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Entrevista

- Publicada em 14 de Maio de 2018 às 09:38

Presidente da Fecomércio-RS alerta para a necessidade de reformas e investimentos em produtividade


LUIZA PRADO/JC
Uma crise sem precedentes assolou os setores do comércio e, especialmente, de serviços, fazendo encolher sua participação na economia gaúcha. Ao vislumbrar uma lenta e ainda discretíssima retomada, os dirigentes evitam a euforia. O presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecomércio), Luiz Carlos Bohn, alerta para a necessidade de reformas e investimentos em produtividade, para que a recuperação seja sustentável e duradoura.
Uma crise sem precedentes assolou os setores do comércio e, especialmente, de serviços, fazendo encolher sua participação na economia gaúcha. Ao vislumbrar uma lenta e ainda discretíssima retomada, os dirigentes evitam a euforia. O presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecomércio), Luiz Carlos Bohn, alerta para a necessidade de reformas e investimentos em produtividade, para que a recuperação seja sustentável e duradoura.
Jornal do Comércio - Como o setor de comércio e serviços deve fechar 2018?
Luiz Carlos Bohn - Do comércio esperamos uma recuperação de até 3% neste ano. Os serviços, porém, chegaram a ter uma queda de 2,6%, o que é muito expressivo. Então, se o setor chegar a próximo de zero, sem perdas até o final do ano, será muito bom. A crise foi devastadora, voltamos aos níveis de 2012. Perdemos oito trimestres consecutivos, com quedas no PIB. Isso reduziu o comércio gaúcho, com fechamento de milhares de lojas e muito desemprego. Já houve inversão da curva da crise, mas esperávamos uma reação mais rápida. Isso, porém, ainda não está acontecendo.
JC - Por que esse crescimento esperado ainda não se concretizou?
Bohn - Este ano temos eleições gerais, que provocam muita incerteza. A política interfere na economia. A queda na inflação é um fator positivo, mas ainda não foi sentida pela população, impactada pelo aumento em energia e combustíveis. Os níveis de empregabilidade estão muito abaixo do normal, o que também gera grande instabilidade e incerteza. E, por fim, ainda precisamos ter garantia sobre as reformas que precisam acontecer. Temos que estar certos de que, independentemente dos governantes escolhidos, as reformas terão avanços.
JC - O comércio é um grande gerador de emprego. Como está a retomada dos postos de trabalho?
Bohn - Com a crise, aprendemos que podemos fazer mais com menos pessoas. Isso é produtividade, que garante melhores salários e mais ganhos para trabalhadores e empresas. Na prática, ainda não vimos uma retomada forte nas contratações. Temos quase 50% do PIB, com a maior empregabilidade. Mas somos uma cadeia, todos precisam crescer para que o comércio e os serviços cresçam.
JC - Como a entidade vê o ambiente para os empreendedores no Rio Grande do Sul?
Bohn - Com preocupação. Parece que o empresário, cada vez mais, vive sob o julgamento de todos, como se estivesse sempre errado. É uma espécie de princípio da presunção de culpa (e não de inocência, como manda a lei). Além de todo o custo Brasil, com alta carga tributária e problemas de logística, ainda enfrentamos o humor dos órgãos fiscalizadores. Temos que avançar nisso para crescer.

É preciso vencer a burocracia

O longo e penoso processo para abrir empresas melhorou, segundo Bohn. Já não é tão difícil dar início ao funcionamento de um negócio no comércio ou em serviços. Mantê-lo aberto, no entanto, é o maior desafio. "Temos órgãos demais dizendo o que não funciona, o que não pode, o que não está autorizado. Desde questões ambientais até assuntos de segurança e legais. Precisamos urgentemente desburocratizar", afirma.