Semana do Teatro de Bonecos começa nesta sexta em Porto Alegre

O universo bonequeiro encantará o público de Porto Alegre a partir desta sexta-feira com a 28ª Semana do Teatro de Bonecos. Com mais de 20 espetáculos, a programação se estende até o dia 30 de abril e conta ainda com debates e exposições, que irão movimentar diversos centros culturais da Capital, como o Multipalco Eva Sopher, os Jardins do Arquivo Público do Estado (Apers) e o Centro Cultural Cia de Arte. A maioria das atrações é gratuita, com exceção das peças que acontecem no Theatro São Pedro (praça Marechal Deodoro, s/nº), cujos ingressos custam de R$ 10,00 a R$ 50,00.

A data de início do evento celebra, também, o Dia Nacional de Teatro de Bonecos, comemorado no dia 27 de abril. O destaque da noite, e da programação, é o espetáculo O ferreiro e o diabo, do grupo Anima Sonho, que sobe ao palco do Theatro São Pedro às 21h. O coletivo é um dos grupos mais antigos em atividade no Estado e completa 34 anos de trajetória em 2018. Com técnicas de manipulação de bonecos e máscaras, a montagem mescla atores, música e contação de histórias de um homem que vende a alma ao diabo em troca de juventude.

Sem incentivo público, a Semana do Teatro de Bonecos só se tornou possível devido ao trabalho coletivo dos artistas bonequeiros, com realização do Centro de Referência de Teatro de Bonecos (CRTB-RS) e com promoção da Associação de Amigos do Teatro São Pedro (Aatsp). Conforme explica Graziela Saraiva, diretora da Associação Gaúcha de Teatro de Bonecos (AGTB), a iniciativa "é totalmente autossustentável, não tem nenhum patrocínio, todos trabalham sem cachê, os grupos se somaram ao projeto e se colocaram à disposição, bancando sua viagem para se apresentar em Porto Alegre ou somando à ideia de viabilizar que a semana acontecesse".

Diferentemente dos outros anos, desta vez, a programação foi pensada para atingir um público maior. "As outras edições sempre trabalharam com escolas, então atingiam um outro grupo de público e eram espetáculos bem dirigidos para esse segmento." O novo formato se difere pela parceria com o Theatro São Pedro, que cedeu o Multipalco Eva Sopher, onde acontecem algumas apresentações.

A ideia, segundo explica Graziela, é ampliar o conhecimento a respeito da história dessa arte milenar para que "o público conheça mais e se aproprie da arte do teatro de bonecos". Para isso, foram elaboradas exposições e uma mostra com instituições que utilizam a arte bonequeira de forma educativa, entre elas a EPTC, o Arquivo Público e o Dmae. 

A homenageada desta edição é Tânia de Castro, criadora do grupo Camaleão Teatro de Bonecos. Importante nome do universo bonequeiro, Tânia participou ainda da produção executiva de 11 edições do Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Canela e de Caxias do Sul. "Neste ano, pensamos em fazer uma homenagem às mulheres bonequeiras, porque geralmente, quando se fala em teatro de bonecos, se pensa na figura masculina."

A escolha pela artista, para Graziela, também se deve ao seu trabalho e à sua contribuição ao teatro de bonecos gaúcho. "Ela ajudou a criar o movimento bonequeiro no Rio Grande do Sul, formou muitos bonequeiros que atuam hoje no Estado", comenta.

Conforme a diretora da AGTB, o Rio Grande do Sul é um dos maiores celeiros do teatro de bonecos no País e conta, atualmente, com mais de 40 grupos bonequeiros em atuação. Esse crescimento se deve, em parte, a iniciativas como o Festival de Bonecos de Canela, "que favoreceu bastante o mercado, porque a programação era criada com o que era de melhor no mundo, de referência e inovação".

Apesar de muitos espetáculos serem voltados à plateia mirim, Graziela acredita no teatro de bonecos como  um programa familiar. "Crianças se encantam com o fato de ter um personagem que faz uma relação direta com elas. Acho que o boneco mantém ainda esse grande lado humano que a arte propicia." A coordenadora ressalta também a importância das peças para desenvolver o lado lúdico e comunicativo das crianças. "Geralmente, os espetáculos funcionam com o retorno e com a participação do público no seu roteiro, na sua história; e as crianças gostam muito disso, de falar e responder para os bonecos, de participar da encenação que eles estão vendo", completa.