Depois de quase três meses de negociações, os líderes do Movimento 5 Estrelas (o antissistema M5S, na sigla em italiano), Luigi di Maio, e da Liga (extrema-direita), Matteo Salvini, anunciaram, nesta quinta-feira, um acordo para formar um governo de união na Itália, o que evitará a convocação de novas eleições. Os partidos mantiveram a indicação do advogado Giuseppe Conte, de 54 anos, para o cargo de primeiro-ministro. Com vasto currículo na área jurídica, mas nenhuma experiência em cargos públicos, ele tomará posse nesta sexta-feira. "Todas as condições foram reunidas para um governo M5E/Liga", comemoraram Di Maio e Salvini em comunicado.
O economista Carlo Cottarelli, instruído pelo presidente Sergio Mattarella a formar um governo interino, passou a função para Conte. Professor de Direito na Universidade de Florença, o novo premiê, que filiou-se ao M5S em 2013, havia desistido do cargo no domingo passado, após o veto de Mattarella à nomeação do economista
Paolo Savona para o Ministério das Finanças. Di Maio e Salvini concordaram com a escolha de outro ministro das Finanças, mas mantiveram Savona no governo.
O economista havia sido vetado por sua conhecida postura crítica à zona do euro. Os dois partidos resolveram alocá-lo para o Ministério de Assuntos Europeus, justamente a pasta responsável pelo relacionamento com a União Europeia (UE). Já a Economia ficou com Giovanni Tria, professor da Universidade de Roma Tor Vergata crítico do modelo de integração do euro e da própria UE, mas com um viés mais reformista do que de rompimento com Bruxelas.
Os líderes do M5S e da Liga, verdadeiros chefes do governo, dividirão a vice-presidência do Conselho dos Ministros e terão pastas de destaque: Di Maio ficará com o Desenvolvimento Econômico e Trabalho, e Salvini, com o Interior.