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Cultura

- Publicada em 11 de Abril de 2018 às 08:39

Aos teus olhos: filme discute julgamento apressado em acusação por pedofilia

Protagonista do longa, Daniel de Oliveira interpreta professor Rubens, acusado de beijar aluno

Protagonista do longa, Daniel de Oliveira interpreta professor Rubens, acusado de beijar aluno


DANIEL CHIACOS/DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
A cineasta Carolina Jabor apresentou pela primeira vez seu novo filme, Aos teus olhos, em outubro do ano passado, no Festival do Rio. Havia se passado apenas alguns dias após o estopim da polêmica sobre a exposição Queermuseu no Santander Cultural, em Porto Alegre, e a performance de um artista nu no 35º Panorama de arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna, em São Paulo. "As pessoas diziam 'parece que você filmou semana passada', relata a diretora. Pedofilia (do que parte do público acusou as duas exposições) entra em pauta no longa-metragem, mas não é seu tema principal. Com estreia no circuito comercial amanhã, o projeto tem como objetivo discutir como um julgamento apressado pode destruir a reputação de uma pessoa - sobretudo na era das redes sociais.
A cineasta Carolina Jabor apresentou pela primeira vez seu novo filme, Aos teus olhos, em outubro do ano passado, no Festival do Rio. Havia se passado apenas alguns dias após o estopim da polêmica sobre a exposição Queermuseu no Santander Cultural, em Porto Alegre, e a performance de um artista nu no 35º Panorama de arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna, em São Paulo. "As pessoas diziam 'parece que você filmou semana passada', relata a diretora. Pedofilia (do que parte do público acusou as duas exposições) entra em pauta no longa-metragem, mas não é seu tema principal. Com estreia no circuito comercial amanhã, o projeto tem como objetivo discutir como um julgamento apressado pode destruir a reputação de uma pessoa - sobretudo na era das redes sociais.
O enredo gira em torno de Rubens, um professor de natação que dá aula para uma turma de crianças. Da noite para o dia, sua rotina vira do avesso: um dos alunos diz para a mãe que foi beijado na boca pelo professor, e a mãe relata o caso em um grupo de mensagens na internet. Verdadeira ou falsa, a acusação devasta a vida do personagem.
"O filme é muito mais sobre o olhar que temos sobre uma situação como essa e sobre como nós julgamos do que sobre se ele fez ou não", conta a realizadora, que dirigiu um elenco com Daniel de Oliveira, Marco Ricca, Malu Galli e Stella Rabello, entre outros. Apesar das diferenças de tom e temática, o segundo longa-metragem da diretora segue um modelo de cinema semelhante ao trabalho anterior da carioca - Boa sorte (2014), a respeito de um jovem que se apaixona por uma dependente química em uma clínica de reabilitação. 
Os dois exemplos estão posicionados entre os filmes que visam primordialmente a reflexão e aqueles que têm como mote o entretenimento puro. "O que me interessa é isso, comunicar e ter uma autoria", relata Carolina, a respeito da ideia de tentar alinhar curvas dramáticas que interessem ao público em geral e um modo narrativa que com o qual possa satisfazer suas próprias ambições artísticas. Em vez da polarização de filmes "cabeça", comuns a circuitos de festivais, e trabalhos de grande público (como boa parte das comédias produzidas nacionalmente nos últimos anos), ela acredita na necessidade de filmes "do meio".
A dificuldade para conseguir viabilizar projetos audiovisuais no Brasil, no entanto, impõe restrições nos bastidores. "Eu queria fazer um filme logo após o Boa sorte. Então precisava ter um orçamento pequeno, e para isso precisava achar uma situação pequena, com poucos personagens", relembra. A solução foi encontrada na peça O princípio de Arquimedes, do catalão Josep Maria Miró, que inspirou o roteiro assinado por Lucas Paraizo. "[O filme] se chama Aos teus olhos por causa dos pontos de vista. Partimos da premissa de que cada um tem a sua verdade", continua a diretora, reiterando que pedofilia não é o tema central. "É a semente para a discussão, por ser algo delicado e polêmico... em uma acusação como essa, de cara você tende a culpar a pessoa. Mas a discussão maior é sobre as novas formas de comunicação e julgamento que temos. Com um clique, um compartilhamento, uma opinião apressada, podemos prejudicar alguém." 
No Festival do Rio, o filme conquistou os prêmios de melhor roteiro, ator (Daniel de Oliveira), ator coadjuvante (Marco Ricca, como o pai do aluno) e melhor longa de ficção pelo voto popular. O longa também conquistou o Prêmio Petrobras de Cinema na 41ª Mostra São Paulo, entre outros destaques.
Já para o futuro, a cineasta tem outro projeto encaminhado. A série erótica Desnude, que em cada episódio apresenta uma história sensual protagonizada por uma mulher diferente, vai ganhar novos capítulos.  Na primeira temporada, que estreou em março no GNT, participaram nomes como Cláudia Ohana, Maria Luisa Mendonça, Clarice Falcão, Rafaela Mandelli e Eduardo Moscovis. "A audiência foi bacana. Prazer feminino é mais misterioso, então temos que falar mais sobre isso", conta Carolina, ressaltando que a série foi desenvolvida por uma equipe de mulheres. Os textos do segundo ano do seriado estão em fase elaboração, com previsão de estreia para 2019.
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