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Agronegócio

- Publicada em 29 de Dezembro de 2020 às 21:14

O agronegócio em 2020 em 10 fatos marcantes

Apesar da pandemia, produção rural teve mais ganhos do que perdas

Apesar da pandemia, produção rural teve mais ganhos do que perdas


EMATER/DIVULGAÇÃO/JC
O agronegócio representa diretamente cerca de 10% do PIB do Rio Grande do Sul, mas cada R$ 1 investido no campo se converte em outros R$ 4, de acordo com a Federação da Agricultura do Estado (Farsul). O setor é a base, por exemplo, de toda a indústria de alimentação.
O agronegócio representa diretamente cerca de 10% do PIB do Rio Grande do Sul, mas cada R$ 1 investido no campo se converte em outros R$ 4, de acordo com a Federação da Agricultura do Estado (Farsul). O setor é a base, por exemplo, de toda a indústria de alimentação.
Por isso cada solavanco que ameaça a produção agropecuária põem em risco a riqueza do Estado como um todo, especialmente a dos municípios do Interior. Assim como os ganhos alimentam as economias locais e os cofres públicos. Se pensarmos sobre como foi a atividade primária em 2020, apesar de um ano de imensos danos com a pandemia, a produção rural teve mais ganhos do que perdas.
Veja aqui alguns dos principais fatos que marcaram a atividade neste ano e como isso afetou, positiva ou negativamente, a agropecuária gaúcha ao longo de 12 meses.

Prejuízos com a estiagem

Rio Grande do Sul perdeu cerca de 8 milhões de toneladas de grãos devido à falta de chuvas

Rio Grande do Sul perdeu cerca de 8 milhões de toneladas de grãos devido à falta de chuvas


/FETAG-RS/DIVULGAÇÃO/JC
Com duas estiagens em sequência, o Rio Grande do Sul perdeu cerca de 8 milhões de toneladas de grãos na safra 2019/2020, de acordo com a Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Os danos foram generalizados: dos 497 municípios gaúchos, 394 foram tiveram danos e registros de emergência, acordo com a Defesa Civil. No ciclo atual, 2020/2021, o déficit hídrico começou em outubro e chegou a colocar mais de cem cidades em emergência.
Rogério Mazzardo, gerente de Planejamento da Emater, avalia que as primeiras lavouras da região Nordeste, por exemplo, houve quebras de 70% no milho neste ano. Precipitações em algumas regiões em dezembro, no entanto, melhoraram um pouco o cenário árido e os produtores aceleraram as máquinas neste final de ano para replantar o milho e finalizar a soja, que tem janela limite recomendado para plantio até 31 de dezembro. O milho ainda pode ser semeado ao longo de janeiro e reduzir os prejuízos, diz Mazzardo.

A valorização dos grãos

Arroz teve alta nos preços de mais de 100% em um ano

Arroz teve alta nos preços de mais de 100% em um ano


FAGNER ALMEIDA/DIVULGAÇÃO/JC
Não fossem a alta generalizada nos preços do milho, da soja e do arroz, de até mais de 100%, o Rio Grande do Sul viveria uma crise ainda maior com a estiagem. Como o Estado tem sua economia baseada em boa parte no agronegócio, que pulveriza seus resultados por todos os setores, o baque nos cofres públicos e no bolso dos agricultores seria fortemente sentido por todos.
Em um ano desde o final de 2019, de acordo com a Emater, o preço pago pelo arroz subiu 105%; no milho, a alta foi de 94%; e na soja, de 65%. A alta do dólar e a demanda internacional pelo grão foram determinantes para a alta. Por outro lado, vale destacar, o câmbio também encarece custos de produção, já que boa parte dos insumos é importada. E apenas a menor parte da safra foi vendida nos níveis atuais e preço.

