O governo e o Congresso terminam a semana com os ministros e técnicos discutindo e buscando caminhos para os problemas causados pelos mais de 10 dias de greve dos caminhoneiros, que paralisaram o País. Além da expectativa de todos, do retorno à normalidade, na próxima semana, o governo, além das negociações permanentes com as lideranças do setor, está estudando medidas para reduzir a flutuação dos preços dos combustíveis. Deputados e senadores tentam ajudar nas soluções para que o estrago eleitoral, em suas bases, não seja ainda maior no pleito de outubro.
Volatilidade dos preços
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB), reafirmou que será estudada uma proposta para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis para o consumidor. Para isso, argumentou, será necessário modificar a estrutura tributária incidente sobre esses produtos, que envolve tributos federais - PIS/Cofins e Cide - e o principal imposto estadual, o ICMS. Para o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), "o governo elevou equivocadamente o PIS/Cofins".
Estopins da insatisfação
Parte dos caminhoneiros havia aceito a proposta do Executivo, que prevê congelamento por 60 dias e depois reajustes mensais, mas outros caminheiros, com incentivo de lideranças infiltradas na greve, mantiveram bloqueios nas estradas. Isso foi um dos estopins da insatisfação dos caminhoneiros, mas que já trilha para o caminho da normalidade.
Peso dos impostos
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, defendeu a política de preços da Petrobras e, criticou o peso dos impostos sobre os combustíveis. Ele apoiou ajustes na carga tributária para evitar a volatilidade no preço ao consumidor. Quando o preço subir R$ 0,50, comentou, a carga tributária deveria cair R$ 0,50, e vice-versa. "A população só vai entender quando governo anunciar diminuição dos tributos", ressaltou.
Críticas à Petrobras
Deputados de oposição ao governo Michel Temer (MDB), e até mesmo alguns parlamentares da base aliada, criticaram a atual gestão da Petrobras e a política de preços vigente desde julho do ano passado. Querem que o presidente da estatal, Pedro Parente, vá ao Congresso, se explicar. "Queremos combustíveis mais baratos. O governo tem de baixar diesel, gasolina e gás de cozinha", declarou o deputado federal gaúcho Henrique Fontana (PT). O relator da Comissão Especial da Reforma Tributária, deputado federal por São Paulo Luiz Carlos Hauly (PSDB), reafirmou a necessidade de votar, com urgência, a proposta de reforma tributária em análise na Câmara.
Hora de reflexão da Petrobras
O deputado federal gaúcho Ronaldo Nogueira (PTB) foi à tribuna da Câmara nesta semana e disse, que "é muito importante que neste momento seja feita uma reflexão a respeito da necessidade da Petrobras rever a sua política de preços praticados no Brasil". A grande realidade, acentuou o deputado, "é que esta estatal brasileira foi vítima de ações que ocorreram nos últimos anos, e que trouxe prejuízos a ela, de grande monta". Segundo Ronaldo Nogueira, "hoje nós estamos pagando, no conjunto da sociedade brasileira, essa conta".