Comentar

Seu coment�rio est� sujeito a modera��o. N�o ser�o aceitos coment�rios com ofensas pessoais, bem como usar o espa�o para divulgar produtos, sites e servi�os. Para sua seguran�a ser�o bloqueados coment�rios com n�meros de telefone e e-mail.

500 caracteres restantes
Corrigir

Se voc� encontrou algum erro nesta not�cia, por favor preencha o formul�rio abaixo e clique em enviar. Este formul�rio destina-se somente � comunica��o de erros.

Porto Alegre, domingo, 03 de junho de 2018.
Dia Mundial do Administrador de Pessoal.

Jornal do Com�rcio

Economia

COMENTAR | CORRIGIR

Mercado de Capitais

Not�cia da edi��o impressa de 04/06/2018. Alterada em 03/06 �s 21h11min

Monteiro ter� que evitar inger�ncia na Petrobras

Ivan Monteiro esteve � frente de ajustes financeiros da companhia

Ivan Monteiro esteve � frente de ajustes financeiros da companhia


/Alan Santos/PR/DIVULGA��O/JC
A indicação de Ivan Monteiro como novo presidente da Petrobras foi bem recebida pelo mercado financeiro, mas investidores ainda não estão seguros de que a política de preços atual da estatal será mantida, apontam analistas e economistas. O maior temor de acionistas neste momento é que a empresa deixe de ter autonomia para definir o valor dos combustíveis em paridade com o preço praticado no exterior, uma das marcas da gestão anterior.
Após a notícia de que Pedro Parente havia renunciado, na sexta-feira, o nome de Monteiro já circulava e ganhava "torcida" entre investidores. Até então diretor financeiro da Petrobras, Monteiro esteve à frente de ajustes nas finanças da companhia nos últimos anos. É também nome conhecido no mercado financeiro: foi vice-presidente de gestão financeira e de relações com investidores do Banco do Brasil (BB), além de gerente executivo da diretoria internacional do banco.
"É uma pessoa já de trato longo com os analistas de mercados de capitais e que tem uma expressão positiva no cenário externo. O fato de ser uma solução doméstica certamente é positivo", diz Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais. "Por ter sido braço direito do Parente no equacionamento da dívida da Petrobras, traz certa segurança", afirma Otto Nagami, professor de economia do Insper.
André Perfeito, economista-chefe da Spinelli Corretora, também diz que as impressões no mercado são de que o nome de Monteiro é bom e transmite confiança. A dúvida que paira é se ele dará continuidade à política de preços, já que a pressão para mudar esse sistema levou à queda de Parente. "Pelo discurso do Planalto ontem (sexta-feira), foi dado esse aval (para manter a política), mas a queda de Parente é um fato destoante", diz Nagami.
Analistas ficaram desconfiados com a frase "não serei empecilho para que alternativas sejam discutidas" na carta de demissão de Parente. "Quando ele diz que não quer ser empecilho, dá um recado de que essas discussões estão na mesa", avalia Ana Carla Abrão Costa, economista e ex-secretária de Fazenda de Goiás.
Para a consultoria de risco Eurasia, a saída de Parente é um sinal claro de que o ex-presidente da estatal achava que o governo não conseguiria bancar de forma sustentada o subsídio prometido ao diesel, especialmente se considerada a pressão política por mais descontos. "A questão é menos Monteiro e mais como será a dinâmica da empresa. Não sei se existe muito espaço político para a Petrobras continuar com seu sistema de preços", diz Bandeira, da Modalmais.
Costa destaca que o recado das autoridades sobre o futuro da empresa não foi claro. "Teve uma preocupação de acalmar o mercado, colocando alguém com credibilidade, mas é ambíguo, porque o governo dá declarações populistas, de que vai segurar os preços", diz a economista, apontando que pode até não haver interferência direta, mas podem ser usadas "soluções criativas" de controle de preços.
O "fantasma" da ingerência do governo na Petrobras será um dos maiores desafios para Monteiro. "Ele vai ter que mostrar que não vai ceder às pressões do governo para sustentar preços em um nível muito baixo", diz Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S. Ele observa ainda que Monteiro terá que lidar com a escalada dos preços do petróleo no exterior e com a forte valorização do dólar ante o real (13,4% em 2018).
Segundo Nagami, Monteiro tem uma característica mais operacional, com "grande capacidade de negociar, mas para por aí". Em termos de estilo de gestão, diz, Parente "está anos-luz à frente", afirma.
Em comentário a clientes divulgado após a saída de Parente, a equipe de análise do Itaú apontou que, entre os desafios do novo presidente da Petrobras, estão executar o programa de venda de ativos iniciado na gestão anterior, dar continuidade ao programa de desalavancagem e gestão da dívida da estatal e assegurar que a atual política de preços seja mantida.
Na sexta-feira, o conselho de administração da Petrobras indicou Monteiro para assumir interinamente e, poucas horas depois, o presidente Michel Temer anunciou que o indicaria para o cargo em definitivo. Cabe agora ao conselho de administração da Petrobras aprovar a indicação do governo, mas ainda não há previsão de quando isso deve acontecer.
 

