Após a abstenção recorde na votação deste domingo, a coalizão oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD) exigiu a realização de um novo pleito no fim deste ano e prometeu convocar protestos pela Venezuela. "Continuamos lutando por eleições livres e transparentes, com todas as garantias, e que se celebrem no final do ano para que o povo se expresse", afirmou o presidente da Assembleia Nacional - de maioria opositora -, Omar Barboza, em entrevista coletiva.
O parlamentar falou na condição de porta-voz da Frente Ampla, que pregou o boicote eleitoral e reúne a MUD, a Igreja Católica venezuelana e grêmios de estudantes universitários, entre outras organizações pró-democracia.
Com 98,8% das urnas apuradas, a abstenção chegava a 54%, a mais alta já registrada em eleições presidenciais na Venezuela. No pleito anterior, em 2013, havia sido de 20,3%. Maduro obteve 67,7% dos votos, contra 21% do oposicionista Henri Falcón. No cômputo geral, 24% dos 20,5 milhões de venezuelanos aptos a votar escolheram Maduro, acusado por Falcón de coagir os eleitores no dia da votação. O ex-chavista não reconheceu o resultado e também pediu nova eleição.
Na segunda-feira, o governo brasileiro e os de outros 13 países anunciaram não reconhecer o pleito e disseram que irão convocar seus embaixadores em Caracas para consultas. Os representantes diplomáticos da Venezuela em cada um dos territórios também serão convocados para receberem um protesto oficial.
O grupo anunciou medidas para pressionar Caracas a respeitar as decisões da Assembleia Nacional, como a intensificação da fiscalização de crimes financeiros de empresas ou indivíduos venezuelanos. Os 14 países pediram, ainda, que instituições financeiras regionais e internacionais se neguem a emprestar dinheiro ao regime, exceto nos casos em que a verba seja utilizada para ajuda humanitária.
Os Estados Unidos reagiram ao resultado do pleito ampliando as sanções que bloqueiam ativos venezuelanos no país, incluindo as propriedades da principal fonte de receita chavista, a petrolífera estatal PDVSA. As sanções proíbem a compra de ativos estatais do país ou de créditos que Caracas tenha para receber no futuro.
O presidente da Venezuela, Nicol�s Maduro, usou o Twitter para agradecer aos l�deres de R�ssia, China, Turquia e � Organiza��o dos Pa�ses Exportadores de Petr�leo (Opep) por reconhecerem a reelei��o. Maduro afirmou que fortes la�os de coopera��o unem Venezuela e R�ssia, e agradeceu o presidente Vladimir Putin pelo "reconhecimento do nosso triunfo".
Sobre a China, disse que ambos os pa�ses continuar�o "seu destino comum, de desenvolvimento e prosperidade". Maduro tamb�m desejou �xito nas elei��es de junho ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Em rela��o � posi��o da Opep, o venezuelano agradeceu o secret�rio-geral Mohammed Barkindo. "A organiza��o pode seguir contando com a Venezuela para continuar escrevendo um novo cap�tulo da hist�ria petroleira."