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Indústria

- Publicada em 24 de Abril de 2018 às 22:26

Trator a metano chegará ao Brasil em três anos

Lançamento da New Holland foi apresentado em fazenda do Paraná

Lançamento da New Holland foi apresentado em fazenda do Paraná


/NEW HOLLAND/DIVULGAÇÃO/JC
Tendo como um de seus nortes a sustentabilidade, a New Holland apresentou, ontem, em propriedade no interior de Castro, no Paraná, novo trator-conceito movido a metano. Pertencente a categoria T6, seu motor foi desenvolvido, especificamente, para a utilização do biogás pela FPT Industrial, pertencente à CNH Industrial, mesmo grupo da marca de maquinários agrícolas. Com seis cilindros, a novidade atinge 180 hp de potência, 740 Nm de torque - o que o coloca em posição de igualdade com o maquinário tradicional movido a diesel.
Tendo como um de seus nortes a sustentabilidade, a New Holland apresentou, ontem, em propriedade no interior de Castro, no Paraná, novo trator-conceito movido a metano. Pertencente a categoria T6, seu motor foi desenvolvido, especificamente, para a utilização do biogás pela FPT Industrial, pertencente à CNH Industrial, mesmo grupo da marca de maquinários agrícolas. Com seis cilindros, a novidade atinge 180 hp de potência, 740 Nm de torque - o que o coloca em posição de igualdade com o maquinário tradicional movido a diesel.
O vice-presidente da empresa para a América Latina, Rafael Miotto, explica que o produto deve chegar ao mercado global, incluído o Brasil, nos próximos três anos. "Pela relação custo-benefício, os preços praticados devem ser semelhantes às suas versões tradicionais a diesel", diz. A diferenciação do produto está em um melhor desempenho ambiental, com baixa na emissão de poluentes em 80%, além da redução em 10% das emissões de dióxido de carbono em condições normais de campo. Quando alimentado por biometano produzido a partir de restos de colheita, as emissões de CO2 ficam bastante próximas a zero.
Pelo entendimento de Miotto, assim, a possibilidade de fazendas energeticamente sustentáveis também fica mais próxima da realidade. Em Chácara Marujo, propriedade onde o protótipo foi apresentado, cerca de 300 m2 de biometano são utilizados diariamente para abastecer maquinários - inclusive protótipo de geração anterior do trator recém-apresentado. A biomassa utilizada é proveniente de efluentes da granja de criação de 10 mil suínos e 800 hectares de grãos.
O proprietário da fazenda, Ian Haasjes, acredita ter investido cerca de R$ 3 milhões nos biogestores e no restante do equipamento necessário para a purificação do gás e o abastecimento do maquinário. "Este é um investimento que vale a pena, uma vez que tenho a possibilidade de autonomia energética e essas tecnologias vêm para o bem do meio ambiente, além da sustentabilidade econômica", explica.
O tanque do novo protótipo, que tem capacidade para 100 quilogramas de gás, demora cerca de 10 minutos para ser abastecido e garante autonomia de até 24 horas para a máquina - mesma observada em tratores a diesel. O bom aproveitamento de espaços a partir da diferenciação em design conferiu ao produto essa autonomia. "No protótipo anterior, utilizado na fazenda do Ian (Haasjes), os cilindros tinham capacidade para 52 quilogramas. Com auxílio dos designers, foi possível dobrar a capacidade ao espalhar o tanque por boa parte do trator", conta o gerente de Marketing para Produto da New Holland, Nilson Righi.
Escocês e com atuação de 35 anos em desenhos automobilísticos, o diretor de Design da CNH Industrial, David Wilkie, explica que o trabalho desenvolvido globalmente por sua equipe assegurou ao produto diferencial pela aparência, mas também por sua funcionalidade. Cabine ergonômica, com visão de 360° por vidro fotossensível, garante visão 20% mais ampla ao condutor, entre outros diferenciais.
Este não é o primeiro produto New Holland a utilizar energia limpa. Em 2006, a marca foi a primeira a oferecer total compatibilidade com biodiesel. Três anos depois, houve o lançamento do primeiro trator movido a hidrogênio, e, mais recentemente, em 2012, a marca desenvolveu protótipo de trator movido a propano. Tanto o T6 movido a metano quanto outras máquinas da marca estarão em exposição no Agrishow, que acontece entre os dias 30 de abril e 4 de maio, em Ribeirão Preto.

