Enquanto o presidente Michel Temer (PMDB) negocia uma aproximação com o PSDB para as eleições de outubro, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PMDB) disse ontem que uma aliança com os tucanos só é possível se o partido do ex-governador Geraldo Alckmin aceitar a vaga de vice em uma chapa encabeçada pelo PMDB.
Durante debate no Insper, em São Paulo, Meirelles afastou a possibilidade de abrir mão de sua pré-candidatura para ser vice em outra chapa e afirmou que não acredita em "acordo de bastidor". Após o evento, em conversa com jornalistas, o ministro disse que não há uma "negociação" com o PSDB, mas que há "conversas" entre Temer e Alckmin após o ex-governador paulista ter procurado o presidente. "Se é possível fazer imediatamente uma aliança com o PSDB? Certamente, não há dúvida, desde que o PSDB aceite uma candidatura à vice-presidência", declarou.
Questionado sobre a possibilidade de seu partido fechar um acordo com o PSDB, Meirelles afirmou que vai "ajudar o partido em qualquer circunstância", mas que não acredita que o PMDB abrirá mão da cabeça de chapa. "Não há razão para uma posição secundária." Ele classificou o diálogo entre as duas legendas como "uma coisa maior, mais abrangente", e não como uma negociação para coligação.
Em sua palestra, Meirelles afirmou que inflação e emprego serão os dois principais temas de uma plataforma eleitoral. Para ele, só com geração de emprego e renda, e inflação controlada é possível assegurar recursos para educação, saúde e segurança pública. O ex-ministro defendeu a necessidade da reforma da Previdência, que o governo não conseguiu aprovar no Congresso. Diferentemente do que vem dizendo Michel Temer ao falar na possibilidade de a intervenção federal no Rio de Janeiro cessar e votar a proposta ainda neste ano, Meirelles citou que a medida, com outras reformas necessárias, ficou para o próximo presidente. "Evidentemente, isso não será feito neste ano, ano eleitoral. Será feito certamente no ano que vem, o que compete à liderança do próximo presidente."