Novos subs�dios seriam o principal motivo que levou � demiss�o de Pedro Parente

A saída de Pedro Parente do comando da Petrobras foi motivada pela movimentação do Palácio do Planalto e de lideranças do Congresso para reduzir os preços da gasolina e do gás, depois do congelamento do preço do diesel, e pelo interesse do governo e de parlamentares nos R$ 100 bilhões do leilão dos barris de petróleo excedentes do pré-sal para bancar novos subsídios.
Parente sabia que a crise não estava no fim e sem solução à frente, apesar do pacote de medidas do governo para acalmar os caminhoneiros, que até agora já custou R$ 13,5 bilhões de recursos do Orçamento.
Além do diesel, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, passou a defender publicamente um "colchão" para amortecer os preços de outros combustíveis, como a gasolina, ao consumidor. Pré-candidato ao Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elegeu como prioridade subsidiar o preço do gás de cozinha.
O sinal de que governo buscava alternativas fiscais rápidas para bancar novas medidas - com o temor de que a greve terminasse num processo de convulsão social - ficou evidente para Parente nos últimos dias. Na quarta-feira, ele conversou com Maia por telefone. Uma semana antes, em meio à paralisação dos caminhoneiros, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) disse que entre Parente e os consumidores, ficaria com os últimos. No feriado de Corpus Christi, numa conversa reservada com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, em São Paulo, expôs as dificuldades e o caminho que seguiria. Era a prévia do que apresentaria ontem ao presidente Michel Temer, em reunião que durou 20 minutos.
Parente percebeu o movimento político e decidiu entregar o cargo. Não tomou a decisão de última hora nem pegou Temer de surpresa. Sob pressão, ele avaliou que sua permanência seria contraditória com tudo o que sempre defendeu.
O agora ex-presidente da Petrobras já tinha enviado sinais ao Planalto, durante a negociação para pôr fim à greve dos caminhoneiros, de que não faria mais concessões. Dois anos depois de ter assumido uma empresa que virou alvo da Lava Jato, com seu último presidente, Aldemir Bendine, preso, Parente deixou o governo convencido de que suas decisões na Petrobras não foram uma "escolha caprichosa", como afirmou em vídeo postado na rede interna da estatal. As tentativas de culpá-lo pela crise dos caminhoneiros o incomodavam.
O interesse de todos sobre os recursos que podem reforçar os cofres públicos com a revisão do acordo da União e Petrobras pela exploração do pré-sal foi o fato novo a reforçar a percepção de Parente de que, sem espaço para elevar tributos, além da resistência para manter a política de preços, a nova batalha seria a cessão onerosa.
A equipe de Michel Temer está preocupada com o "efeito rebote" das manifestações dos caminhoneiros, algo que poderia prejudicar ainda mais a já desgastada imagem do presidente, perto das eleições. O núcleo político do governo e a cúpula do MDB pressionam Temer por medidas de maior impacto para a crise. O cuidado, porém, é para que possíveis novos anúncios sejam embalados como propostas para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis ao consumidor, sem interferência na Petrobras.
Como fonte para os novos subsídios passaram a ser cobiçados s até R$ 100 bilhões que podem sair do leilão do excedente do pré-sal. A área política quer agilizar o processo de acordo da cessão onerosa para que o leilão aconteça ainda em setembro a tempo de garantir nova injeção de recursos para a economia "na ponta", como afirmou um líder político.
 
COMENTAR | CORRIGIR
Coment�rios
Seja o primeiro a comentar esta not�cia