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Agronegócios

- Publicada em 18 de Fevereiro de 2018 às 22:13

Safra da maçã deve cair 20% neste ano

Redução no volume pode influenciar na elevação dos preços pagos

Redução no volume pode influenciar na elevação dos preços pagos


/CLAUDIA CHISSINI/RASIP/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Com projeção de números menores do que os contabilizados na safra recorde do ano passado, a colheita da maçã nos Campos de Cima da Serra teve início no final de janeiro. Pelas expectativas da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçãs (Agapomi), serão colhidas entre 450 mil e 500 mil toneladas da fruta neste ano. Somente na cidade de Vacaria, maior produtora do Estado, espera-se obter 220 mil toneladas da fruta. A safra deve ser cerca de 20% menor do que a anterior devido a adversidades climáticas que influenciaram no tamanho e na coloração do fruto.
Com projeção de números menores do que os contabilizados na safra recorde do ano passado, a colheita da maçã nos Campos de Cima da Serra teve início no final de janeiro. Pelas expectativas da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçãs (Agapomi), serão colhidas entre 450 mil e 500 mil toneladas da fruta neste ano. Somente na cidade de Vacaria, maior produtora do Estado, espera-se obter 220 mil toneladas da fruta. A safra deve ser cerca de 20% menor do que a anterior devido a adversidades climáticas que influenciaram no tamanho e na coloração do fruto.
Segundo o presidente da Agapomi, Eliseu Zardo Boeno, a falta de chuva em dezembro e o inverno com temperaturas amenas foram decisivos para a projeção abaixo dos números de 2017. "O pedúnculo (haste que liga o fruto à planta) da planta não está totalmente desenvolvido, o que acarreta em um calibre diminuído da fruta", comenta Boeno, ao lembrar que no inverno a planta dispensa as folhas e pratica a sua reorganização hormonal.
A colheita na Rasip, tradicional empresa de Vacaria, teve início com uma situação semelhante. "A fruta estava verde. Ela precisa de uma amplitude térmica considerável em sua fase de maturação para pegar cor", enfatiza o diretor da unidade de fruticultura da empresa, Celso Zancan. A projeção do executivo é colher cerca de 44 mil toneladas da variedade gala e outras 10 mil toneladas de fuji, as duas principais variedades cultivadas no Estado. O total de 54 mil toneladas corresponde a 12% da expectativa de colheita gaúcha.
O técnico da Emater Ênio Todeschini esclarece que a cultura exige entre 400 e 700 horas de frio durante o inverno. "Isso é fundamental para a planta sair da dormência, florescer e criar folhas de maneira adequada", relata. Todeschini explica que a medição de frio deste ano em Bento Gonçalves, também no Noroeste do Estado, foi de apenas 188 horas de frio abaixo de 7,2°C - temperatura ideal para a saúde da planta. "Na safra anterior tivemos 530 horas, o que influenciou na produção recorde", lembra. A baixa incidência de frio neste ano não chega, inclusive, a metade da média histórica dos últimos 35 anos, de 410 horas.
As dificuldades da safra deste ano, por outro lado, pode influenciar positivamente na retomada dos preços pagos ao produtor. Na comparação com o ano passado, Boeno espera aumento de ao menos 30%. "Na safra passada colhemos bastante frutas, mas não conseguimos atingir preço satisfatório já que recebemos entre R$ 0,75 e R$ 1,00 pelo quilo de fruta", lamenta. Para este ano a expectativa do presidente da Agapomi é de que os preços girem em torno de R$ 1,30 por quilo.
Outro fator que deve contribuir para a regulação de preços no segmento são as exportações, que giram anualmente em torno dos 5% a 10% do total colhido no Estado. Para este ano, Boeno avalia que o número deverá ficar mais próximo ao máximo exportado, já que existe um esforço do setor para regular preços. Mesmo assim, os produtores não esperam atingir os patamar de 2016, ano em que, por conta da geada, houve uma produção pequena, e os preços atingiram R$ 1,80 por quilo.

Colheita cria cerca de 10 mil postos de trabalho sazonais nos Campos de Cima da Serra

A colheita da maçã deve gerar mais de 10 mil postos de trabalho sazonais na região dos Campos de Cima da Serra, segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Vacaria, que participa do registro destes profissionais. No período, que compreende 90 dias iniciados no final de janeiro, chegam a região pessoas de diversas localidades do País. Boa parte delas, porém, é do Mato Grosso do Sul e está ligada a colheita da cana-de-açúcar - outra cultura que demanda trabalho sazonal. Além destas vagas, há outras 6 mil contratações de trabalhadores da região, que não necessitam de alojamentos e transporte.
Na atual safra, a Rasip Alimentos contratou 2,5 mil safristas para trabalhar na colheita de mais de 50 mil toneladas de maçã da empresa. Apenas 500 deles são da cidade, o que exigiu a remodelação de dois mil leitos em seus alojamentos para atender as necessidades do pessoal adicional. Por convenção coletiva firmada pelo setor agrícola em 1994, cada trabalhador deve ser contratado em regime CLT e receber de acordo com a categoria. "Pagamos o piso, que é R$ 1.195,80, e damos um adicional máximo de R$ 0,08 centavos por quilo excedente colhido", relata o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), Eliseu Zargo Boeno.
O presidente do sindicato dos trabalhadores da região, Sérgio Poletto, comenta que a questão de alojamento dos trabalhadores é acompanhada de perto pelo sindicato, visto que a colheita da maçã contribui substancialmente para colocar o município de Vacaria na 4ª posição em operações de resgates de trabalhadores no ranking do Estado. Segundo o Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, entre 2003 e 2017 foram 32 resgates. Neste sentido, nos últimos anos, Poletto avalia que a logística de alojamentos e transporte dos trabalhadores está adequada e com qualidade superior a encontrada na década de 1980 e 1990.
Mesmo assim, existem casos recentes de desacordo com a norma. Em dezembro passado, a Agroindustrial Perfrutti firmou acordo judicial com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Caxias do Sul, devendo pagar multa de R$ 119.185,61, referentes a irregularidades em registro e transporte de trabalhadores, higiene e conforto de alojamentos, intermediação ilícita de mão-de-obra e inobservância das normas de proteção à saúde e segurança do trabalhador. A empresa não se pronunciou sobre o caso até o encerramento da reportagem.
Anteriormente, em 2015, a agropecuária Schio foi condenada por contratar 41 indígenas irregularmente, sem os registros necessários nas carteiras de trabalho e Previdência Social, em ação do Ministério Público Federal (MPF). Na época, a constatação foi de que os alojamentos eram insalubres e não eram fornecidos equipamentos de proteção individual. No mesmo ano, a empresa foi multada em R$ 620 mil por descumprimento de normas do relógio-ponto de seus funcionários, segundo o MPT.