Carnes com demanda aquecida

Apetite mundial fez subir os preços no mercado interno e externo

Apetite mundial fez subir os preços no mercado interno e externo


CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
Suínos, aves e bovinos do Brasil foram demandados como nunca pelo mundo. A China e outros países da Ásia, compraram ao longo do ano quantidades cada vez maiores de carnes por aqui para suprir a falta dos milhares de suíno asiático abatidos devido a peste suína africana. E outros mercados, como o árabe, também buscaram aqui proteínas em maior volume, inclusive terneiros vivos para terminação.
A produção nacional de frango, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), deve encerrar o ano com alta de 4,2% sobre as 13,25 milhões de toneladas de 2019. Nos suínos, resultado ainda melhor: 4,3 milhões de toneladas, 8% a mais do que 2019, e superando nas exportações, pela primeira vez, a casa de 1 milhão de toneladas, ante 750 mil toneladas de 2019. Na carne bovina, de acordo com a Abrafrigo a previsão é de alta de aproximadamente 15% nas receitas neste ano nas exportações.

Em busca de novo status sanitário

RS foi autorizado a retirar a vacina contra a febre aftosa

RS foi autorizado a retirar a vacina contra a febre aftosa


FERNANDO DIAS/SECRETARIA DE AGRICULTURA RS/DIVULGAÇÃO/JC
O Rio Grande do Sul foi autorizado a retirar a vacina contra febre aftosa em seu território depois fazer mais de 100 melhorias apontadas pelo Ministério da Agricultura como necessárias em processos de controles de sanidade animal, fiscalização e inspetorias veterinárias. A meta é obter na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em maio de 2021, o novo status de zona livre sem vacinação. A partir daí, o Estado pode abocanhar novos e maiores mercados internacionais para carnes suína e bovina.
A união de esforços entre polícias, exército e servidores ligados à secretaria de Agricultura ampliou a capacidade de trabalho na área de fronteira monitorada, por exemplo. Também se está agregando mais 150 auxiliares administrativos terceirizados para reforço nas inspetorias no Interior e uma centena de veículos está sendo comprada para reforçar a frota de fiscalização, monitoramento e controles de animais no Estado. O que se soma a investimentos feitos em tecnologia, estruturas físicas, treinamentos e integrações de informações, como das áreas de segurança pública e cadastro rural.

Mais recursos com a MP do Agro

Modernização das regras financeiras trazem novo horizonte ao setor

Modernização das regras financeiras trazem novo horizonte ao setor


ROBISPIERRE GIULIANI/DIVULGAÇÃO/JC
A promulgação da Lei 13.986/2020 em abril, a chamada MP do Agro, é uma das conquistas celebradas pelo setor no ano. A nova lei moderniza a política agrícola brasileira e tende a ampliar o mercado de crédito privado para o setor. O governo federal chegou a projetar que a entrada em vigor da nova lei injetará R$ 5 bilhões em crédito no agronegócio, com potencial para estimular a redução de juros e aproxima o setor do grande mercado financeiro, nacional e internacional.
A lista de novidades agregadas pela lei é grande, como o Fundo Garantidor Solidário (FGS), Patrimônio de Afetação, Cédula do Produto Rural (CPR), Fundo de Aval Fraterno (FAF) e possibilidades amplas para o setor privado e investidores estrangeiros atuarem mais fortemente no setor. O Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), por exemplo, deve se tornar fonte de captação de recursos no Exterior. O aumento da competição no mercado de crédito rural é a grande aposta do setor para reduzir custos financeiros e a necessidade dos imprevisíveis recursos públicos, que mudam a cada novo Plano Safra.

Seguro aumenta presença no campo

Estiagem levou mais produtores a adotarem o serviço

Estiagem levou mais produtores a adotarem o serviço


FECOAGRO/DIVULGAÇÃO/JC
Por imposição das perdas causadas pela falta de chuva, não apenas na Região Sul mas também no Centro Oeste (e com quase R$ 1 bilhão de recursos federais para subvenções), o seguro agrícola avançou significativamente no campo. O valor da subvenção mais do que dobrou ante os R$ 400 milhões do ciclo passado, o que deu segurança para o produtor buscar a cobertura financeira e investir para reduzir prejuízos em caso de perdas (especialmente climáticas) nas lavouras.

