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Conjuntura

- Publicada em 01 de Abril de 2018 às 21:22

Eduardo Guardia deve assumir a vaga de Meirelles no Ministério da Fazenda

Eduardo Guardia deve ser oficializado à frente do ministério nesta terça-feira

Eduardo Guardia deve ser oficializado à frente do ministério nesta terça-feira


NELSON ANTOINE/FOTOARENA/FOLHAPRESS/JC
O presidente Michel Temer deve escolher Eduardo Guardia para comandar o Ministério da Fazenda no lugar de Henrique Meirelles, que deixará o cargo amanhã para tentar disputar as eleições de outubro. Meirelles vai se filiar ao PMDB e quer concorrer à presidência da República, mas ainda não tem garantia da candidatura.
O presidente Michel Temer deve escolher Eduardo Guardia para comandar o Ministério da Fazenda no lugar de Henrique Meirelles, que deixará o cargo amanhã para tentar disputar as eleições de outubro. Meirelles vai se filiar ao PMDB e quer concorrer à presidência da República, mas ainda não tem garantia da candidatura.
No entanto, Guardia, 52 anos, atual secretário executivo da Fazenda, enfrenta resistências no Congresso por ser considerado um técnico sem jogo de cintura política. A escolha do nome dele faria parte de um acordo entre Temer e Meirelles para que o ministro se filiasse ao PMDB. Além disso, o presidente avalia que manter a continuidade na equipe econômica é o melhor caminho para evitar turbulências no fim do governo, principalmente às vésperas da campanha eleitoral. Temer planeja entrar no páreo por um novo mandato e pode ter Meirelles como vice.
Se até junho Temer não tiver melhor desempenho nas pesquisas, a tarefa de defender o governo poderá ficar com Meirelles.
De perfil discreto e técnico, Guardia se transformou numa espécie de "Senhor Não" nas negociações políticas com o Congresso. Para fechar o cofre do governo, ele bateu de frente com os aliados do presidente ao buscar restringir as vantagens concedidas aos partidos aliados, principalmente nas negociações para aprovação dos cinco Refis (parcelamento de débitos tributários). Também teve papel importante nas negociações para os estados em dificuldade financeira e foi decisivo para barrar um socorro de R$ 600 milhões para o Rio Grande do Norte, o que evitou uma fissura no time econômico.
Essa "linha dura" com os políticos ainda pode barrar seu nome. "Existem ainda conversas a serem desenvolvidas para que o presidente tome a decisão", disse ontem o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, após se reunir com Michel Temer no Palácio do Jaburu, em Brasília. Marun elogiou Guardia, e negou que haja disputa em torno do nome do novo ministro, que, segundo ele, deve ser algum integrante da atual equipe de Meirelles. Ele afirmou, no entanto, que o novo ministro "deve ter um trânsito político".
"Não há impasse, o que há são tratativas. Como o Meirelles não saiu ainda, em tese ele está conversando e não esgotou os caminhos que pode propor", disse o senador Romero Jucá (PMDB-RO), líder do governo no Senado, que também participou da reunião no Jaburu. O parlamentar afirmou ainda que "o cargo de ministro é um cargo político, claro que tem que ter bagagem técnica, mas o foco do presidente é ter visão política e visão técnica".

Indicado para o cargo pode ter dificuldades para manter diálogos políticos com o Congresso

