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Entrevista Especial

- Publicada em 26 de Março de 2018 às 00:02

Primeira opção do PMDB é lançar Temer, diz Perondi

Já na sucessão estadual, Sartori "é o nome forte do PMDB", resume o deputado federal

Já na sucessão estadual, Sartori "é o nome forte do PMDB", resume o deputado federal


fotos: MARCO QUINTANA/JC
O lançamento à reeleição do presidente Michel Temer ao Planalto é a opção número um do PMDB para o pleito deste ano. A informação é do deputado federal gaúcho e vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Darcísio Perondi, um dos homens fortes da atual gestão. A declaração de Perondi ao Jornal do Comércio coincide com a entrevista de Temer a revista IstoÉ, quando o presidente praticamente assumiu sua candidatura. "Não concorrer seria uma covardia", disse Temer à revista.
O lançamento à reeleição do presidente Michel Temer ao Planalto é a opção número um do PMDB para o pleito deste ano. A informação é do deputado federal gaúcho e vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Darcísio Perondi, um dos homens fortes da atual gestão. A declaração de Perondi ao Jornal do Comércio coincide com a entrevista de Temer a revista IstoÉ, quando o presidente praticamente assumiu sua candidatura. "Não concorrer seria uma covardia", disse Temer à revista.
Entretanto, sua candidatura ainda não é dada como certa. Uma possível alternativa seria o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), que já foi convidado a entrar no PMDB. "Se o Temer não for, ele seria (o candidato)", explica Perondi. O partido ainda aguarda uma resposta de Meirelles. O certo, segundo o parlamentar, é que o PMDB lançará candidato próprio à presidência em 2018, o que não acontece desde a eleição de 1994.
No cenário estadual, Perondi crê que o governador José Ivo Sartori (PMDB) será candidato à reeleição. O anúncio deve sair assim que for assinado o Regime de Recuperação Fiscal (RRF). "É o nome forte do PMDB", resume o deputado sobre Sartori.
O ideal, para Perondi, seria fazer uma aliança com o PP no primeiro turno, tendo o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP) - também pré-candidato ao governo - como vice de Sartori, e Ana Amélia Lemos (PP) como uma das duas candidatas ao Senado.
Nesta entrevista, Perondi cita quadros que podem disputar o Senado pelo PMDB - e coloca seu nome na mesa para a disputa. Ele ainda aponta o presidente do partido no Estado - o deputado federal Alceu Moreira - e o governador Sartori como nomes que podem suceder Pedro Simon no posto de liderança máxima do PMDB gaúcho.
Jornal do Comércio - O PMDB vai lançar o presidente Michel Temer à reeleição?
Darcísio Perondi - Ou o (Henrique) Meirelles. O presidente Michel Temer tem compromisso de ficar até o fim. O Meirelles já foi convidado - ainda não respondeu - a ingressar no partido e ser o nosso candidato. Na verdade, o convite foi o seguinte: entrar no partido e ficar na expectativa. Se o Temer não for, ele seria. O convite foi feito, e estamos aguardando. Vamos participar (da eleição com candidato próprio).
JC - O prazo é curto até a decisão. Tem alguma sinalização do Meirelles?
Perondi - Ele está sorrindo... O que existe, hoje, na linha de frente: um candidato moribundo (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT), mas a esquerda vai soltar, e um candidato de direita radical (Jair Bolsonaro, PSL). Tanto da esquerda como da direita radical não servem, então precisa candidato do meio. Já saiu o Rodrigo (Maia, DEM), precisa sair o Meirelles ou o Temer. Ou Paulo Hartung (PMDB, governador do Espírito Santo), extraordinário quadro, mas ele vacila. Se quisesse, devia estar viajando já... Precisamos construir uma candidatura do meio.
JC - Temer é a primeira opção do PMDB?
Perondi - Sim, sim. Não temos uma segunda.
JC - Mas existe essa conversa com o ministro Meirelles.
Perondi - Sim, o presidente do partido convidou, e ele não deu retorno.
JC - No Rio Grande do Sul, o PMDB segue apostando no governador José Ivo Sartori à reeleição?
Perondi - Sim. E o Sartori, cuidadoso, como sempre...
JC - Existe a possibilidade de ele não ter o interesse em concorrer?
Perondi - Existe a possibilidade de ele não ter interesse. Ele está animado, mostrando o governo, defendendo. Na semana passada, passei por quatro municípios com ele, com o discurso do que foi e do que ainda precisa ser feito. Mas ele não diz sim. Ele fez assim na outra vez (na eleição de 2014), foi difícil, resistia muito. Mas, agora, seria menos difícil, porque ele está no governo. Minha opinião: Sartori será candidato se fizermos o acordo do Regime de Recuperação Fiscal.
