Comentar

Seu coment�rio est� sujeito a modera��o. N�o ser�o aceitos coment�rios com ofensas pessoais, bem como usar o espa�o para divulgar produtos, sites e servi�os. Para sua seguran�a ser�o bloqueados coment�rios com n�meros de telefone e e-mail.

500 caracteres restantes
Corrigir

Se voc� encontrou algum erro nesta not�cia, por favor preencha o formul�rio abaixo e clique em enviar. Este formul�rio destina-se somente � comunica��o de erros.

Porto Alegre, quinta-feira, 03 de maio de 2018.

Jornal do Com�rcio

Colunas

COMENTAR | CORRIGIR
Ant�nio Hohlfeldt

Teatro

Not�cia da edi��o impressa de 27/04/2018. Alterada em 26/04 �s 17h21min

Babil�nia do palco

A Babilônia, como se sabe, foi o que hoje se chamaria um país desenvolvido, em seu tempo. Mas também significou, em algum momento, uma espécie de poder enlouquecido e sem nexo. Certamente por estes dois motivos o dramaturgo Artur José Pinto e o diretor Néstor Monasterio decidiram intitular como Palco Babylonia seu novo espetáculo, que tem como tema a própria atividade dramática de Monasterio e uma reflexão, alegre e irreverente, sobre o teatro. Palco Babylonia estreou no ano passado, mas eu não conseguira assistir ao espetáculo, na ocasião. Tive a sorte de, na semana passada, não apenas conhecer o novo trabalho de Monasterio, quanto acompanhá-lo com uma plateia muito especial, integrantes de um grupo de terceira idade, de uma entidade assistencial da cidade, que foram recepcionados pelo elenco do espetáculo.
A estrutura de Palco Babylonia é, efetivamente, uma babilônia: tem de tudo um pouco, não existindo um enredo, propriamente dito, a não ser o fato de que, como diz o personagem, logo no início, o próprio diretor/ator Néstor Monasterio trata de rememorar episódios e experiências vividas pelo diretor/dramaturgo/ator na cidade de Porto Alegre que, por sorte nossa, escolheu como sendo sua cidade adotiva e onde, não apenas desenvolveu sua atividade artística, quanto constituiu sua vida pessoal e familiar. Monasterio tem uma qualidade constante de trabalho advinda de uma profissionalização levada a sério, sobretudo quando brinca, já que ele é, antes e acima de tudo, um ator de comédia. Daí a enorme admiração e respeito que tenho por ele. Um espetáculo de memória, neste sentido, é oportuno porque nos permite, acompanhando o artista, refletir a respeito de sua arte, que é justamente o que ele propõe neste trabalho.
Com cerca de hora e meia de duração, Artur José Pinto, que tem sido um dramaturgo constante em nossa ribalta, tece cenas variadas, a partir de um fio condutor, as pretendidas memórias do diretor. Mas logo entra em cena uma espectadora muito complicada, vivida por Heloísa Palaoro, assim como antes já estivera no palco Fernando Washburger, intérprete, primeiro, de um Noé muito desconfiado com os desígnios de Deus, mais adiante, de um Pedro Álvares Cabral cético e covarde.
A tessitura do espetáculo está equilibrada. A este roteiro principal, mesclam-se momentos múltiplos, que permitem explorar as potencialidades dos intérpretes (Heloísa, com excelente impostação vocal e belo timbre; Fernando, com versatilidade de tipos; Monasterio como ele mesmo, incorporando figuras como Jeová ou Sócrates, sobretudo um engraçadíssimo pseudoíndio brasileiro em diálogo com a Rainha de Portugal). O objetivo do espetáculo é, fundamentalmente, divertir, e isso o grupo de atores alcança, com facilidade, num ritmo sempre equilibrado e rápido, como a comédia necessita.
A ambientação cênica de Rodrigo Lopes é extremamente simples, mas serve às necessidades do trabalho, formada apenas por reposteiros. Os figurinos de Deh Dullius e Lolla Monasterio igualmente servem bem à caracterização das figuras em cena; a coreografia de Cibele Sastre tem como principal função a naturalidade do intérprete em cena, e isso é plenamente alcançado. Destaque-se, por fim, a figura que creio ser de Lolla Monastério - filha do diretor - que funciona como uma contrarregra explícita em cena e que rouba todos os momentos em que aparece. É uma grande ideia, que quebra e reanima o andamento da encenação.
Ao longo dos anos em que venho acompanhando as artes cênicas em nossa cidade pude também seguir de perto o surgimento, a evolução e a afirmação de um sem número de artistas, de dramaturgos a diretores e atores/atrizes. Posso concluir que nossa cidade é capaz de reconhecer bons diretores e criadores cênicos. Néstor Monasterio é um deles. Temos tido sorte com esta proximidade com o Prata. Monasterio aqui chegou, aqui ficou: soubemos atraí-lo e prendê-lo, ele soube responder a isso com carinho e competência. Assim como fiquei mais velho, ao longo destes anos, Monasterio também criou cabelos brancos sempre presentes em um palco, o que é emocionante. Palco Babylonia é, neste sentido, uma necessária homenagem a um homem de teatro (parafraseando Paulo Autran) como se diz, acertadamente.
COMENTAR | CORRIGIR
Coment�rios
Fernando Waschburger 03/05/2018 13h27min
Ant�nio, merecidas as tuas palavras acerca do trabalho do N�stor, um homem de teatro. Para contribuir, a contrarregra que "rouba a cena" � a Evelise Waschburger, atriz, tamb�m participante da Cia Etceteratral, mas que estava afastada dos palcos desde meados dos anos 90. No teu texto, voc� sugere que possa ser a Lola Monasterio. Os programas impressos fazem falta nos teatros. Saludos.