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Porto Alegre, domingo, 03 de junho de 2018.
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finan�as

Not�cia da edi��o impressa de 04/06/2018. Alterada em 01/06 �s 17h57min

Mercado de capitais em standby

Disparada do d�lar no mundo cria ambiente menos amig�vel aos emergentes

Disparada do d�lar no mundo cria ambiente menos amig�vel aos emergentes


ATTA KENARE/AFP/JC
A expectativa em relação à mudança da política monetária nos Estados Unidos aumentou a seletividade dos investidores em relação aos seus investimentos, sobretudo nos mercados emergentes. Somado a isso, a recuperação da economia brasileira em ritmo muito mais lento do que o esperado e o cenário eleitoral incerto também contribuem para a maior cautela na escolha dos ativos pelo investidor. Os efeitos desse cenário já são vistos no mercado de capitais brasileiro.
Neste ano, das emissões de ações no "pipeline" (jargão do mercado financeiro para negócios em fase de preparação), algumas não tiveram sucesso, evidenciando a seletividade dos investidores. Entre elas, Blau Farmacêutica, Ri Happy e Grupo Dass. Outras desistiram ao sondar o mercado, como JHSF Malls e Centauro, por exemplo. Em relação a emissões externas, a Light e a usina Coruripe aguardam momento mais propício para emitirem.
A disparada do dólar no mundo e a alta de juros nos Estados Unidos já estão criando ambiente "menos amigável" aos emergentes, mas os investidores vão seguir buscando boas oportunidades de retorno, embora possam exigir maiores prêmios, por conta do maior risco cambial nos emergentes, avalia o Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo.
"Agora, o mercado está 10 vezes mais seletivo. Os investidores não vão comprar qualquer case, mas de empresas com fundamento, que tenham base de crescimento, do setor", diz o vice-presidente executivo do Itaú BBA, Alberto Fernandes. Segundo ele, uma possível mudança da política monetária nos Estados Unidos tem afetado todos os emergentes e desviado a atenção dos investidores.
O aumento do nervosismo dos mercados começou nas últimas semanas, com a elevação da aposta de que a alta de juros nos EUA pode ter um ritmo maior do que previsto inicialmente. Com isso, o dólar vem se valorizando em relação a outras moedas e criando um ambiente menos favorável para a entrada de fluxo de capital nos emergentes.
A mudança do cenário no exterior está fazendo os investidores a fazerem um rebalanceamento de suas carteiras, ressalta o economista-chefe da gestora Western Asset, Adauto Lima. A elevação de juros nos Estados Unidos aumenta a atratividade dos títulos daquele país, muito mais seguros. Nos emergentes, Brasil e México passarão por eleições muito disputadas que ajudam a elevar o quadro de incerteza.
Nesse ambiente, o apetite dos estrangeiros em relação aos ativos brasileiros segue firme, mas a seletividade dá o tom, destaca Renato Ejnisman, diretor executivo do Bradesco. "Não será qualquer nome que irá a mercado e não a qualquer preço", diz o executivo. "A empresa que passar por essa 'régua' vai encontrar demanda", afirma. Por conta da atual volatilidade da moeda, Ejnisman pondera que algumas ofertas podem demorar pouco mais para ir ao mercado.
Mesmo com esse cenário e pelo ano eleitoral, a atividade dos bancos de investimentos segue aquecida, comenta o responsável pelo banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch, Hans Lin. "O nível está bom para um ano de eleição. O que está afetando neste momento são fatores externos e ainda uma recuperação da economia brasileira mais lenta do que o esperado", afirma. As eleições locais devem começar a ganhar a cena a partir do fim de julho, afirma Lin. Segundo ele, a expectativa é de uma janela aberta para emissão de ações em julho e já há, inclusive, uma fila de cerca de seis empresas se preparando para estrearem no mercado, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
Apesar do cenário menos favorável, as empresas brasileiras tiveram sucesso ao longo dos últimos meses para acessarem o mercado. As grandes companhias, por exemplo, conseguiram aproveitar e trocar dívida cara por mais barata acessando o mercado externo, lembra o responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. "As grandes empresas não estão com a corda no pescoço e têm o luxo de poder esperar (uma normalização). A fase de necessidade já passou", afirma o executivo. Já aquelas que ainda precisam realizar o "liability management" (gestão de ativos e passivos da empresa) poderão esperar para realizar em um melhor momento.
Apesar do impacto ser mais imediato nas captações externas, o mesmo movimento é observado no mercado de renda variável. "O apetite externo é muito seletivo, e não serão todas as histórias que virão a mercado que funcionarão, mas o sucesso das últimas três emissões do mercado de ações (Notredame, Hapvida e Banco Inter) mostrou claramente que o mercado está disposto a realizar investimentos", salienta Zema.
 

