Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

negócios corporativos

- Publicada em 19 de Março de 2018 às 16:39

Advent quer investir no País

Empresas de varejo voltam ao radar, informa Clóvis Meurer, da Abvcap

Empresas de varejo voltam ao radar, informa Clóvis Meurer, da Abvcap


/RODRIGO CAPOTE/AGÊNCIA O DIA/AE/JC
Em um período marcado por recessão e em que parte dos seus pares chegou a deixar o País, o fundo de private equity Advent registrou, no ano passado, um dos melhores desempenhos de sua história. A gestora norte-americana, que compra participações em empresas para revendê-las com lucro, embolsou R$ 4 bilhões ao se desfazer de negócios dos quais era sócia, como o terminal portuário TCP, em Paranaguá (PR), e sua fatia no laboratório Fleury.
Em um período marcado por recessão e em que parte dos seus pares chegou a deixar o País, o fundo de private equity Advent registrou, no ano passado, um dos melhores desempenhos de sua história. A gestora norte-americana, que compra participações em empresas para revendê-las com lucro, embolsou R$ 4 bilhões ao se desfazer de negócios dos quais era sócia, como o terminal portuário TCP, em Paranaguá (PR), e sua fatia no laboratório Fleury.
Na outra ponta, investiu R$ 1,6 bilhão em empresas com potencial de expansão. E mantém o apetite em alta: segundo fontes, o fundo está na briga pela operação da rede de supermercados Walmart no País e não desistiu da Via Varejo, divisão de eletroeletrônicos do Grupo Pão de Açúcar. O fundo também não descarta ativos em concessão de rodovias.
Enquanto fundos como o norte-americano Texas Pacific Group (TPG) e o britânico 3i fecharam os escritórios no País, o Advent investiu cerca de R$ 600 milhões para arrematar uma fatia de 10,4% no grupo de educação Estácio, que teve a fusão com a Kroton barrada. O objetivo é repetir o feito da Kroton, investimento do fundo que virou líder do setor.
O Advent tem cerca de R$ 10 bilhões em caixa. Parte dos recursos foi captada para aporte direto no Brasil e outra vem do fundo global, que pode ser direcionado para países da América Latina.
Durante a crise, ativos de infraestrutura, educação, saúde e operações financeiras foram os que mais tiveram aportes de investidores, diz Clóvis Meurer, da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). Aos poucos, com a recuperação da economia e a melhora do consumo as empresas de varejo voltam ao radar dos investidores.
No caso do Walmart, as conversas entre Advent e a gigante norte-americana começaram há mais de seis meses. A rede busca um sócio minoritário para reerguer sua subsidiária brasileira, que vem acumulando resultados negativos nos últimos anos. Além do Advent, outros fundos estão avaliando o negócio. Na Via Varejo, a gestora avalia se volta a olhar o negócio. A C&A foi oferecida ao fundo, segundo fontes, mas o Advent não quis.
O apetite do fundos de private equity por Brasil vai crescer neste ano, estimulado pela recuperação da economia e pela necessidade de boa parte das empresas, sobretudo as de médio porte, de levantar capital para expandir seus negócios, após a severa recessão que o País atravessou. A estimativa é de que as gestoras aumentem entre 20% a 30% os aportes no País neste ano, segundo a Abvcap.
Ao lado de Advent, o fundo global Warburg Pincus também está de olho em ativos no País. A gestora de investimentos canadense Brookfield, que não se encaixa no conceito puro de private equity, foi a que mais investiu durante a crise e ainda continua em busca de aquisições em infraestrutura em 2018. Já a gigante Carlyle quer aproveitar o bom momento da economia brasileira para sair de negócios investidos.
Em 2016, as gestoras fizeram aportes de R$ 11,3 bilhões, uma queda de 38,7% em relação ao ano anterior. O balanço dos aportes injetados por fundos em 2017 ainda não foi divulgado, mas deve ficar nos mesmos patamares do ano anterior, diz Meurer.

Gestoras de investimento realizam papel estratégico

As gestoras de investimentos têm um papel muito importante para a economia do Brasil, diz Campos Neto, da FGV. "Esses fundos desempenham uma função estratégica na gestão das empresas nas quais investe. Muitas empresas são familiares, com uma gestão pouco profissionalizada; e a entrada desses investidores muda o direcionamento do negócio."
Foi o caso da Advent em algumas das empresas que o fundo investiu. Um dos exemplos mais bem-sucedidos foi no laboratório de diagnósticos Fleury, um dos maiores do País. O fundo tornou-se acionista minoritário em 2015, auge da crise, investindo cerca de R$ 350 milhões; e saiu, em setembro do ano passado, embolsando cerca de R$ 1,3 bilhão. Nesse curto período que ficou no laboratório, que é controlado pelos médicos fundadores, fez mudanças significativas de gestão: com dois assentos, fortaleceu os três comitês do conselho e introduziu gestão de risco e finanças ao negócio.
Esse mesmo modelo já começou a ser replicado na Estácio. Em abril, o Advent deve indicar um nome de sua confiança para presidir o conselho de administração da companhia de educação, no lugar de João Cox, segundo fontes. Juan Pablo Zucchini é apontado como substituto.
Piero Mainardi, sócio-diretor do Warburg Pincus, disse que a gestora segue a mesma filosofia do Advent, de apostar em empresas com potencial de crescimento e de indicar nomes para o conselho das empresas, sem que seus sócios participem diretamente da gestão. A gestora, que é controladora da rede Petz - varejista voltada a animais pets -, além de uma das principais acionistas da empresa de alimentos Camil, também avalia oportunidades de investimentos. Mainardi pondera, contudo, que o apetite dos investidores pode ser freado pelas incertezas políticas com as eleições.