Depois de 88 dias de impasse, a Itália pôs fim à mais longa crise política nos 70 anos da atual república. A coalizão formada pelo populista Movimento 5 Estrelas (M5S, na sigla em italiano) e pelo partido de extrema direita Liga assumiu o poder na sexta-feira, com o desconhecido jurista Giuseppe Conte como primeiro-ministro. Ele terá a seu lado os líderes dos dois partidos que lhe dão sustentação: Luigi Di Maio como ministro do Trabalho e Matteo Salvini no Ministério do Interior, postos-chave do governo.
Uma primeira reunião foi realizada para fixar as prioridades do novo gabinete, formado por 18 ministros. À mesa, estavam nomes como o de Giovanni Tria, jurista próximo da extrema direita e escolhido para ser o novo ministro da Economia. Em uma primeira declaração, ele se esforçou para tranquilizar os mercados financeiros indicando que a coalizão não planeja a saída da Itália da zona do euro e da União Europeia: "Na Itália, nenhuma força política quer abandonar o euro".
A informação contrastou com as afirmações de Salvini, segundo o qual o novo governo vai procurar renegociar os tratados europeus - os acordos internacionais que estabelecem as regras de funcionamento do bloco. Para essa função o nome escolhido foi o de Paolo Savona, o mesmo economista de perfil eurocético cuja nomeação desencadeou a última crise política no país, com o veto imposto por Mattarella à coalizão.
Em Bruxelas, os líderes da União Europeia manifestaram satisfação pelo fim da crise política italiana, mesmo sabendo que terão no governo local um crítico ferrenho. Segundo Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, todos estão "prontos para trabalhar com o governo" e "enfrentar os numerosos desafios estratégicos", como o acolhimento de imigrantes e a reforma da zona do euro.