O Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs), entre outras entidades que representam as companhias transportadoras no País, está sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por suposto locaute (a chamada greve dos patrões). O presidente do Setcergs, Afrânio Kieling, nega a prática e diz que recebeu com surpresa a notícia.
"O sindicato, na realidade, não fez absolutamente nada", afirma o empresário. Kieling enfatiza que a entidade não incentivou qualquer tipo de greve. "O que entendemos e respeitamos foi que a reivindicação dos motoristas autônomos era legítima, só isso", frisa. O Setcergs representa grandes companhias transportadoras, que têm motoristas contratados, já muitos grevistas são autônomos, que contam com um ou poucos veículos, sendo que, muitas vezes, o próprio dono do caminhão e seus familiares exercem a função de motorista. Para caracterizar o locaute, é necessário provar que o sindicato e as empresas levaram seus empregados a ingressaram na greve como forma de pressão para atender a seus interesses.
Conforme Kieling, as companhias associadas ao Setcergs não saíram com seus caminhões dos terminais de carga por falta de segurança. O presidente do sindicato diz que os veículos ficariam presos nos piquetes ou os motoristas seriam apedrejados. Para Kieling, os caminhoneiros conseguiram o que queriam e, agora, têm que voltar a trabalhar. O empresário adverte que é possível observar, hoje, infiltrações de questões políticas dentro da greve. "Ela não é mais dos caminhoneiros, não respeitamos mais a greve", salienta Kieling.