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empreendedorismo

- Publicada em 28 de Maio de 2018 às 14:14

Negócios com foco nelas

As irmãs Priscila e Thais Gomes deram fim à nomenclatura dos tamanhos nas peças de roupas

As irmãs Priscila e Thais Gomes deram fim à nomenclatura dos tamanhos nas peças de roupas


FREDY VIEIRA/JC
Entre prospecção, captação e fidelização de clientes gira o dia a dia das corporações. Na disputa entre público consumidor, sai à frente aquela empresa que consegue criar conexões com produtos que vão além de uma necessidade aparente. Assim, cada vez mais, consumidores fidelizam-se à determinada marca que atende a uma questão específica de sua idade, gênero ou crenças de vida.
Entre prospecção, captação e fidelização de clientes gira o dia a dia das corporações. Na disputa entre público consumidor, sai à frente aquela empresa que consegue criar conexões com produtos que vão além de uma necessidade aparente. Assim, cada vez mais, consumidores fidelizam-se à determinada marca que atende a uma questão específica de sua idade, gênero ou crenças de vida.
Globalmente, grandes marcas destinam departamentos inteiros na busca de estratégias que criem estes laços. Enquanto isso, mulheres empreendedoras desenvolvem produtos altamente identificáveis a partir de suas preocupações e visões de mundo. Segundo a coordenadora do programa de administração de varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA), Renata Nieto, foram as lideranças empresariais femininas que compreenderam que a fidelização de clientes se dá a partir de identificações reais, especialmente no que diz respeito a vestuário feminino. Para ela, estas mulheres viram em questões pessoais nichos de mercado e elevaram o padrão de conexão com o cliente aos demais segmentos.
Localmente, algumas iniciativas vêm tendo destaque com o público feminino pela maneira certeira que lidam com questões inerentes ao público feminino. É o caso do e-commerce Inversa, criado pelas irmãs Thaís e Priscila Gomes, que segue o conceito de slow fashion. A partir de seu empreendimento, elas defendem a abolição dos tradicionais padrões PP, P, M, G e GG de roupas, em razão da histórica pressão social sobre os corpos femininos. "Nosso propósito central é enaltecer a mulher em todas as suas formas e, principalmente, gerar confiança através da roupa", salienta Priscila. Em vez do padrão de tamanho usual, as peças da Inversa são medidas entre Confiante, Forte, Rainha, Inspiradora, Deusa e Musa, da menor à maior padronagem, respectivamente.
Parte significativa dessas estratégias de prospecção, diz Renata, vieram de necessidades impostas pelo varejo on-line. "As mulheres olham padronagens como M e G, e, mesmo com a maioria das lojas disponibilizando tabelas de medidas, sentiam-se inseguras na compra on-line, que não permite experimentar", lembra a professora. Assim, comparações com roupas já usadas por famosas e outros artifícios surgiram na web. "Trocar a etiqueta P por 'Forte' é uma estratégia inteligentíssima. Não tenho certeza se sou P, mas forte eu sei que sou", enfatiza.
Também preocupadas em atender diversos corpos, a marca de calcinhas absorventes Herself pretende substituir os tradicionais absorventes e o coletor menstrual (o copinho), com modelos que vestem do 36 ao 48. "Fazemos questão de trabalhar com modelos reais em nosso e-commerce, nenhuma delas trabalham com moda", ressalta a empreendedora Raíssa Assmann Kist, que gere a empresa juntamente com sua sócia Camila Kist.
Raíssa argumenta que a menstruação ainda é tratada como tabu, e, por isso, existe pouca inovação no setor. A difusão de seu produto, inclusive, encontra barreira nessa questão. "As próprias mulheres não conversam de fato e acabam ficando acomodadas com o que tem por receio ou por falta de troca de informações", revela. A empresária destaca que o produto é composto por artigos nacionais e tem forro 100% algodão, que visa ao conforto de quem usa.
O principal público da Herself são meninas em seus primeiros meses de menstruação, ou mulheres com transição da menopausa. Em razão do fluxo irregular de ambos os grupos, salienta Raíssa, a calcinha acaba como uma das melhores opções pelo seu conforto. Além delas, mulheres atentas à questão ambiental também aderem à novidade. "Existe muito descarte de lixo, e os absorventes tradicionais contribuem relevantemente nesse sentido", diz Raíssa, ao destacar que as calcinhas são reutilizáveis por dois anos com a correta higienização.
Recentemente, a marca lançou o seu terceiro modelo, a calcinha Zuzu, para fluxos intensos, em modelo short. "Aguenta o equivalente a quatro absorventes", destaca Raíssa. Além dela, a marca também dispõe do modelo Ceci, modelo em tanga, para fluxo fixo a moderado; e a Frida, também em tanga, para fluxo intenso. Os valores variam de R$ 75,00 a R$ 95,00, com possibilidade de adição de camada extra.