JC - Ele tem atrelado a isso?
Perondi - Não, ele é mais ou menos como o Michel: sorri, não diz sim, mas todo mundo quer. No roteiro que fizemos, está todo mundo pedindo.
JC - Sartori é o nome do PMDB hoje?
Perondi - É o nome forte do PMDB.
JC - Caso ele acabe resistindo, há outro quadro para lançar?
Perondi - Não tem, é ele.
JC - O RRF está a quantos passos de acontecer? Qual a distância para fechar este acordo?
Perondi - Está a um passo. Agora, temos essa oportunidade, que o governo Michel construiu no ano passado e fez uma lei de regime fiscal. A primeira parte, em Brasília, foi a feitura da lei. A segunda parte foi a pré-adesão que a Assembleia aprovou, foi difícil também lá em Brasília. E, depois, veio para a Assembleia, e vocês viram a dificuldade, porque os partidos não conseguem deixar as camisetas em casa e vestir a camiseta do Rio Grande do Sul. Lamentável que partidos de oposição pensem assim. Parece que os funcionários (públicos) estão bem, que as prefeituras estão bem, que está tudo em ordem no Estado e que não precisa fazer isso. Impressionante. Então, a pré-adesão está feita (aprovada), e estamos encaminhando o pré-acordo em Brasília.
JC - Alguma previsão de quanto tempo?
Perondi - O quanto antes. Acho que 15 dias, temos pressa.
JC - De qualquer maneira, é o pré-acordo. Aí, passa para a discussão do acordo.
Perondi - Aí, relaxa. Estamos seguros no Supremo (Tribunal Federal, que deu liminar para que o Estado não pague parcelas da dívida com a União).
JC - Com essa sinalização de que está se encaminhando para um acordo...
Perondi - Isso. Aí, não mexe, o Estado não precisa pagar...
JC - Mas, de qualquer maneira, passando para a etapa seguinte, que é o acordo, mudam-se as exigências e entra em um outro ponto frágil, que é a questão das privatizações de estatais.
Perondi - Aí, é definitivo. Mas, com o pré-acordo, estamos seguros quanto ao não pagamento das parcelas.
JC - E como vai ser a articulação em relação aos ativos?
Perondi - Uma atitude de cada vez.
JC - O próprio secretário da Fazenda, Giovani Feltes (PMDB), comentou que esse seria um tema para também se levar à câmara de conciliação. É possível?
Perondi - Vamos levar, sim, mas não sei se teremos garantia sem a venda, ou, ao menos, sem a liberação para vender. Aí, de novo, é a consciência dos parlamentares gaúchos. Manter estatais que dão prejuízo ou, de novo, deixar as camisas dos seus partidos em casa.
JC - Sartori disse que, tendo condições, realiza o plebiscito para venda das estatais junto com a eleição, em outubro. É o caminho mais viável para as privatizações?
Perondi - Vamos fazer. Que a sociedade gaúcha escolha. Se quer um Estado mais pesado, gastador, com esse déficit enorme que quase não tem saída. Quer piorar o déficit? A sociedade vai julgar. Aliás, já na reeleição do Sartori, a sociedade vai julgar o que quer. Se os gaúchos quiserem, de novo, um governo irresponsável, que gasta mais do que arrecada, experiências muito ruins. Ou um governo austero, que está recuperando o Estado, que é o primeiro passo para ter condições de pegar empréstimo. Tem recursos lá fora, a 1% ou 2% ao ano. Para concluir estradas, para segurança, para educação, até para a saúde tem.
JC - Isso dentro dessa concepção de reformas?
Perondi - Sim, é vital. Essa vai ser a grande decisão do Estado. Ou vai pensar no cidadão, ou vai pensar nas corporações públicas. E o candidato a governador vai ter que discutir isso com a sociedade.
JC - O senhor classifica Sartori como um dos primeiros governadores reformistas do Estado?
Perondi - Não. O (Antônio) Britto (PMDB, 1995-1998) foi o primeiro. O Britto e a Yeda (Crusius, PSDB, 2007-2010). E, agora, o Sartori. Qualquer um, se tivesse se reelegido...
JC - O senhor não coloca nessa lista o ex-governador Germano Rigotto (PMDB, 2003-2006)?
Perondi - Rigotto, me preservo de comentar sobre meu companheiro. Só não citando já basta. Rigotto foi didático, burocrático. É uma figura maravilhosa, carismática, envolvente, mas falta coragem.
JC - Quando se fala em eleição aqui, no Estado, sempre se tem aquela ideia de que o Rio Grande do Sul não reelege governadores. Sartori consegue mudar esse paradigma?
