Afinação a dois: Duo Siqueira Lima faz show no Theatro São Pedro nesta terça

"Nós exploramos os arranjos de maneira praticamente composicional, principalmente na área de música brasileira", descreve Fernando de Lima, que forma, ao lado da esposa, Cecilia Siqueira, o Duo Siqueira Lima, dedicado aos violões. Com cinco álbuns na bagagem e um repertório que vai do erudito ao popular, a dupla estreia a Série Concertos Virtuosi, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), nesta terça-feira (24) à noite.

A apresentação está marcada para as 20h30min e tem ingressos por valores entre R$ 30,00 e R$ 120,00, dependendo do setor. As entradas podem ser garantidas antecipadamente pelo site do teatro. Na quarta-feira, a partir das 14h30min, os artistas também realizam uma masterclass no programa de pós-graduação em Música da Ufrgs, com inscrições pela internet.

O mineiro e a uruguaia se conheceram em 2001, quando participaram de um festival em Caxias do Sul. Na ocasião, por coincidência, empataram em primeiro pelo prêmio. Cerca de um ano depois, se encontraram novamente em São Paulo e começaram a tocar juntos sem grandes pretensões - o que evoluiu para um casamento pessoal e profissional. "Na época, eu tinha outras atividades, um quarteto, tocava solo. Cecilia também. Até que chegou um momento em que o duo se tornou nossa principal atividade", lembra o brasileiro, destacando que desde o início da trajetória eles apostam em um repertório diversificado.

Para o programa em Porto Alegre, estão previstas interpretações de peças de Debussy, Handel, Villa-Lobos, Piazzolla, Dominguinhos, Tom Jobim e Hermeto Pascoal. Conforme Lima, sempre que possível os dois escolhem uma gama de composições que passa desde música barroca até produções contemporâneas. Mesmo que sejam dois integrantes tomando decisões - o que altera a dinâmica em relação a um trabalho solo, por exemplo - o fato dos dois serem um casal facilita, segundo ele. "Não precisamos marcar ensaio, é só pegar os violões e sair tocando a qualquer hora. Acho que isso faz alguma diferença. Essa comunhão que temos acaba passando para a música", ressalta.

Se um debate comum a respeito de trabalhos instrumentais é a batalha por tornar esse tipo de arte mais popular, o Duo Siqueira Lima tem uma experiência de sucesso. Em 2009, um vídeo em que tocam Tico-tico no fubá a quatro mãos, em um único violão, viralizou. O arranjo foi escrito para mãos invertidas: enquanto um toca a melodia com a mão direita, o outro continua o movimento com a esquerda. A publicação, no YouTube, rendeu até convite para gravar um comercial no Japão, além de participações em festivais e salas de concerto de diferentes partes do mundo. 

Fernando de Lima e Cecilia Siqueira circulam com frequência pelo exterior, onde dizem que a carreira se estabilizou primeiro. Entre julho e agosto, a dupla vai estar na Europa. Já há apresentações confirmadas na Alemanha, na Dinamarca e na Itália. Dos 15 anos em que atuam juntos, os dois consideram que no Brasil a rotina profissional só ficou mais séria nos últimos cinco - e hoje não reclamam da agenda nacional.

Ao longo desse período, os músicos já foram comparados a outros duos de violões de destaque, como o de Ida Presti e Alexandre Lagoya (França/Egito) e dos brasileiros Sergio e Eduardo Abreu e Sergio e Odair Assad. Os elogios são destinados ao virtuosismo técnico e o entrosamento que apresentam.

Os mais recentes discos do casal foram lançados pelos GHA Records (Bélgica) e GuitarCoop (Brasil), e The art of Duo Siqueira Lima foi até considerado um dos melhores registros de violão de 2016 de acordo com a revista francesa Guitare Classique. O próximo álbum está previsto para a metade do ano, com repertório voltado a obras latino-americanas - e o casal pensa até em dedicar-se a compor no futuro, mas essa atividade está apenas no campo das ideias, por enquanto.

Já a Série Concertos Virtuosi tem pelo menos mais três atrações para o decorrer de 2018, em Porto Alegre. A lista inclui o pianista ucraniano Vadym Kholondenko, em junho; a soprano coreana Sumi Jo, em outubro; e a pianista Yeol Eum Sum, também da Coreia do Sul, em novembro.