano de pandemia, diz o diretor comercial da Agro-Pertences. A fabricante fornece para montadoras como AGCO, New Holland e Case IH.

Além da escassez de insumos, preço do aço e do frete disparou

A escassez de matéria-prima em meio a uma demanda crescente se soma, ainda, a custos elevados "absurdamente", diz Cláudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers). Bier exemplifica as dificuldades do setor com o preço da chapa de aço saltando de R$ 4,5 o quilo no começo de 2020 para até mais de R$ 9,00 atualmente.
"Falta especialmente aços planos e especais. O pouco que vinha da China não está chegando. Os fretes de lá para cá passou de US$ 1 mil o contêiner para US$ 10 mil. E onde falta uma peça a máquina não pode sair da fábrica", destaca . Bier conta que na sua empresa tem mais de 50 máquinas quase prontas para entrega, que não podem ser finalizadas. Com encomendas paradas, ressalta o empresário, o dinheiro também não entra no caixa e afeta o capital de giro das empresas. "Esperava que até março tudo se normalizasse, mas temos uma nova onda e indústrias que vão ter de parar no turno da noite. No mínimo vamos até o final do semestre com problemas."