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Justiça

- Publicada em 05 de Junho de 2018 às 17:52

Lula desconhece compra de votos para Olimpíadas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, ontem, em depoimento à Justiça Federal, que desconhece qualquer iniciativa de compra de votos para que o Brasil fosse escolhido sede das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e criticou a onda de "denuncismo" existente no País.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, ontem, em depoimento à Justiça Federal, que desconhece qualquer iniciativa de compra de votos para que o Brasil fosse escolhido sede das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e criticou a onda de "denuncismo" existente no País.
"Só lamento que venha uma denúncia de compra de delegados oito anos depois (da vitória da campanha brasileira). Não sei quem fez a denúncia, e não me interessa saber. Estamos em um momento de denuncismo", afirmou o petista.
Mais cedo, Lula já havia sido alertado pelo juiz Marcelo Bretas de que o depoimento deveria ficar restrito ao processo em análise, na Operação Unfair Play. Ele fala como testemunha de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), no processo em que é acusado de participar de um esquema de compra de votos para que o Rio fosse escolhido sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A mesma ação penal levou à prisão o então presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman.
A defesa de Cabral tentou demonstrar com os questionamentos de Lula que havia um contexto favorável para a escolha do Brasil como sede dos Jogos Olímpicos para desqualificar a acusação do Ministério Público (MP), que aponta pagamento de US$ 2 milhões para conseguir votos de delegados africanos em favor do País.
Seguindo essa lógica, o ex-presidente foi questionado sobre as agendas que manteve para conseguir apoio para a candidatura brasileira, e, em tom bem-humorado, lembrou de reuniões na China, na Dinamarca e na Suíça.
Na China, Lula disse que foi para um jantar promovido pelo presidente Hu Jintao porque o ex-presidente dos Estados Unidos George Bush estava lá pedindo votos para a candidatura de Chicago, e, por isso, não poderia deixar de defender o Brasil.
Na Dinamarca, ele disse que foi a um jantar com a rainha daquele país porque sabia que a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michele Obama estava lá há uma semana fazendo campanha para Chicago. E disse que, como ela era "muito simpática", preferiu defender a candidatura nacional.
Lula negou, ainda, conhecer Arthur Soares, o Rei Arthur, apontado pelo MP como quem pagou a propina aos africanos em troca de votos. Mas reconheceu que se reuniu diversas vezes com Nuzmam para planejar estratégias em favor do Brasil.
Lula disse, também, que era natural os africanos apoiarem a candidatura brasileira pelo esforço feito para que o Brasil se aproximasse da África. Nesse sentido, ele citou as inúmeras embaixadas abertas durante o seu governo e outros mecanismos de cooperação que teriam sido fundamentais para garantir esse apoio quando o Brasil pediu.
De acordo com o ex-presidente, o Itamaraty também foi orientado para pedir apoio pelos mecanismos diplomáticos a todos os países que pudessem ajudar o Brasil com votos no Comitê Olímpico Internacional (COI).
 

'Usei boné e camiseta com seu nome', diz Marcelo Bretas

Ao final do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ontem, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, disse que já foi a comício do petista no Rio, vestindo boné e camiseta do então candidato à presidência, em 1989. O magistrado afirmou reconhecer a relevância política de Lula.
"Muito obrigado pela sua postura no depoimento. É relevante sua história para todos nós, para mim, inclusive, que, quando tinha 17, 18 anos, fui num comício na avenida Presidente Vargas, com 1 milhão de pessoas, e o País vivia outro momento", disse, arrancando risos do ex-presidente e dos presentes na audiência.
E completou: "Eu estava usando um boné e uma camiseta com seu nome", contou o juiz, admitindo ter sido fã do ex-presidente, que agora cumpre pena por corrupção, em Curitiba. Lula entrou no clima da brincadeira ao final do depoimento e disse que ia chamar Bretas para um futuro comício.
"Quando eu fizer um comício agora, eu vou lhe chamar para participar", disse o ex-presidente provocando risos nos demais presentes.

Defesa pede a liberdade do petista a cortes superiores

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso há quase dois meses, em Curitiba, entrou com novo pedido de liberdade no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A petição é para que as cortes suspendam os efeitos da condenação no caso do triplex no Guarujá até que julguem no mérito os recursos extraordinário (analisado no STF) e especial (do STJ).
Os recursos, contra a condenação que resultou na prisão de Lula, ainda precisam ser admitidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que, no início do mês, rejeitou a concessão de efeito suspensivo no caso.
"A matéria posta à apreciação do Supremo Tribunal clama pela concessão do efeito suspensivo, haja vista que o cumprimento provisório da decisão recorrida que, inquestionavelmente, viola um dos direitos mais basilares do requerente (e também de qualquer cidadão brasileiro) - seu direito à liberdade", afirma a petição ao Supremo, assinada, entre outros, pelo ex-ministro da corte e advogado de defesa de Lula, Sepúlveda Pertence, e Cristiano Zanin.
Segundo os advogados, como pré-candidato à presidência da República, Lula corre "sérios riscos" de ter seus "direitos políticos" indevidamente cerceados, o que é "gravíssimo e irreversível" frente ao processo eleitoral em curso.
A defesa do ex-presidente volta a reclamar de execução antecipada da pena de Lula, chamando-a de ilegal e inconstitucional. Para os advogados, ao autorizar a prisão após condenação em segunda instância, o STF não estabeleceu o encarceramento automático, o que teria ocorrido no caso do ex-presidente, de acordo com os advogados.