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Venezuela

- Publicada em 20 de Maio de 2018 às 21:27

Centros eleitorais vazios marcam eleição presidencial na Venezuela

População foi às urnas decidir sobre manutenção ou não do chavismo

População foi às urnas decidir sobre manutenção ou não do chavismo


/JUAN BARRETO / AFP/JC
Vinte milhões de eleitores foram convocados às urnas ontem para escolher quem governará a Venezuela nos próximos seis anos. O número real de venezuelanos que foram aos centro de votações, porém, foi muito inferior a esse.
Vinte milhões de eleitores foram convocados às urnas ontem para escolher quem governará a Venezuela nos próximos seis anos. O número real de venezuelanos que foram aos centro de votações, porém, foi muito inferior a esse.
Em eleições passadas, o presidente Hugo Chávez chegava ao liceu Manuel Palacio Fajardo, no emblemático bairro 23 de Enero, cercado por uma multidão emocionada o esperando, enquanto filas de eleitores se formavam até do lado de fora. Não havia nada parecido na eleição de ontem, em que seu herdeiro político, Nicolás Maduro, buscava assegurar a reeleição.
A movimentação de eleitores era mínima pela manhã no bairro que é considerado o maior bastião do chavismo do país. A reportagem contou apenas 29 pessoas entrando no prédio onde Chávez votava entre as 8h03min e as 8h13min. Desse total, oito desembarcaram da boleia de um caminhão da Fontur (Fundo Nacional de Transporte Urbano), do governo federal. A prática é ilegal.
A maioria dos eleitores era de idosos. Após votar, eles se dirigiam ao Ponto Vermelho, instalado do outro lado da rua sob um toldo. Ali, mostravam, para ser escaneado, o Carnê da Pátria, com o qual o portador tem acesso a cestas básica, atenção médica, entre outros serviços públicos. Numa tentativa de atrair eleitores, Maduro prometeu pagar um bônus a quem apresentasse o Carne da Pátria nos Pontos Vermelhos, montados perto e até mesmo dentro dos centros de votação. Segundo relatos de eleitores, o valor é de 10 milhões de bolívares
(US$ 11). "O que a gente ganha não dá nem para comer, quem vai se entusiasmar com essa eleição?", disse o pintor de carros Jesús Pereira, 80, que não quis dizer em quem votou, após apresentar seu Carnê da Pátria.
Vestida com uma calça estampada com a bandeira venezuelana, a chavista Milagros Ramírez, 53, disse que a falta de filas se devia ao processo mais rápido de votação. Ela atribui a crise econômica aos empresários, que estariam promovendo uma guerra econômica. "Isso não está fácil, mas temos de continuar apoiando o governo", diz a técnica de recursos humanos, aposentada por invalidez.

Nicolás Maduro confia na reeleição

Apesar da grave crise (marcada pela hiperinflação, o desabastecimento e o êxodo de milhares de venezuelanos), o atual presidente, Nicolás Maduro, está confiante na reeleição - até porque a oposição está dividida, e seus principais rivais políticos foram presos, exilados ou proibidos de se candidatar.
O atual presidente fez um apelo para que a população fosse às urnas. "Com o teu voto, há paz. Se votas, tua aposta completa se cumpre, há paz, tranquilidade, possibilidades de horizonte. O voto é instrumento estupendo de justiça", afirmou.
A Venezuela enfrentou novas pressões internacionais em meio às eleições de ontem. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, reafirmou que não vai aceitar o resultado do pleito. O presidente do Chile, Sebastian Piñera, usou sua conta Twitter no sábado para acusar Maduro de "causar tanta dor e sofrimento ao seu povo" e de se "aferrar ao poder".

Oposição denuncia coação de eleitores

O principal candidato da oposição, o ex-chavista Henry Falcón, acusou o governo de Nicolás Maduro de pressionar os eleitores a votar nele por meio do Carnê da Pátria, documento que dá acesso a benefícios e serviços públicos. Instalados próximos aos centros de votação, os funcionários desses locais escaneavam os documentos de eleitores. "Há uma situação generalizada com a instalação dos pontos vermelhos como mecanismo de pressão, como elemento de chantagem política e social a um setor da população de quem se pretende uma vez mais comprar a dignidade", disse Falcón, em entrevista coletiva.
A posição foi reforçada pelo pastor evangélico Javier Bertucci, terceiro colocado nas pesquisas. "Eles tinham de estar a pelo menos 200 metros dos centros de votação. E recebemos pelo menos 380 denúncias dizendo que estão quase ao lado dos centros de votação, em nível nacional", afirmou Bertucci.

Países latinos dizem ter recebido 1,5 milhão de migrantes venezuelanos

Para desmentir as afirmações do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de que não há crise migratória, 14 países latino-americanos divulgaram, na noite de sexta-feira, uma nota afirmando ter recebido cerca de 1,5 milhão de migrantes venezuelanos em 2017 e 2018. Os países integram o chamado Grupo de Lima, que pressionou contra a realização das eleições de ontem por considerá-las ilegítimas.
"A deterioração da situação econômica, social e humanitária na Venezuela tem provocado, nos últimos dois anos, um aumento massivo da migração venezuelana, impactando especialmente os países da região", diz a nota. De acordo com o informe, a Argentina recebeu 82 mil venezuelanos; o Brasil, 50 mil; a Colômbia, 800 mil; o Chile, mais de 160 mil; a Guatemala, 15.650; o México, 65.784; o Panamá, 65.415; o Paraguai, 2.893; e o Peru, 298.559.