Juro baixo e novo ETF s�o aposta para fundos de �ndice

Desprestigiado na prateleira de investimentos do brasileiro, os ETFs (Exchange Traded Funds, no termo em inglês) podem ganhar um novo ânimo ainda este ano. Com o lançamento do edital do ETF de renda fixa pelo Tesouro e o mercado financeiro mais competitivo por causa dos juros baixos, a chance de alavancar esse fundo é promissora, mas ainda engatinha nessa trilionária indústria.
O ETF nada mais é do que um fundo de investimento que espelha o desempenho de índices e que são negociados em bolsa de valores, como se fossem papéis de uma empresa. Atualmente, existem no País apenas 15 ETFs, todos atrelados à renda variável. O primeiro ETF brasileiro de renda fixa, será apoiado pelo Tesouro Nacional e produzido em parceria com o Banco Mundial, para fomentar o desenvolvimento do mercado de capitais em economias emergentes.
Segundo levantamento feito pelo Itaú Asset Management e obtido pelo Estado, a indústria de ETFs no Brasil cresceu 1,5 vez o que avançou a indústria de fundos desde 2010. O crescimento dos ETFs foi de 18% enquanto a indústria total cresceu 12%. Esse patrimônio, porém, é menos de 0,5% dos R$ 4,5 trilhões movimentados pela indústria de fundos.
Do ponto de vista do cenário econômico, Renato Tucci, responsável pela área ligada às ETFs do Itaú Asset Management, explica que nos últimos anos, a alta dos juros beneficiou os investimentos de renda fixa e pode ter tirado o espaço para esse e outros investimentos mais sofisticados. Com a conjunção de um período de juros mais comportados, maturidade do investidor e esse novo produto sendo um canal diferente para acessar os já conhecidos títulos do Tesouro, a tendência é de esse mercado destravar, segundo Tucci.
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas, Willian Eid, a participação acanhada dos ETFs na carteira do investidor tem duas explicações diretas. Primeiro, o baixo número de pessoas com acesso a Bolsa. O dado mais recente da B3 mostra que existem 663 mil pessoas físicas cadastradas, porém, Eid acredita que o número dos que de fato operam é muito menor, talvez até menos da metade, e isso, segundo ele, diminui muito o público apto para fazer os ETFs decolarem.
O segundo motivo está ligado ao canal de distribuição e a usabilidade. Para o professor da FGV, o fato de os ETFs serem operados na Bolsa via homebroker de uma corretora, ainda é visto como um obstáculo para o pequeno investidor brasileiro, acostumado com a poupança e os fundos sugeridos pelo gerente do banco. Mas Eid acredita que essa visão aos poucos tem mudado com a queda de juros. Em 12 meses, o número de pessoas que compraram cotas de ETFs subiu 32%.
"Ninguém quer ter trabalho. Para avançar tem de ser fácil e simples", resume Eid. Por isso ele acredita que o gestor do novo ETF deve ser alguma instituição conhecida dos brasileiros para agir justamente nessa frente. No páreo estão Caixa, Itaú, Banco do Brasil e a asset BlackRock, que já possuem ETFs de renda variável no mercado.
O desenvolvimento dos ETFs também esbarra numa indústria onde reinam os produtos financeiros que incentivam o vendedor, oferecidos sobretudo por bancos, aponta Felipe Sotto-Maior, presidente da Vérios. "Nosso mercado financeiro é estruturado na lógica de venda de produto e remuneração em cima dessa venda, o chamado rebate. Então, o gerente do banco ou os agentes autônomos recebem pelo aconselhamento do cliente, mas quem remunera não é ele, mas sim o produto que ele compra", explica. Como os ETFs não têm essa vantagem, eles acabam desprestigiados.
Para Luciano Tavares, fundador da Magnetis, o lançamento do ETF de renda fixa vai destravar essa categoria e complementar a prateleira de produtos, especialmente para quem gosta da garantia dessa classe. "É uma tendência mundial e o mesmo deve acontecer aqui. À medida que chega um novo produto como esse, aumentam os investidores na Bolsa e, no caso da renda fixa, complementam os outros produtos, como o Tesouro fez com os fundos em 2002."
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