Jacob Zuma renuncia à presidência

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, renunciou na tarde de ontem ao cargo em um pronunciamento na TV estatal do país. O político comandava a nação desde 2009. Contra ele pesam centenas de acusações de corrupção, o que o fez acatar um ultimato do próprio partido, o Congresso Nacional Africano (CNA).

"Fui obrigado a me demitir como resultado de um voto de falta de confiança estabelecido pelo CNA", disse Zuma, citando a ameaça feita por membros do seu partido de convocar para hoje uma votação no Parlamento para expressar que não estavam mais apoiando seu governo. O antecessor de Zuma, Thabo Mbeki, foi forçado a deixar o cargo da mesma maneira em 2008.

"Eu, portanto, tomo a decisão de demitir-me como presidente da República com efeito imediato. Embora eu não concorde com a decisão da liderança do meu partido, sempre fui membro disciplinado do CNA", disse Zuma. Caso não renunciasse, ele corria o risco de ser destituído pelo Parlamento. Mais cedo, ele havia adotado um tom desafiador em uma entrevista e disse que não pretendia renunciar. Na ocasião, disse que vinha recebendo um tratamento "injusto" de seu próprio partido e que não pretendia deixar imediatamente o cargo.

O atual vice-presidente, Cyril Ramaphosa, assumirá a presidência. Os dois líderes travam uma disputa desde dezembro, quando Ramaphosa venceu a disputa para substituir Zuma no comando do CNA - partido que dirige a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994.

Ontem não foi um dia fácil para o presidente. Pela manhã, a polícia conduziu uma busca na residência e na sede de uma empresa da família Gupta, próxima a Zuma. A família controla um império que em um momento se estendeu à mídia e à mineração do país. Cinco pessoas foram detidas.

De acordo com documentos vazados no último ano, os irmãos Gupta usaram a amizade com Zuma e a sociedade com o filho do presidente, Duduzane, para influenciar as decisões do governo.