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Operação Lava Jato

- Publicada em 24 de Janeiro de 2018 às 19:08

Mesmo com a condenação, PT vai lançar Lula ao Planalto em agosto

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu ontem o maior revés da sua trajetória política. A condenação por 3 a 0 no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em uma sessão de mais de nove horas de duração em Porto Alegre deve trazer mais percalços para os planos eleitorais do PT em 2018.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu ontem o maior revés da sua trajetória política. A condenação por 3 a 0 no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em uma sessão de mais de nove horas de duração em Porto Alegre deve trazer mais percalços para os planos eleitorais do PT em 2018.
Com a decisão, o ex-presidente dificilmente será candidato nas eleições deste ano. A Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo próprio Lula em 2010, impede a candidatura a cargos eletivos de condenados em segunda instância judicial.
Atualmente, o petista lidera todas as pesquisas de intenção de voto para a presidência e a sua saída da disputa mudará radicalmente o cenário, colocando no páreo parte dos pré-candidatos que se apresentaram até o momento.
O PT ainda vai enfrentar o risco de Lula ter a prisão decretada mais cedo do que o esperado, já que a decisão unânime dos desembargadores reduz o número de recursos a que a defesa terá direito na segunda instância. O ex-presidente pode ser preso em poucos meses, logo depois que forem julgados os embargos que os advogados do ex-presidente pretendem apresentar ao tribunal. A defesa de Lula tem agora dois dias a partir da publicação do acórdão para apresentar embargos de declaração, que pedem, apenas, esclarecimento da sentença.
Entretanto, o PT mantém o discurso de que Lula será o candidato petista ao Planalto. O partido reafirmará a candidatura hoje, em São Paulo, com a presença de suas principais lideranças da sigla. Também será anunciado um calendário de debates sobre o programa de governo a ser adotado pelo petista na disputa.
Dentro dessa linha, o ex-presidente quer manter as caravanas e pretende iniciar um novo giro pelo Rio Grande do Sul, no final de fevereiro. A cidade escolhida para abrir a nova caravana é São Borja, terra de Getúlio Vargas no interior do Estado.
Após a decisão do TRF-4 ontem, o PT convocou uma reunião de emergência com alguns dirigentes, na sede do partido, em São Paulo.
Ficou confirmado que a sigla vai registrar a candidatura de Lula à presidência em 15 de agosto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tentar reverter a decisão que o tornou inelegível pela Lei da Ficha Limpa, embora, nos bastidores, já considere remota a possibilidade de mudar esse quadro.
Assim que o voto do desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do processo, foi lido, alguns petistas que estavam reunidos com Lula, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, caíram no choro.
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner, um dos cotados para ser o Plano B do PT, foi dar um abraço em Lula no sindicato, em São Bernardo. Disse, porém, que não está nesse páreo. O outro nome citado é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Lula acompanhou parte do julgamento em uma sala reservada, no segundo andar do sindicato, com antigos companheiros de jornada. Ele escolheu o sindicato que presidiu de 1975 a 1981 pelo simbolismo. Foi ali que iniciou sua trajetória política e comandou as principais greves de metalúrgicos nos anos 1980, desafiando o regime militar.
Em abril de 1980, Lula foi preso durante 31 dias e enquadrado na Lei de Segurança Nacional pelo regime militar. Ao sair, a primeira coisa que fez foi soltar um passarinho da gaiola.
Ainda em 1980, fundou o PT. Em depoimento à Comissão da Verdade, após já ter deixado a presidência da República, Lula disse que os militares cometeram uma "burrice" ao prendê-lo.
"O que aconteceu depois que eles me prenderam? Foi uma motivação a mais para a greve continuar. Depois, foi aquele 1 de maio histórico", afirmou.
Em 1981, o petista chegou a ser condenado pela Justiça Militar a três anos e seis meses de prisão. Não chegou, porém, a ir para a cadeia. Recorreu em liberdade e, em maio de 1982, o processo foi anulado pelo Superior Tribunal Militar.

Outras denúncias contra Lula

Além do caso do triplex do Guarujá, que foi julgado na segunda instância ontem, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu em outras seis ações penais na Justiça Federal no Paraná e no Distrito Federal.
Julho de 2016
  • Torna-se réu pela primeira vez na Lava Jato, acusado de tentar comprar o silêncio do delator Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras. A denúncia feita pela Procuradoria da República no Distrito Federal foi aceita pelo juiz Ricardo Augusto Leite, de Brasília. Entretanto o próprio Ministério Público Federal (MPF) já pediu a absolvição do ex-presidente neste caso
  • O que diz a defesa: Lula nunca interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos à Lava Jato
Outubro de 2016
  • Lula vira réu após ser acusado de corrupção, lavagem, tráfico de influência e organização criminosa. É acusado de favorecer a Odebrecht em contratos em Angola, financiados pelo Bndes. Em troca, a empreiteira teria pago R$ 30 milhões a Taiguara, sobrinho da ex-mulher de Lula.
  • O que diz a defesa: Lula nunca tratou das relações comerciais vinculadas a Taiguara
Dezembro de 2016
  • Passa a responder pela acusação de tráfico de influência, lavagem e organização criminosa na Operação Zelotes. É suspeito de integrar esquema que prometia intervir no governo para beneficiar clientes do escritório Marcondes e Mautoni. Em troca, Luis Cláudio, filho de Lula, teria recebido R$ 2,5 milhões
  • O que diz a defesa: Nem ele, nem seu filho participaram ou tiveram conhecimento da negociação com as empresas
Dezembro de 2016
  • Torna-se réu em acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato. Segundo a polícia, ele recebeu propina da Odebrecht por intermédio do ex-ministro Palocci. O dinheiro teria sido usado para comprar um terreno, onde seria construída uma sede do Instituto Lula, e um apartamento. O processo está a caminho da fase final. Em paralelo, foi aberto um procedimento sobre suposta falsidade em recibos de aluguel apresentados pela defesa de Lula
  • O que diz a defesa: Nega a acusação e diz que o instituto funciona em outro local há anos
Agosto de 2017
  • O juiz Sérgio Moro aceita ação proposta pelo Ministério Público Federal, que acusa Lula de corrupção e lavagem de dinheiro na reforma de um sítio em Atibaia (SP). O sítio está no nome de amigos da família Lula e foi reformado por OAS, Odebrecht e José Carlos Bumlai. As audiências do caso começarão no próximo mês
  • O que diz a defesa: Acusação é "frívola" e uma "tentativa desesperada de justificar à sociedade a perseguição contra o ex-presidente"
Setembro de 2017
  • Acusado do crime de corrupção passiva, torna-se réu outra vez na Operação Zelotes, por supostamente aceitar uma promessa de recebimento de recursos ilícitos em 2009, quando ainda ocupava a presidência. Em troca, favoreceria as montadoras MMC (atual HPE) e Caoa na edição da Medida Provisória nº 471, de 2009
  • O que diz a defesa: Lula não praticou qualquer ilícito e sua inocência deverá ser reconhecida também nessa ação
Lula também foi denunciado em outras duas ocasiões, em ações que a Justiça ainda não definiu se abre as ações:
  • Em setembro de 2017, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot denunciou Lula em ação em que acusa políticos do PT de participar de uma organização criminosa para desviar dinheiro da Petrobras
  • No mesmo mês, Janot denunciou Lula por obstrução de Justiça na Lava Jato, com base em delação do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS)