Uma revisão do projeto que atualiza a planta de valores do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) em Porto Alegre será protocolada na Câmara Municipal nesta sexta-feira, em regime de urgência. A ofensiva da prefeitura conta ainda com outras 12 propostas, em sua maioria atingindo o plano de carreira dos servidores públicos municipais.
"Nada é mais importante para a qualidade de vida que o ajuste das contas da máquina pública", argumentou o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), durante a apresentação das propostas na Câmara, nesta quinta-feira, para uma plateia formada por vereadores, representantes de entidades empresariais e do sindicato dos servidores.
A principal mudança do novo projeto em relação ao rejeitado pelos vereadores no ano passado está no percentual da alíquota aplicada a cada faixa de valor do imóvel. Na tributação vigente, todos os contribuintes pagam de IPTU 0,85% do valor do imóvel. A proposta anterior apresentava seis faixas de alíquota, que iam de zero a 0,8%, dependendo do valor venal do imóvel. O projeto atual tem duas novas faixas, que variam de zero a 0,85%.
Além das faixas, a planta de valor dos imóveis será atualizada. A projeção do Executivo é de que a correção acrescente, em média, 14% no valor do boleto de 2019. O reajuste máximo, no primeiro ano, será de 30% em relação ao valor pago em 2018. O reajuste será realizado ao longo de quatro anos, como previsto no projeto anterior.
Caso o projeto seja aprovado como proposto, a projeção é de que o impacto financeiro seja de R$ 70 milhões em 2019, "o que não cobre sequer o crescimento vegetativo da folha, nem metade da folha de um mês", sustentou Marchezan. Este argumento foi utilizado pelo prefeito para defender os projetos vinculados ao funcionalismo.
Em relação ao IPTU, a justificativa segue sendo o da justiça tributária. Marchezan apresentou um levantamento comparando a situação de Porto Alegre com todas as outras capitais brasileiras, com o ano da revisão mais recente, com o partido que estava no governo e a quantidade de revisões realizadas desde 1991 - última realizada na capital gaúcha.
Comparações apareceram em outros momentos da fala do prefeito. Citou São Paulo, "a capital com o maior número de startups do País", para informar que o IPTU representa quase 18% da receita própria do município. Em Porto Alegre, esse valor é de 8%. "A receita própria é 28%, inferior ao que é considerado satisfatório", completou.
Marchezan apelou ainda para a relação dos contribuintes com outros impostos, alegando que as pessoas pedem a atualização da tabela do Imposto de Renda, e estabelecendo um paralelo entre o preço de veículos e o valor pago pelo Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em relação ao IPTU.
Ao citar os projetos com impacto da carreira do funcionalismo, Marchezan apresentou os equivalentes no governo do Estado ou na União. Como um dos exemplos, disse que votou favorável ao projeto que criou o regime de previdência complementar dos servidores federais, encaminhado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de quem era opositor.
Para demonstrar o apoio conquistado pelo Executivo aos projetos encaminhados à Câmara, o prefeito da Capital, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), convidou representantes de 20 entidades empresariais para acompanhar a apresentação que fez aos vereadores nesta quinta-feira. "Fizemos mais de uma centena de reuniões com as entidades e vereadores que desejaram debater esses projetos", declarou o tucano, afirmando que as propostas e emendas apresentadas foram avaliadas e consideradas na nova redação do projeto do IPTU.
Entre as entidades estavam as associações Comercial de Porto Alegre (ACPA) e Gaúcha de Supermercados (Agas), a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL), o Grupo de Líderes Empresariais (Lide Sul) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon).
A apresentação do projeto foi precedida de reunião a portas fechadas com cerca de 20 dos 36 vereadores da Capital - nenhum representante das bancadas de oposição acompanhou a visita do prefeito ao Legislativo. Conforme informou o vereador Cassiá Carpes (PP) na saída da reunião, foram tratadas questões regimentais, já que os projetos tramitarão em regime de urgência.