Contra o comodismo: Palco Giratório trará mais de 100 sessões artísticas a Porto Alegre

A 13ª edição do Palco Giratório, festival de artes cênicas promovido pelo Sesc-RS na Capital, trará mais de 100 sessões artísticas no próximo mês, de 4 a 26 de maio. São mais de 50 espetáculos com ingressos de R$ 10,00 a R$ 20,00. A venda começa nesta quarta-feira (18) nas unidades do Sesc ou pela internet.

"Como não podia deixar de ser, o festival é um retrato das questões urgentes de hoje. Então, permanecemos com um viés político, colocando em pauta essas discussões", explica a coordenadora de Cultura do Sesc-RS e curadora do projeto Palco Giratório, Jane Schoninger. "Temos um foco muito forte na mulher, na questão do empoderamento feminino. Também abrimos espaço para as questões de gênero, da periferia, do negro. Isso é latente em nossa sociedade", destaca.

Nesse sentido, um dos destaques é a peça Eles não usam tênis naique, da Cia Marginal (RJ), formada por atores da Favela da Maré. O trabalho aborda as complexas relações estabelecidas no mundo do narcotráfico, inclusive dentro da própria família. A peça terá apresentação única no dia 15 de maio, às 20h, no Teatro Renascença.

Outra grande novidade é a presença de grupos de intensa bagagem nas artes cênicas, como o Teatro da Vertigem (SP), que completa 25 anos em 2018. A companhia é conhecida pela estética própria dentro do teatro de vivência, ao utilizar espaços públicos - uma igreja, um presídio e até um rio já se tornaram palco para seus espetáculos - como cena e imergir o espectador nesse universo criado.

Após mais de uma década sem apresentar espetáculos em Porto Alegre, o coletivo trará a peça O filho, que será encenada no Ginásio do Sesc Protásio Alves (avenida Protásio Alves, 6.220), entre os dias 6 e 10 de maio. Não poderiam faltar, ainda, os gaúchos Oi Nois Aqui Traveiz, que comemoram 40 anos, e a Cia. Stravaganza, que celebra 30 anos de atividades.

A programação do Palco Giratório reúne, ainda, convidados cariocas como Insetos, da Companhia dos Atores; Suassuna - O Auto do Reino do Sol, da Cia. Barca dos Corações Partidos; Tom na fazenda, dirigido por Rodrigo Portella; e O jornal - The Rolling Stones, com direção de Kiko Mascarenhas e Lázaro Ramos.

A música também marcará presença com o espetáculo Mulamba. Unindo influências que vão da MPB ao rock, Mulamba representa um grito de vozes silenciadas que têm muito a dizer. Neste show, munidas de instrumentos de cordas e vocais de peso, o sexteto curitibano apresenta um repertório impactante e inteiramente autoral.

Por meio de performances, o espetáculo traz à tona temas contundentes, como assédio, resistência e amor livre, a fim de ressignificar o papel da mulher na sociedade e reforçar o protagonismo feminino na música. O espetáculo será apresentado nos dias 25 e 26 de maio, no Theatro São Pedro.

O Palco Giratório também promove diálogos, troca de experiências e conhecimentos. Por isso, entre os focos do evento estão os intercâmbios e as conexões e a formação de público. Esta edição traz a novidade dos Encontros com a plateia, em que grupos realizam bate-papos com a comunidade. No dia 16 de maio, a Cia. Marginal (RJ) participa de encontro com alunos do bairro Restinga.

Jane concorda que a programação do Palco Giratório vai na direção oposta do que é considerado, hoje, entretenimento. "O festival é cultura, claro, mas também tem o propósito de sensibilizar, de colocar a plateia em contato com um mundo diferente. Não é direcionar o olhar do público, mas dar a ele outras opções", completa.

Todas as informações, como a programação completa, estão no site do festival (no qual também ocorre a venda on-line de ingressos). As apresentações acontecerão em 19 locais, como Theatro São Pedro; Renascença; Teatro Sesc Centro; Sala Álvaro Moreyra; Associação Vila Flores e Goethe Institut, além de diversos espetáculos de rua.