A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estimou em R$ 6,6 bilhões os prejuízos para os produtores rurais nos nove dias de bloqueio nas estradas devido à paralisação dos caminhoneiros. O valor se refere a perdas de Valor Bruto da Produção (VBP), que mede a estimativa de faturamento bruto "dentro da porteira".
"Este prejuízo é apenas na produção primária, sem considerar ainda o processamento, as indústrias e a parte de insumos, que estão tendo prejuízos severos", enfatiza a CNA, em nota. "E ainda fora o que está por vir, porque a recuperação não é imediata", disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi. Ele alertou para o "caos extremo" na produção de alimentos se os bloqueios continuarem.
Segundo Lucchi, produtor deve levar de seis meses a um ano para se reestruturar. "Animais estão morrendo, alimentos perecíveis como hortaliças e leite são desperdiçados. O impacto é econômico, social e ambiental", afirmou.
O superintendente da CNA reiterou que a confederação defende que o direito de "ir e vir" prevaleça neste momento para que o produtor possa escoar a produção e receba os insumos necessários para evitar a morte de animais. "Não é um problema apenas para o produtor, mas para toda a sociedade."
O setor exportador de carne bovina contabiliza prejuízos de US$ 170 milhões em uma semana por causa da paralisação dos caminhoneiros. Conforme o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, semanalmente o setor embarca ao exterior 40 mil toneladas de carne bovina. Camardelli alertou para os riscos de o Brasil ser substituído, como país exportador de carne bovina, por algum concorrente no mercado externo. Também contou que missões para habilitar frigoríficos no País começam a ser canceladas. "O Chile vinha segunda-feira (4) e já cancelou", informou.