Sem mencionar explicitamente o fato, o governo culpa o vazamento das conversas do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, com o presidente Michel Temer (MDB), em maio de 2017, pelo fracasso na aprovação da reforma da Previdência. A afirmação está no documento "Encontro com o Futuro", que será lançado amanhã, em evento do MDB que deve confirmar a pré-candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles à presidência da República.
De acordo com ele, o governo tinha a aprovação da proposta "quase assegurada" a determinada altura do ano passado. "A oportunidade se perdeu pelo oportunismo de iniciativas no campo judicial, que desviaram, talvez propositadamente, a atenção do sistema político."
O documento, elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, não diz que iniciativas são essas. Mas pessoas mais próximas de Temer repetem que o vazamento das conversas gravadas no Palácio do Jaburu colocaram a perder o trabalho político que criava condições para a votação da reforma, com boas chances de aprovação.
"A ideia da injustiça e da insustentabilidade dos nossos sistemas de Previdência, no entanto, incorporou-se definitivamente à agenda política do País e sua reforma será a principal pauta de qualquer ajuste fiscal definitivo", diz o documento, o terceiro de uma série iniciada com o "Ponte para o Futuro" e que teve, em seguida, o "Travessia Social".
Além da reforma da Previdência, o documento emedebista defende uma reforma do serviço público, sem detalhar medidas. O texto aponta para o crescimento dos chamados gastos obrigatórios do governo, dos quais Previdência e folha salarial são os principais, como um obstáculo ao reequilíbrio das contas públicas e à implantação de políticas que combatam a desigualdade no País.
A cartilha defende também a necessidade de se alcançar um saldo positivo (superávit primário) nas contas públicas equivalente a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para que a dívida brasileira comece a cair. O documento cita ainda a revisão de incentivos ao setor produtivo, como subsídios e desonerações fiscais, como uma medida necessária para o ajuste das contas públicas.