Gafanhotos tomam a cena

Condições climáticas favoreceram à proliferação dos insetos

Condições climáticas favoreceram à proliferação dos insetos


Arnaldo Tonelotto Júnior/Divulgação/JC
Primeiro, entre junho e julho, eles ameaçaram entrar pela Argentina e pelo Paraguai, causando apreensão de produtores de grãos, frutas e hortaliças do Sul ao Centro-Oeste. As nuvens gigantescas e famintas compostas pela temida espécie Schistocerca cancellata, que avançou para próximo da Fronteira Oeste do Estado após fazer estragos na Argentina, não chegaram por aqui. No Noroeste gaúcho, igualmente favorecidos pelo clima seco, o que se verificou foram os as infestações de uma espécie nativa, menos voraz e que preferem folhas de árvores.
 

Feiras do agronegócio em tempos de pandemia

Expointer híbrida teve como um dos destaques o drive thru da agricultura familiar

Expointer híbrida teve como um dos destaques o drive thru da agricultura familiar


LUIZA PRADO/JC
Após a Expodireto, em março, as feiras agropecuárias foram canceladas devido à Covid-19 em todo o Estado. A primeira foi a Expoagro Afubra, de Rio Pardo, na véspera de sua realização.
A retomada começou pela Expointer, em Esteio, que foi realizada de forma híbrida (entre presencial e digital) em outubro, ao invés de setembro. O evento contou com julgamentos e premiações, e a feira da agricultura familiar em modelo drive thru. No entanto, o sistema influenciou diversas feiras no interior, como em Pelotas, Bagé e Santana do Livramento.

Químicos na berlinda

Treinamentos para reduzir a deriva do 2,4-D movimentaram entidades e empresas

Treinamentos para reduzir a deriva do 2,4-D movimentaram entidades e empresas


SENAR/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de encaminhar em regime de urgência o PL 260/2020 para a Assembleia Legislativa, buscando flexibilizar a chamada Lei do Agrotóxicos no Estado sem debates nas comissões da casa, como de Justiça, Saúde e Meio Ambiente, o Palácio Piratini enfrentou críticas e voltou atrás. O ano também foi de denúncias e confirmações de deriva prejudicando pomares, depois de um 2019 onde os prejuízos também foram grandes devido ao uso incorreto especialmente do princípio ativo 2,4-D.
Até o dia 13 de novembro, a Secretaria da Agricultura contabilizou 83 denúncias. Mas também é fato que se o Estado avançou em houve treinamento e qualificação de agricultores e aplicadores. E, ao longo do ano, implantou 20 estações meteorológicas em diferentes do Estado para melhorar e ampliar o acesso a dados meteorológicos, fundamentais de se conhecer antes de programar uma aplicação de defensivos na lavoura. Com isso, mesmo aumentando as denúncias (de 123 em 2019 para 137 em 2020), o número de amostras em coletas feitas e que testara positivas para o 2,4-D caiu, de 135 para 101 no mesmo período.
 

Os frigoríficos e a Covid

Setor precisou adaptar processos produtivos após surtos nas indústrias

Setor precisou adaptar processos produtivos após surtos nas indústrias


JBS/DIVULGAÇÃO/JC
Um elevado número de contaminações de trabalhadores de frigoríficos também foi uma marca desta no para o agronegócio. O problema ocorreu nacionalmente, mas o Rio Grande do Sul, pela própria representatividade nacional no setor, foi um dos Estados com elevados registros, o que exigiu um olhar específico sobre o setor pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) e ações constantes do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Dos Termos de Ajustamentos de Conduta com cem plantas frigoríficas do Brasil, de 32 empresas, de acordo com o MPT, 28 foram no Rio Grande do Sul. De acordo com relatório publicado em dezembro pela SES, as maiores taxas de incidência de casos confirmados no Estado foram nas regiões de Passo Fundo, Lajeado e Caxias do Sul, onde há forte presença do setor e que concentram 71% dos surtos ocorridos em frigoríficos e laticínios, com 69 registros até 16 de dezembro, e 7.749 casos confirmados.