Os mercados locais operam sob tensão nesta quinta-feira (24) diante do potencial impacto dos protestos de caminhoneiros sobre a Petrobras, as contas fiscais do governo e a economia em geral. O mau humor se espalha e está relacionado com a crise dos caminhoneiros e os efeitos sobre a Petrobras, diz Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae. Dólar e juros sobem e o Ibovespa Futuro cai mais de 2%.
"Ontem já mudaram a regra de reajuste e hoje o governo e a Petrobras poderão mudar novamente. Todos perdem credibilidade perante também o mercado porque, além de corte de impostos, há percepção de que há pressão política e já ocorre ingerência política sobre a estatal", disse um outro diretor de uma corretora.
Mais cedo, o presidente Abcam, José da Fonseca Lopes, havia dito em entrevista à Rádio Eldorado que as manifestações podem ser suspensas nesta tarde, desde que o projeto que prevê zerar a PIS-Cofins sobre o óleo diesel seja aprovado pelo Senado. Líderes do movimento terão encontro com a cúpula do governo federal às 14h no Palácio do Planalto.
No exterior, a moeda americana mostra sinais mistos - em baixa ante divisas principais e viés de alta frente moedas emergentes e ligadas a commodities -, após a ata do Fed ter destacado que os recentes sinais de inflação mais forte nos EUA podem ser transitórios, causados por preços mais altos de saúde e dos serviços financeiros.
Os dirigentes do Fed também apontaram que as expectativas de inflação de longo prazo foram pouco alteradas, embora alguns banqueiros centrais tenham dito que a inflação pode ultrapassar ligeiramente a meta de 2%.
Ao mesmo tempo, o petróleo recua após um aumento inesperado dos estoques da commodity nos EUA, beneficiando o dólar ante moedas ligadas a commodities. Também pesa a informação de que os EUA tem planos de abrir uma investigação sobre importações de carros, numa iniciativa que pode levar Washington a impor novas tarifas e renova temores de que ocorra uma "guerra comercial".
Às 9h33min desta quinta-feira, o dólar à vista subia 0,57%, aos R$ 3,6445. O dólar futuro para junho avançava 0,43%, aos R$ 3,6450. O Ibovespa Futuro perdia 2,09% neste mesmo horário, aos 79.600 pontos.