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Cultura

- Publicada em 12 de Abril de 2018 às 08:22

Entre o paraíso e o inferno: espetáculo Bobo celebra os 10 anos da vai!ciadeteatro

Intervenção aborda processo de tornar-se um ser humano, descobrimento do outro e o autoconhecimento

Intervenção aborda processo de tornar-se um ser humano, descobrimento do outro e o autoconhecimento


MAÍRA BARILLO/DIVULGAÇÃO/JC
Luiza Fritzen
Celebrando seus 10 anos de existência, a vai!ciadeteatro retorna ao Teatro de Arena (Borges de Medeiros, 835) a partir de amanhã com a estreia do espetáculo Bobo. A intervenção cênica aborda o processo de tornar-se um ser humano e o descobrimento do outro enquanto trabalha com o autoconhecimento. O solo é encenado por Vinícius Meneguzzi, com direção e dramaturgia de João Pedro Madureira. As sessões acontecem de sexta a segunda-feira, às 16h, até 30 de abril.
Celebrando seus 10 anos de existência, a vai!ciadeteatro retorna ao Teatro de Arena (Borges de Medeiros, 835) a partir de amanhã com a estreia do espetáculo Bobo. A intervenção cênica aborda o processo de tornar-se um ser humano e o descobrimento do outro enquanto trabalha com o autoconhecimento. O solo é encenado por Vinícius Meneguzzi, com direção e dramaturgia de João Pedro Madureira. As sessões acontecem de sexta a segunda-feira, às 16h, até 30 de abril.
A peça integra também a programação dos 50 anos do Teatro de Arena, que acolheu a primeira criação da vai!ciadeteatro em 2009, com a temporada do espetáculo Agora eu era. João Pedro Madureira, que fundou o grupo juntamente com Vinícius Meneguzzi e Maria Luíza Sá, afirma que a oportunidade de voltar ao local é um presente. "O Teatro de Arena tem uma importância política tremenda e em meio a tantos espaços públicos culturais fechados ou eternamente em obras e sem recursos para se manterem. Conseguir, depois de 10 anos de trajetória, comemorar lá é realmente muito especial."
Bobo é a primeira de duas peças que o grupo apresenta em 2018 em homenagem aos seus 10 anos de estrada. Em outubro, será a vez de Calígula, também dirigida por João Pedro Madureira, que divide o texto com Maria Luíza. Enquanto Bobo, com classificação livre, aborda a constituição do sujeito a partir das relações afetivas com o outro, Calígula, voltada ao público adulto, faz um estudo sobre o mal estar provocado pelas relações humanas civilizadas. Como explica Madureira, o projeto buscar tensionar as afirmações do filósofo Jean-Paul Sartre, de que o inferno são os outros, na primeira peça, e do escritor Valter Hugo Mãe, de que o paraíso são os outros, na segunda.
Construída a partir da visualidade, a narrativa de Bobo foi desenvolvida para problematizar o modelo de dramaturgia comumente oferecida às crianças. Para isso, a peça busca oferecer uma experiência teatral que valorize a expressividade e o movimento, manipulando os objetos cênicos, que se tornam mais do que acessórios de palco.
Nesse sentido, a montagem também espera que a plateia se torne ativa, capaz de operar em códigos que vão além da linguagem falada. Esse ato procura desafiar o espectador a criar os nexos e atribuir significados próprios ao que está vendo. A ausência de falas e a riqueza de imagens permitem, ainda, que o espetáculo seja acessível a surdos e não falantes da língua portuguesa, adquirindo uma linguagem universal.
Com um cenário simples, Meneguzzi divide o palco com bonecos do tipo joão-bobo, que têm como função representar as pessoas do cotidiano do personagem, como sua mãe, seu irmão recém-nascido, e seus novos colegas de escola. A partir dessas interações, ele descobre mais sobre os outros, ao mesmo tempo em que fica mais civilizado e se reinventa. Segundo o diretor, a peça aborda "o quanto da constituição do eu, do que a gente é, se dá através das relações com as outras pessoas e, ao mesmo tempo, o quanto essas relações nos afastam de quem a gente é na essência".
Sem alcançar o chão, as criaturas plásticas representam também uma pessoa que não se submete. Afinal, não importa se é empurrado e se oscila, ele não tomba e está sempre de pé. Nesse sentido, a narrativa remete ao fato de um ser que não cede em suas vontades, no entanto, não é capaz de sair do lugar sozinho.
Além dos dois espetáculos, a vai!ciadeteatro irá oferecer oficinas gratuitas. A primeira delas, Memória, Corpo e Dramaturgia: uma experiência prática acontece de 17 a 19 de abril, das 10h às 14h.
Nos encontros, Madureira compartilhará a metodologia de trabalho que desenvolve junto aos atores ao longo de oito anos com encenador. Segundo o diretor, as aulas são uma oportunidade de troca. "Acho que meu trabalho como artista envolve muito a ideia de compartilhar conhecimento e a oficina vem do desejo de dividir com outros artistas as experiências que a gente viveu", encerra.
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