Uma investigação que começou no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) identificou fraudes na liberação de sete mil seguros-desemprego para pescadores em Caxias do Sul. Só que o município, o segundo maior polo metalmecânico do Rio Grande do Sul, não tem rios nem pescadores artesanais registrados, segundo apontou a Operação Timoneiro, da Polícia Federal (PF), deflagrada ontem.
Conforme a Polícia Federal, a fraude atinge R$ 20 milhões. A polícia prendeu temporariamente Julio Cesar Goss, servidor do Ministério do Trabalho que respondia pela Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Caxias do Sul. Buscas foram feitas no local de trabalho e na residência do servidor. Goss responderá pelos crimes de peculato, inserção de dados falsos em sistema de informações (artigos 312 e 313-A do Código Penal) e organização criminosa.
Por ter a senha para acessar o cadastro de requerentes de seguro-defeso em diversas regiões do Brasil, Goss fazia a solicitação. Mais da metade dos saques dos valores desviados foi levantada no Amapá, segundo a PF. As investigações tiveram início a partir de um relatório do MTE, que identificou "6.988 requerimentos do benefício com indícios de irregularidades em decorrência das intervenções indevidas realizadas pelo servidor".
O crime teria ramificações em outros estados brasileiros. O Ministério do Trabalho encaminhou à Polícia Federal uma lista com 50 nomes de pessoas que operam o sistema do seguro-desemprego e sobre as quais há indicativos de fraudes na liberação do seguro tradicional e do seguro-defeso para identificar a ocorrência de outras fraudes.