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tecnologia

- Publicada em 19 de Fevereiro de 2018 às 10:30

Objetos (cada vez mais) conectados

 Em processo avançado nos Estados Unidos, ferramenta passa a receber investimento de empresas no País

Em processo avançado nos Estados Unidos, ferramenta passa a receber investimento de empresas no País


TOBIAS SCHWARZ/AFP/JC
Do produtor de soja no Mato Grosso às malas de luxo da grife Louis Vuitton. A era dos objetos conectados já migrou das apresentações futuristas das empresas de tecnologia para as ruas de todo o País. As iniciativas vêm ganhando tanta velocidade no Brasil a ponto de empresas brasileiras e estrangeiras estarem investindo na construção de redes próprias de internet por aqui e analisando a produção local de equipamentos (uma espécie de chips) capazes de calcular informações variadas, como a temperatura corporal de uma vaca e a vibração do motor de uma geladeira.
Do produtor de soja no Mato Grosso às malas de luxo da grife Louis Vuitton. A era dos objetos conectados já migrou das apresentações futuristas das empresas de tecnologia para as ruas de todo o País. As iniciativas vêm ganhando tanta velocidade no Brasil a ponto de empresas brasileiras e estrangeiras estarem investindo na construção de redes próprias de internet por aqui e analisando a produção local de equipamentos (uma espécie de chips) capazes de calcular informações variadas, como a temperatura corporal de uma vaca e a vibração do motor de uma geladeira.
Até o ano passado, a expectativa era que, em 2025, o Brasil tivesse 100 milhões de objetos conectados à rede e receita anual superior a R$ 40 bilhões. Mas, para especialistas, a previsão é que esses números sejam alcançados bem antes. Um dos principais motivos para o avanço maior que o esperado é a corrida tecnológica travada no setor, aliada à necessidade de redução de custos e maior eficiência das empresas.
Assim, as iniciativas ganham cada vez mais velocidade. No eixo Rio de Janeiro-São Paulo, redes de supermercado estão conectando suas geladeiras para acompanhar a vibração de seus motores e controlar a temperatura. Funciona assim: os dados são transmitidos para um sistema de computadores da empresa, que recebe um alerta sempre que há alguma mudança nessas variáveis. Alexandre Reis, diretor de operações do grupo de tecnologia WND, lembra que não é preciso mais esperar a rede 5G, de velocidade ultrarrápida, para conectar os objetos.
"A Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) é uma realidade já. Começamos a construir uma rede que permite o tráfego de dados através de uma frequência não licenciada, como as que são usadas em Wi-Fi em casa e nas ruas", afirma Reis. De acordo com o executivo, o uso dessa frequência permite custos mais baixos para toda a cadeia, de produtores de chips, softwares e clientes finais. "Estamos investindo US$ 50 milhões para levar essa rede a todo o Brasil, e temos hoje mais de 50 parceiros (clientes) que querem agregar ao seu dia a dia a tecnologia como forma de aumentar a eficiência", adianta, ao destacar que, em muitos casos, isso também é uma ferramenta de marketing para elas.
A IoT está sendo usada até para monitorar a temperatura das vacas. Isso porque, explica Helder Cochofel, diretor da sul-coreana Suntech, também de tecnologia, com o estudo das informações coletadas através de um chip instalado em uma coleira no pescoço da animal, é possível detectar seu período fértil através do calor do seu corpo e, assim, economizar com o uso de sêmen para a inseminação, tido como um dos procedimentos mais caros entre os agropecuaristas. A iniciativa, já testada na Colômbia, está sendo usada por empresários brasileiros na região Centro-Oeste.

Tecnologia ajuda varejo a integrar loja real à virtual

Não importa se o cliente compra pela internet ou se apenas faz pesquisas on-line antes de ir à loja física. As grandes varejistas brasileiras estão usando o rastro de dados deixados pelos consumidores, tanto no mundo real quanto no virtual, para entender melhor quem são eles e o que querem.
O objetivo é unir o que os dois modelos têm de melhor: a comodidade e o preço competitivo do on-line com a experiência e a pronta entrega do endereço físico.
A decisão das companhias decorre da mudança de hábito dos consumidores nos últimos cinco anos. Cada vez mais exigentes, eles têm hoje ferramentas literalmente à mão para descobrir sozinhos de que produtos precisam e onde podem pagar menos pelos itens.
"O varejo vive uma revolução digital. Se antes a venda era definida no balcão das lojas, hoje é preciso estar e atender bem em todos os canais para não perder os clientes", diz Reynaldo Saad, sócio da Deloitte no Brasil.
Apesar de conscientes da urgência de mudança, são poucas as empresas que têm conseguido investir em inovação sem a garantia de retorno no curto prazo, de acordo com Saad. Saem na frente as que apostaram em tecnologia antes das demais, como é o caso do Magazine Luiza.
Desde 2016, os centros de distribuição e lojas da varejista são integrados para que entregas sejam feitas aos consumidores em até 48 horas sem cobrança de frete. A ideia agora é fazer isso em tempo recorde no Brasil.
Em 10 lojas do País, a rede vem testando, há poucos meses, como entregar em menos de três horas após a compra, poucos minutos a mais do que faz, desde 2014, a gigante Amazon nos Estados Unidos.
Outro modelo colocado à prova é o de entregar nas lojas físicas produtos de vendedores do marketplace on-line.
Na loja da marginal Tietê, na capital paulista, por exemplo, é possível que alguém vá buscar a churrasqueira comprada na loja virtual e receba ofertas de fraldas ou de cervejas artesanais pelo aplicativo da loja instalado no celular. A correlação feita pela inteligência de dados da empresa é simples: churrasco combina com cerveja, que combinam com pais de filhos pequenos, que sempre precisam comprar fraldas.
"Há cinco anos, estudamos o que nossos clientes abandonam no carrinho, a maneira como eles preferem pagar as contas, entre outros detalhes; e, com o tempo, nos aperfeiçoamos para fazer recomendações de compras precisas para eles nas lojas on-line e físicas", diz André Fatalla, diretor executivo de tecnologia do Magazine Luiza.

Ícones do comércio dos EUA ficam para trás e encolhem

Nos últimos 15 anos, a maneira como as grandes varejistas ganham dinheiro mudou drasticamente. Enquanto a velocidade com que as empresas faturam caiu pela metade, é preciso vender o dobro para estar entre as 200 maiores do mundo. Boa parte da dificuldade está relacionada à lentidão com que as companhias do setor inovam e a dificuldade em entender o que querem os consumidores mais jovens, de acordo com uma pesquisa mundial feita pela consultoria Deloitte.
O levantamento analisou o desempenho das 250 líderes globais do varejo em faturamento nos últimos 15 anos para apontar as mudanças no período, que aconteceram mais rapidamente de 2012 a 2017. De acordo com o estudo, nestes últimos cinco anos, as compras de supermercados feitas pela internet no mundo saltaram 30%, e a China tornou-se o país onde o comércio eletrônico mais cresce - as vendas anuais do segmento por lá sobem cinco vezes mais rápido atualmente do que no mercado norte-americano.
Grandes lojas de departamentos, sem ofertas virtuais atrativas nem possibilidade de entrega e pagamento variados, são coisas do passado. Prova disso, aponta o relatório, está no número recorde de fechamento de pontos comerciais em 2017 nos Estados Unidos. Apenas no ano, 6.885 lojas fecharam as portas. As varejistas Macy's, J.C.Penney e Sears estão entre as que mais encerraram operações no mundo. O intuito é se concentrarem apenas nas lojas rentáveis e investirem em tecnologia.