A crise desencadeada pela greve dos caminhoneiros e pela sa�da de Pedro Parente da Petrobras far� com que os investidores sejam mais criteriosos ao avaliar os fundamentos da economia brasileira e os riscos das pr�ximas elei��es, disseram especialistas. A percep��o � que a preponder�ncia dos problemas dom�sticos - que j� vinha ganhando for�a com a piora recente do cen�rio externo, mas s� ganharia centralidade com a corrida eleitoral - se antecipar�.
A maior fragilidade fica demonstrada pelo indicador de risco-pa�s, que saltou de 173 pontos para 235 em maio. A bolsa perdeu quase 10 mil pontos no m�s, e o d�lar saiu de R$ 3,50 para mais de R$ 3,75.
Segundo Jos� Julio Senna, do Ibre/FGV e ex-diretor do Banco Central, parte importante disso tem a ver com a piora das condi��es financeiras globais - como a valoriza��o do d�lar no mundo e a desacelera��o econ�mica na Europa e no Jap�o. Mas fatores internos agravaram o quadro. Na sua avalia��o, a greve impacta negativamente no crescimento brasileiro, por exemplo, cujas proje��es j� vinham diminuindo. "Quando as coisas est�o bem l� fora, a tend�ncia � deixarem adormecidas as quest�es dom�sticas", lembrou.
Para Christopher Garman, do Eurasia Group, a pol�tica de pre�os da Petrobras era a principal preocupa��o dos investidores estrangeiros. Entendia-se que havia nela certa "precariedade", com chance alta de mudan�a no pr�ximo governo. "Mas a precariedade desse modelo quebrou-se antes mesmo da elei��o. O governo pode prometer que vai manter a pol�tica de pre�os e compensar a empresa, mas a combina��o de uma margem fiscal restrita, um eleitorado raivoso e um governo fraco n�o conspira a favor da continuidade do modelo", disse.
Para James Gulbrandsen, da NCH Capital, as ag�ncias de risco colocar�o a nota de cr�dito brasileira em "observa��o" nas pr�ximas semanas. "Nos EUA, depois do que aconteceu com a Petrobras, o Brasil est� sendo visto, mais uma vez, como uma rep�blica das bananas. O investidor estrangeiro j� sabe que nada vai acontecer at� as elei��es", afirma.