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Eleições 2018

- Publicada em 18 de Fevereiro de 2018 às 18:16

Desgaste do PSDB é obstáculo no Sul do País

Alckmin disputará preferência com Jair Bolsonaro e Álvaro Dias

Alckmin disputará preferência com Jair Bolsonaro e Álvaro Dias


/EVARISTO SA/AFP/JC
Após 12 anos, a hegemonia de presidenciáveis do PSDB no Sul do País está ameaçada. O pré-candidato tucano à presidência da República Geraldo Alckmin, atualmente governador de São Paulo, encontrará este ano a situação mais adversa que seu partido já teve desde 2006 na região. O surgimento de concorrentes no campo político conservador - o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ, anunciou pré-candidatura ao Palácio do Planalto pelo PSL) e o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) - e o desgaste do PSDB em nível local são os principais fatores para o afastamento do eleitorado dos tucanos.
Após 12 anos, a hegemonia de presidenciáveis do PSDB no Sul do País está ameaçada. O pré-candidato tucano à presidência da República Geraldo Alckmin, atualmente governador de São Paulo, encontrará este ano a situação mais adversa que seu partido já teve desde 2006 na região. O surgimento de concorrentes no campo político conservador - o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ, anunciou pré-candidatura ao Palácio do Planalto pelo PSL) e o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) - e o desgaste do PSDB em nível local são os principais fatores para o afastamento do eleitorado dos tucanos.
No melhor dos cenários, Alckmin tem a preferência hoje de 7% dos eleitores no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conforme pesquisa Datafolha deste mês. É o patamar mais baixo registrado por um presidenciável da sigla no início de um ano eleitoral desde 2006. Em 2014, o senador Aécio Neves oscilava entre 12% e 17% e, em 2010, o senador José Serra ostentava índices, hoje inimagináveis, de 45% a 48% - em 2006, o próprio Alckmin registrava cerca de 15% de intenção de voto.
A região Sul sempre foi um porto seguro para o PSDB, partido mais votado na região nas últimas três eleições presidenciais. Ironicamente, Alckmin, que hoje patina nas pesquisas, é o campeão de votação entre os tucanos no Sul, com 8 milhões de votos em 2006. Abrir uma ampla vantagem de votos no Sul não é apenas questão para os tucanos de manter uma tradição. É algo historicamente estratégico para o PSDB porque ajuda a compensar os baixos índices de votação que a sigla obtém no Nordeste, tradicional reduto do PT.
Mesmo com as indicações de que 2018 deve ser uma eleição diferente das três anteriores, aliados de Alckmin afirmam que não há como fugir dessa geografia dos votos. Ele precisará recuperar parte dos eleitores perdidos nessa região para ir ao segundo turno. Entretanto, no Sul, o pré-candidato do PSDB enfrenta uma dificuldade inédita. Além de tentar recuperar o eleitor que está com Bolsonaro - com quem deve rivalizar no País inteiro -, Alckmin terá que se preocupar com o ex-tucano Álvaro Dias, eleito senador em 2014 com 77% dos votos no Paraná.
A perda da preferência do eleitorado sulista é apenas mais um dos dissabores de Alckmin. Na semana passada, o governador de São Paulo respirou aliviado com a desistência do apresentador Luciano Huck da disputa eleitoral. Mas outros desafios permanecem, entre eles consolidar-se como candidato único do campo político de centro, pacificar a própria base de partidos para sua sucessão em São Paulo, lidar com o fantasma presidenciável do prefeito de São Paulo João Doria e construir um arco de alianças competitivo.

Aliados de Alckmin analisam estratégias para os três estados

Aliados do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) admitem que o quadro eleitoral na região Sul vai demandar uma atenção maior do que em anos anteriores. O desgaste nacional sofrido pelo PSDB no episódio envolvendo o senador Aécio Neves (MG) e depois o apoio ao governo de Michel Temer reverberou no Sul, onde é forte a presença do eleitorado de classe média, base do PSDB.
Além da participação do senador Álvaro Dias (Podemos-PR) na eleição presidencial - que tem hoje mais que o dobro das intenções de voto de Alckmin no Sul -, outro complicador para o PSDB no Paraná é a baixa popularidade do seu governador, o tucano Beto Richa.
"Acho impossível que o partido consiga uma vitória como nas últimas eleições no Sul", avalia o sociólogo da Universidade Federal do Paraná Ricardo Oliveira. No estado, Alckmin não terá palanque próprio. O melhor cenário para ele seria uma desistência de Dias, mas a alternativa já foi descartada. Como último recurso, restará ao PSDB pregar um "voto útil".
No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina o partido se organiza para ter candidatura própria na eleição estadual e aposta na estrutura partidária, superior à do PSL de Bolsonaro, para resgatar o espaço perdido. O estado gaúcho é um terreno lamacento para o PSDB, que perdeu as eleições presidenciais para o PT em 2010 e 2014 - embora tenha sido o mais votado na região Sul. Este ano, o PSDB também perdeu aliados para Bolsonaro. O principal apoiador do adversário no Rio Grande do Sul é o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM).
"No Sul tem uma base historicamente identificada com a centro-direita, mas que nunca teve candidato. Os candidatos mais perto disso eram os tucanos. Agora, Bolsonaro tomou esse eleitorado e não devolve mais", disse Lorenzoni.
Pré-candidato do PSDB ao governo gaúcho, Eduardo Leite não acredita nisso. "Entendo que o eleitor que anuncia voto hoje no Bolsonaro está mais votando contra o que está aí do que a favor do Bolsonaro. Não é um voto muito consciente", disse.
Em Santa Catarina, a campanha do deputado também está sendo organizada por parlamentares de outras siglas, como o PMDB. O senador e pré-candidato do PSDB ao governo, Paulo Bauer, aponta a fragilidade do partido de Bolsonaro como maior trunfo de Alckmin. "Nem sei quem é do PSL aqui. Estamos construindo as condições políticas para repetir a tradição tucana. Não tenho dúvida de que a candidatura dele vai crescer", projetou.