Após trimestre ruim, Abimaq pode rever previsão de vendas

A direção da Abimaq, entidade que representa a indústria nacional de máquinas e equipamentos, adiantou, ontem, que, após o desempenho aquém das expectativas no primeiro trimestre, poderá rever para baixo as previsões de crescimento na faixa de 5% a 10% das vendas do setor se o mercado não reagir a partir de abril.
De janeiro ao mês passado, o faturamento das fábricas de bens de capital mecânicos teve leve aumento de 0,8%, quando deveria já estar crescendo em um ritmo de, pelo menos, 2%, disse o diretor de competitividade da Abimaq, Mário Bernardini, durante a apresentação dos resultados do setor em março.
"O primeiro trimestre é sazonalmente fraco. Mas março não é e não foi muito bom. Se abril também não for bom, terei um quadrimestre abaixo da expectativa, e isso me obriga a rever a previsão", comentou Bernardini.
Durante a coletiva, dirigentes da entidade criticaram o aumento do custo dos financiamentos - superior à taxa de retorno dos negócios - após a mudança nos juros praticados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), e apontaram baixa confiança das empresas. Juntos, esses fatores impedem que a melhora da produção industrial se traduza em retomada dos investimentos produtivos.
"As empresas investem quando têm horizonte de que vai ter demanda e que vai ganhar dinheiro com o investimento. Se não tiver certeza de que vai ganhar dinheiro, não programa investimento. A condição essencial é a expectativa de demanda e lucro", afirmou Bernardini. "Temos, hoje, um ambiente hostil ao investimento produtivo no Brasil", acrescentou.
A Abimaq está entregando aos pré-candidatos à presidência da República uma agenda de medidas de estímulo à industrialização, incluindo, no documento, propostas como o uso das reservas internacionais em instrumentos de proteção cambial (hedge) mais baratos para as empresas e maior competitividade bancária como caminho para reduzir os juros. "Os bancos seguem muito seletivos, porque ainda têm condições privilegiadas de aplicação a risco zero. Hoje, os bancos são uma padaria que não precisa fazer pão", comentou o diretor de competitividade da Abimaq.
Ele defendeu, ainda, que o governo aproveite o momento de inflação abaixo do centro da meta para permitir a valorização do dólar, dando, assim, maior competitividade aos produtos nacionais. Segundo Bernardini, seria viável, hoje, para o Banco Central, permitir que a taxa de câmbio "deslize" lentamente até a faixa de R$ 3,60 a R$ 3,80 - patamar mais competitivo para a indústria - sem grande custo para a sociedade ou estragos na inflação.

Nova política do setor automotivo, Rota 2030 vai ter fórmula híbrida

O governo finalmente deve editar nos próximos dias uma medida provisória (MP) regulando a nova política industrial para o setor automotivo, batizada de Rota 2030.
O desenho básico, com vários detalhes ainda a serem negociados, foi fechado ontem, após meses de embate entre os ministérios da Fazenda e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). O conflito exigiu a mediação do presidente Michel Temer, que nesta terça recebeu, em Brasília, os presidentes das associações de montadoras, autopeças, revendedoras e importadoras para falar do novo programa.
Chegou-se a uma fórmula "híbrida" de conciliação entre as duas pastas e as montadoras. Temer pretende anunciar o programa até o dia 5 de maio. O Rota 2030 terá validade por 15 anos e substitui o Inovar-Auto, que vigorou por cinco anos e terminou em dezembro.
O principal embate entre as duas pastas era se as montadoras teriam incentivos tributários para estimular investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). No programa anterior, o governo deu incentivos de R$ 7,5 bilhões para inovação, e as montadoras afirmam que investiram R$ 25 bilhões. O Mdic defendia novo subsídio, a Fazenda questionava - por causa de cortes no orçamento - e as montadoras ameaçavam reduzir investimentos.
Segundo fontes que participam das discussões, ficou definido que haverá incentivo anual de cerca de R$ 1,5 bilhão, embora neste ano o valor será inferior. O crédito será descontado por meio de uma fórmula que segue a Lei do Bem, como queria a Fazenda, por meio de abatimentos do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
O Rota terá também regras de eficiência energética e etiquetagem que já estavam em negociação com o setor.