Segurança impulsiona serviços da construção

Aline tem 90% da clientela feminina, mas atende a pedidos de homens

Aline tem 90% da clientela feminina, mas atende a pedidos de homens


FREDY VIEIRA/JC
A imagem de uma mulher em um canteiro de obra, ou participando de reformas pesadas, está cada vez mais comum, e, no que depender de algumas iniciativas em Porto Alegre, será cada vez mais usual. Parte significativa dessas trabalhadoras, por outro lado, optam por atender apenas mulheres, uma vez que se sentem vulneráveis em prestar serviço a homens. As reclamações tem início em questões amenas, como a interferência masculina nos serviços prestados, e terminam em questões pesadas, como o assédio.
A plataforma virtual de divulgação de profissionais mulheres da construção civil Diosa é uma das iniciativas que estimula a permanência delas neste ramo ainda pouco explorado pelo público feminino - além de promover a conexão entre trabalhadoras e suas potenciais consumidoras. "A maioria de nossas clientes nos procura por não querer colocar homens para dentro de casa, com medo de algum tipo de problema. Assim como 50% das prestadoras de serviços cadastradas preferem trabalhar exclusivamente com mulheres", relata a sócia da empresa, Aline Moraes.
A Diosa foi formulada por profissionais mulheres ligadas à área a partir da constatação de que aquelas com dificuldade de colocação no mercado de trabalho acabavam buscando vagas como doméstica ou cuidadora de idosos e crianças - cargos com salários significativamente menores do que os ofertados na construção civil. Ao mesmo tempo, segundo Aline, a demanda por profissionais mulheres é constante devido ao seu capricho e comprometimento.
A eletricista Aline Trindade conquistou parte das suas clientes iniciais a partir da plataforma, que, anteriormente, funcionava a partir do Facebook e, hoje, possui site próprio. Mais estabelecida, a eletricista é procurada a partir de indicações de suas clientes. Ao contrário de outras prestadoras de serviços, ela atende alguns homens que tenham referência. "Me resguardo, 90% dos meus clientes são mulheres e, se estou meio com o pé atrás sobre alguma visita, chamo um amigo ou familiar para ser meu assistente no dia", conta.
Aline relata que costuma estabelecer uma relação igualitária com suas clientes. "É um ambiente de igualdade, muitas vezes nos tornamos amigas, dependendo do tempo da reforma", relata. Com as boas experiências, a eletricista tornou-se multiplicadora do projeto Mulher em Construção, ONG voltada ao treinamento e profissionalização de mulheres no ramo, na qual fez alguns treinamentos. Parte da segunda turma do curso de formação, Aline Trindade faz questão de passar adiante o conhecimento adquirido para tornar outras mulheres autônomas.
Em 12 anos de atuação, a ONG já capacitou mais de 4 mil mulheres, segundo a presidente e fundadora do projeto, Bia Kern. "Não damos mais cursos por falta de recursos, dependemos de editais, mas a demanda existe", enfatiza. Inicialmente, o grupo voltava-se apenas às vítimas da violência doméstica, o que deu início ao seu caráter emancipatório. As aulas sobre questões de gênero, por outro lado, seguem parte do currículo das oficinas. "Se mudamos a vida de uma mulher, mudamos um lar, uma vizinhança, um bairro e assim por diante", comemora Bia.
 