Perondi - Sim. Fechando o acordo, ele consegue pagar em dia a folha e fazer alguns investimentos que, milagrosamente, já está fazendo. Aumentar alguns investimentos. Reforça a segurança, que melhorou muito com o secretário (Cezar) Schirmer (PMDB); a saúde está bem organizada com o (João) Gabbardo (dos Reis). Negociando, paga em dia e pode, talvez, fazer algum empréstimo relâmpago. Hoje, devemos mais de 200% do que arrecadamos. Coisa louca, né? Ele não disse sim ainda, mas é o candidato. A base quer. E queremos o PP de vice. Essa é a melhor proposta que tem para o PP. Vai o (Luis Carlos) Heinze de vice, que é um belíssimo quadro.
JC - Heinze já disse que só se candidataria se fosse cabeça de chapa. O senhor acredita que ele aceitaria?
Perondi - Não sei. O Heinze é muita conversa.
JC - Já estão em conversa?
Perondi - Sim, o presidente (do PMDB estadual, Alceu Moreira) já está conversando com o PP e com todos os partidos. Heinze, Sartori... Heinze ou qualquer outro que indicarem, uma mulher, um jovem do PP. Garante a reeleição da Ana Amélia (Lemos). Sobra uma vaga para o PMDB, são os dois maiores partidos, que têm mais prefeituras e mais vereadores. Confirma no segundo turno... Para sair da crise definitivamente, o Estado vai precisar de mais uns três governadores reformistas. E temos quadros. E, no futuro, poderá ser de outros partidos que vão se aliar. Achava que o PSB iria contribuir, mas não acompanhou as reformas agora, nem lá em cima (Brasília). O PSB é um partido que começou a olhar pelo retrovisor, uma lástima. E o PSDB, no segundo turno, vem (apoiar Sartori).
JC - O senhor acredita que o PSDB não chega ao segundo turno?
Perondi - Não, não tem estrutura. Sartori ganharia no primeiro turno com o PP. Chega no segundo turno, mas, com o PP, ganha no primeiro. E por que não todos os partidos se juntarem com o Sartori?
JC - Tem espaço para esse tipo de construção?
Perondi - Não, não tem.
JC - O senhor falava da questão das vagas ao Senado. No caso de uma coligação com o PP, já teria uma vaga para a Ana Amélia. E o outro nome, do PMDB?
Perondi - A Ana Amélia garante. Aí, tem Alceu, Rigotto, Perondi, (o ministro do Desenvolvimento Social) Osmar Terra.
JC - "Perondi vai ao Senado." É a sua intenção?
Perondi - Não, Perondi é candidato à reeleição. Conforme as circunstâncias... Meu nome já está na mesa do presidente do partido. Mas sou candidatíssimo à reeleição, não vou deixar a minha macrorregião lá sozinha. Mas, se as circunstâncias forem boas, vou (ao Senado). Ah, vou.
JC - Se não houver aliança com o PP, são duas vagas que o PMDB pode preencher. Preencheria as duas?
Perondi - Sim, mas vamos fazer aliança.
JC - Quem vocês buscam, hoje, para alianças?
Perondi - Todos, menos os partidos de esquerda.
JC - PDT também entra?
Perondi - PDT é aquele partido que só suga e depois solta. O PDT repete a sua visão pré-histórica de Rio Grande e de Brasil. É uma lástima. Tem alguns quadros bons, ponto.
JC - Há conversas mais avançadas com algum outro partido?
Perondi - Não.
JC - Em 2010, podendo lançar dois candidatos ao Senado, o PMDB optou por lançar apenas um...
Perondi - Aquele foi um erro brutal. E perdemos aí. Esse erro não será repetido. Mas não vamos (lançar dois nomes do PMDB ao Senado). Vamos lançar um, e outro com um partido (coligado).
JC - Quem pode suceder o ex-senador Pedro Simon como liderança máxima do PMDB gaúcho?
Perondi - Ele é insubstituível, não é candidato a nada, mas continua opinando.
JC - Mas quem seria uma nova liderança para que o partido se reúna em torno?
Perondi - A eleição do Alceu Moreira foi uma eleição da convergência. Ele e o próprio Sartori.

Perfil

Darcísio Perondi tem 70 anos e nasceu em Ijuí. Filiado ao PMDB desde 1993, é deputado federal e está no 5º mandato consecutivo, tendo assumido uma cadeira no Congresso Nacional pela primeira vez em 1995. É um dos vice-líderes do governo do presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados. Médico pediatra, formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) em 1974, com pós-graduação em Puericultura e Pediatria, também pela Ufrgs, e extensão em Psiquiatria Infantil e Adolescência, pelo Instituto Leo Kanner. Fez parte do corpo clínico do Hospital de Caridade de Ijuí, tendo presidido a instituição. Na Câmara, presidiu a Frente Parlamentar da Saúde e a luta por mais recursos para o SUS, e foi o relator da Lei de Biossegurança, que regulamentou as pesquisas com células tronco embrionárias e organismos geneticamente modificados. É membro titular do diretório estadual do PMDB.