Falar não é a principal tarefa dos que ocupam o posto de secretário executivo do Ministério da Fazenda, disseram dois ex-funcionários que passaram pela pasta. E talvez seja essa a origem da fama de pouco traquejo político mencionada por parlamentares que torciam contra a indicação de Guardia. Um alto funcionário da área econômica, em defesa de Guardia, diz que ele fala não olho no olho, "é um negociador duro, mas ético", além de competente e sério. Ainda assim, ele prevê que o novo ministro terá dificuldades em negociar com o Congresso. O problema está na falta de abertura para diálogo com os parlamentares.
Embora acostumado a lidar com políticos, Guardia é conhecido pelo pouco apreço a conversas que não sejam técnicas.
Dentro da Fazenda, o clima é diferente. O novo ministro é considerado de fácil interação e trabalha bem em equipe. Costuma se juntar à mesa com os secretários do ministério às segundas-feiras, quando fazem um balanço das atividades e traçam panoramas de trabalho. Com frequência, Guardia acorda às 5h e vai remar no Lago Paranoá. O exercício dura entre 30 e 40 minutos. Depois, segue para o ministério, onde costuma permanecer até 22h. A rotina de trabalho gira em torno de 13 horas por dia, não tão longa quanto a de Meirelles, cujas mensagens de celular apitam nos telefones dos secretários das 6h da manhã à meia-noite.
Os dois se conheciam dos tempos em que Guardia estava na BM&FBovespa (hoje B3), onde o futuro ministro trabalhou até chegar ao governo Temer, em junho de 2016. Lá, ele teve contato com o ex-presidente do Banco Central de FHC Arminio Fraga - ex-presidente do conselho de administração da BM&FBovespa (2009 a 2013).
Foi com o PSDB a primeira passagem de Guardia pelo governo federal. Em 2002, após galgar funções no Ministério da Fazenda, assumiu a Secretaria do Tesouro Nacional nos meses finais do governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2003, assumiu o posto de secretário da Fazenda de Geraldo Alckmin (PSDB), recém-eleito governador de São Paulo. Vem desse histórico a fama de "agente infiltrado tucano", que críticos lançam contra ele e que ganhou relevância neste ano eleitoral. Não à toa: Alckmin concorrerá à presidência e pode competir contra o presidente Michel Temer ou o próprio Meirelles em uma eventual candidatura do PMDB.
Contra esse argumento, seus colegas rebatem com a fama profissional que Guardia conquistou. O presidente do Banco do Brasil (BB), Paulo Rogério Caffarelli, lembra que, na presidência do conselho de administração do banco, em 2016, Guardia ajudou a viabilizar o difícil programa de aposentadoria incentivada, que afastou cerca de 10 mil servidores que já estavam aposentados. Isso contribuiu para enxugar a folha de pagamentos e melhorar a rentabilidade do BB.
No Ministério da Fazenda, a expectativa é que ele dê fôlego a assuntos que já vem acompanhando, como a solução do impasse com a Petrobras sobre a cessão onerosa no pré-sal, a privatização da Eletrobras e a simplificação do PIS/Cofins.

Governo confirma que Dyogo Oliveira presidirá Bndes e Colnago chefiará o Planejamento

O Palácio do Planalto confirmou ontem que o ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, assumirá a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). Para substituir Oliveira no Planejamento, foi escolhido Esteves Colnago, atual secretário executivo da pasta. A decisão foi feita em reunião no Palácio do Jaburu, entre o presidente Michel Temer, Dyogo Oliveira, Esteves Colnago e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, da Secretaria-Geral, Moreira Franco, além do líder do governo no Senado, senador Romero Jucá.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tentava emplacar o secretário de Acompanhamento Fiscal da Fazenda, Mansueto Almeida, para o cargo. Mas Oliveira defendeu a permanência de Colnago sob o argumento de que a escolha dele dará sentido de continuidade, já que Colnago conhece o funcionamento da pasta e é funcionário público há mais de 20 anos.
Economista com mestrado em Ciências Públicas, Esteves Pedro Colnago Junior atua na área econômica do governo desde 1996, quando iniciou carreira de analista no Tesouro Nacional. É analista do Banco Central desde 1998 e coordenou áreas no Ministério da Fazenda de 2004 a 2015. Foi secretário executivo adjunto de Dyogo Oliveira tanto na Fazenda como no Planejamento. Em abril do ano passado, foi efetivado como secretário executivo de Oliveira, substituindo-o em férias ou viagens ao exterior.
Colnago é presidente do Conselho de Administração do Bndes - para onde Oliveira está indo ser o presidente - e membro do Conselho de Administração da Eletrobras.