Coaching dá poder pela organização financeira

Finanças em dia dão liberdade para exercer talentos, diz Leila

Finanças em dia dão liberdade para exercer talentos, diz Leila


É DA MINHA CONTA/DIVULGAÇÃO/JC
Com o site É da Minha Conta - Empoderamento Feminino Financeiro, a coaching financeira para mulheres Leila Ghiorzi promove oficinas e cursos on-line que visam desmitificar o entendimento de que mulheres não são boas com números. Criado em 2016, a plataforma oferece conteúdo gratuito e produtos premium, como coachings.
Leila lembra que o acesso ao dinheiro, historicamente, foi dado aos homens, enquanto às mulheres cabia o papel de dependente. "E isso segue como uma construção cultural, que nos é imposta desde muito pequenas. Crescer em uma cultura machista faz com que nós mesmas desconfiemos de nossa capacidade", adverte. Pelo seu site, é possível entender as novas regras para o uso do cheque especial, aprender a controlar seu nível de riqueza com Balanço Patrimonial, entre outras questões, a partir de textos em linguagem fácil e descontraída escritos por Leila.
A coaching argumenta que uma simples calculadora faz o trabalho numérico, o que é preciso passar para as mulheres, no geral, é o raciocínio por trás daquele cálculo. "Treinando isso, de forma mais abstrata, conseguimos desfazer o preconceito existente", argumenta. O curso Conquiste o protagonismo: finanças para mulheres está disponível no site. Em três aulas, são abordados temas como feminismo e finanças, ciclo de riqueza e regras básicas para a conquista da liberdade financeira. "Com a vida financeira em ordem, a mulher tem mais liberdade de exercer seu talento e, assim, de aprimorar sua atuação profissional e sua satisfação pessoal", conclui.
 

Apps de transporte femininos tomam espaço

Rafaela criou o GoLady pensando exclusivamente na segurança das clientes

Rafaela criou o GoLady pensando exclusivamente na segurança das clientes


LUIZA PRADO/JC
Episódios de assédios por parte de taxistas e motoristas de aplicativos de transporte individual, recorrentes nas redes sociais, fizeram as mulheres repensarem a utilização desses meios como forma de resguardar suas integridades física e psicológica. Métodos de segurança foram criados por elas, como mandar os dados do motorista para grupo de amigas antes de iniciar uma corrida.
A partir disso, observando a vulnerabilidade de uma mulher ao entrar em um veículo com um desconhecido, aplicativos exclusivamente femininos surgiram por todo o Brasil. O mais recente, ainda em fases de testes na Capital, é o
GoLady, proposto pela CEO da marca, Rafaela Jacoby. Além de pensar na segurança da passageira, a administradora ainda recorda que motoristas mulheres também estão vulneráveis em aplicativos mistos. "A ideia surgiu a partir de uma vontade, que tornou-se missão, de incentivar às mulheres a terem coragem e força para buscar autonomia", relata.
Motivada pelo livro Faça acontecer - Mulheres, trabalho e a vontade de liderar, da empresária norte-americana Sheryl Sandberg, Rafaela atentou-se para questões de desigualdade de protagonismos e quer incentivar mulheres a buscarem o seu caminho. "Nos propomos a ser uma opção para empreender com segurança. Além de um apoio, somos uma força feminina", enfatiza a empresária. Pelo engajamento, a empresa tem conceito B, com um modelo de negócios social atrelado à economia solidária. Na prática, essas empresas pretendem manter uma relação justa com seus empregados e clientes. "As taxas da GoLady são as melhores do mercado para as motoristas e, assim, permitem maior renda. O lucro está em segundo plano", explica Rafaela, que confia ao comprometimento mútuo o sucesso de sua empresa.
Com viés semelhante, o aplicativo Femini Driver conta com 390 motoristas parceiras em Porto Alegre e Canoas. Criado pela CEO Raquel Coelho e seu esposo Brunno Velasco, a ferramenta foi inspirada pela segurança das duas filhas do casal, após a série de divulgações de assédio nas redes sociais.
Pelos relatos repassados à empresa, suas consumidoras estabeleceram uma relação de confiança com a marca. A maioria delas conta, inclusive, que, caso estejam com uma motorista mulher, fazem questão de estarem no banco da frente do carro. Já nos casos de aplicativos mistos, com homens ao volante, a preferência era sempre pela parte de trás do veículo - o que evidencia a sensação de insegurança dessas mulheres com esse tipo de serviço.