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Teatro

- Publicada em 23 de Março de 2018 às 20:37

As dramaturgas no Rio Grande (e no Brasil)

Na noite de 6 de março, como parte da Semana da Mulher, o Teatro de Arena recebeu Fernanda Moreno, Natasha Centenaro, Patrícia Silveira, Patsy Cecato e Viviane Juguero para falarem sobre sua condição de dramaturgas. Na verdade, elas são, na maioria dos casos, dramaturgas, atrizes, diretoras, produtoras, pois cada uma delas vem realizando seus próprios espetáculos a partir de seus próprios textos. O encontro certamente despertou interesse, porque o teatro colheu pelo menos dois terços de sua lotação. Mais que isso, as pessoas que foram estavam realmente envolvidas com o tema e sua discussão.
Na noite de 6 de março, como parte da Semana da Mulher, o Teatro de Arena recebeu Fernanda Moreno, Natasha Centenaro, Patrícia Silveira, Patsy Cecato e Viviane Juguero para falarem sobre sua condição de dramaturgas. Na verdade, elas são, na maioria dos casos, dramaturgas, atrizes, diretoras, produtoras, pois cada uma delas vem realizando seus próprios espetáculos a partir de seus próprios textos. O encontro certamente despertou interesse, porque o teatro colheu pelo menos dois terços de sua lotação. Mais que isso, as pessoas que foram estavam realmente envolvidas com o tema e sua discussão.
Na abertura do encontro, que durou duas horas, cada uma das participantes da mesa leu textos de sua autoria. Com isso, obviamente, elas não só se apresentaram, para quem eventualmente não as conhecesse, quanto se reafirmaram, como adiante explicitaram, ao lembrar que aquele coletivo de constituiu no ano passado quando, a partir de uma pesquisa de Fernanda Morena, constataram que o número de dramaturgas, no Rio Grande do Sul, é menos de um terço do conjunto dos que escrevem para teatro e, no Brasil, não alcança percentual muito maior. Elas entendem que isso precisa mudar, tomaram algumas iniciativas, entre as quais constituir o grupo, promover debates e esforçar-se no sentido de conseguirem publicar seus próprios textos, num primeiro momento, numa antologia coletiva.
Que o número de dramaturgas seja ínfimo no País é um fato. Aliás, não diferente do pequeno número de escritoras, de diretoras, de realizadoras cinematográficas etc. Na verdade, alguns segmentos de criação ainda têm como que uma espécie de reserva de mercado masculino. Mas quando elas discutem sobre a dificuldade de publicarem seus textos (de teatro), bem, daí chegamos a um debate mais complexo e amplo, que não apenas a ver com gênero, mas liga-se a questões de mercado editorial, a preconceito com dramaturgia, ao fato de que quase ninguém compra livro de dramaturgia etc. Uma das discussões que sempre promovemos no curso de Escrita Criativa é exatamente o fato de que os cursos de Letras são profundamente preconceituosos para com a dramaturgia. Eventualmente se propõe ler alguma coisa de José de Anchieta, por causa da catequese; da Martins Pena, por causa do Romantismo; e não vai muito além. E quando se trabalha com esses dramaturgos, não se discute dramaturgia em si. Hoje em dia, são raras as editoras que publicam textos dramáticos, como o caso da Cobogó ou da É Realizações. Vai longe o tempo em que a Editora Agir tinha uma coleção de teatro; a Civilização Brasileira publicava Dias Gomes; que Nova Fronteira editou toda a dramaturgia de Nelson Rodrigues. Mais longe ainda o tempo em que a Sbat (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais) divulgava, em cada edição mensal de sua revista, um texto dramático. Foi assim, por exemplo, que Ronald Radde, graças ao diretor da revista, Aron Menda, embora vivendo no extremo Sul do País, teve sua dramaturgia conhecida.
No debate, as dramaturgas discutiram, ainda, por exemplo, as relações entre a valorização do diretor e a desvalorização da dramaturgia; ou a inexistência de uma dramaturgia para adolescentes. Alguém chegou a sugerir a criação de um Prêmio Vera Karam para dramaturgia feminina no Rio Grande do Sul (nada contra, é claro, mas por que não Prêmio Edy Lima, autora de A farsa da esposa perfeita? Certamente porque ninguém mais sabe quem ela é..., infelizmente).
Muitos outros debates estão sendo planejados, o que vai ser muito bom. Será importante, de qualquer modo, que suas integrantes procurem dar maior foco aos encontros, sob pena de se tornarem repetitivos ou não alcançarem seus objetivos. De qualquer modo, como alguém registrou, foi muito bom que as mulheres falassem mais e os homens as ouvissem com humildade. O debate deve ser continuado. E elas devem se assumir, sim, enquanto dramaturgas, sem pejo.
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