Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

operação lava jato

- Publicada em 23 de Janeiro de 2018 às 23:38

Acampamento reúne vários sotaques do País

Grupo de 48 pessoas levou três dias viajando de ônibus de Teresina, na capital do Piauí

Grupo de 48 pessoas levou três dias viajando de ônibus de Teresina, na capital do Piauí


FREDY VIEIRA/JC
Foram três dias de viagem de ônibus para que um grupo de 48 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Teresina, capital do Piauí, chegasse a Porto Alegre ao meio-dia de ontem. O desembarque foi direto no acampamento instalado no Anfiteatro Pôr-do-Sol, a menos de um quilômetro de distância do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que hoje recebe o julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no caso do Triplex, no âmbito da Operação Lava Jato.
Foram três dias de viagem de ônibus para que um grupo de 48 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Teresina, capital do Piauí, chegasse a Porto Alegre ao meio-dia de ontem. O desembarque foi direto no acampamento instalado no Anfiteatro Pôr-do-Sol, a menos de um quilômetro de distância do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que hoje recebe o julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no caso do Triplex, no âmbito da Operação Lava Jato.
"O Rio Grande do Sul é o único estado do Brasil que eu ainda não conhecia", conta Jeanilson Campos Silva Souza, militante do MST em Teresina, e que participou também dos atos durante o julgamento de Lula em Curitiba. "Já estou acostumado com o clima mais frio, mas outras pessoas do grupo estavam sentindo a diferença de temperatura e da umidade", conta, com o sotaque típico da região Nordeste do País. A viagem de volta está programada para hoje mesmo, após o término da sessão - a previsão é de chegada no estado de origem no domingo.
A alimentação do grupo será feita com apoio dos militantes locais do MST. Já outros grupos trouxeram os próprios alimentos para fazer as refeições no acampamento, caso da caravana de Chapecó, cidade do Oeste de Santa Catarina. As 140 pessoas viajaram em três ônibus e chegaram na manhã de ontem ao acampamento. "Temos comissões diferentes para segurança, alimentação, viagem, pernoite - que será feita no acampamento ou nos ônibus", explica Mauro Postal, professor e presidente do PT em Chapecó.
Sobre a organização, ele explica ainda que não é verdade que os militantes de esquerda participam de atos "porque ganhamos dinheiro ou um sanduíche de mortadela". "É uma informação que usam para denegrir a imagem do movimento. O custo da viagem foi pago por cada um, e quem não veio ajudou com dinheiro ou mantimentos", completa Postal.
A alimentação desse grupo estava a cargo de Leandra Lacerda, presidente do Sindicato das Empregadas Domésticas em Chapecó. "A organização é coletiva. Quem está por perto ajuda a descascar, a cortar. Tudo é partilhado", relata. Do estado vizinho vieram 25 kg de massa produzida em cooperativa, que serviu de almoço com molho feito com 12 kg de carne moída comprada em Porto Alegre.
"Trouxemos lenha para fazer o fogo, mas conseguimos comprar o (botijão de) gás e vamos devolver o casco antes de ir embora", contou Postal. Também é coletiva a limpeza - um espaço reúne torneiras para cada um lavar o prato e os talheres que trouxe de casa. Ali também é feita a higiene pessoal, e próximo estão instalados banheiros químicos. Ao longo do acampamento - que passou os últimos dois dias recebendo novas barracas - estão espalhados tonéis que servem como lixo seco e orgânico.
Do Paraná, um grupo de 40 estudantes mantém a estrutura com recursos que arrecada através da venda de livros, que eles recebem de doação de sindicatos. Wellington Tiago, presidente da União Paranaense de Estudantes, conta que também recebem dinheiro para ajudar a custear a viagem.
Uma das barracas montadas em lugar central do acampamento conta com venda de produtos produzidos por trabalhadores assentados do MST no Rio Grande do Sul. O recurso com as vendas, conforme explica Augusto da Silva Maidana - que atendia no local -, é repassado aos produtores, e uma parte fica com a cooperativa para ser usada em outras mobilizações. "O que mais vendemos é água, refrigerante, bonés e camisetas. É também a oportunidade de os assentados exporem seus trabalhos", destaca.

Preocupação com políticas públicas mobiliza manifestantes que vieram a Porto Alegre

Lisete Maria, de Santa Catarina, teme êxodo rural e mais desemprego

Lisete Maria, de Santa Catarina, teme êxodo rural e mais desemprego


FREDY VIEIRA/JC
"Imagino que, em breve, irá acontecer um novo êxodo rural, acompanhado do aumento do desemprego nos grandes centros", projeta Lisete Maria Bernardi, agricultora e presidente do Sindicato da Agricultura Familiar de Campo Erê e Região, no Noroeste de Santa Catarina. O argumento dela para participar de atos em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é expectativa de retorno dos investimentos em políticas públicas voltadas para quem vive no campo.
Jair Xavier, que também está acampado no Anfiteatro Pôr-do-Sol, em Porto Alegre, é um assentado do crédito fundiário em Campo Erê e conta que, nos anos 1990, foi para a cidade em busca de emprego, e voltou ao campo quando teve essa oportunidade. Agora, conforme Lisete, o Programa Nacional de Habitação Rural não libera mais recursos, e cerca de 200 pedidos de crédito estão pendentes na sua região.
"As políticas de habitação melhoraram muito a vontade da mulher jovem, por exemplo, de ficar na agricultura. Nesses dois anos, não fizeram mais nenhuma casa. (Os jovens) perdem a expectativa", lamenta. A visão é endossada pelo engenheiro civil Eduardo Cavalet, que é funcionário da Caixa Econômica Federal em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina.
"A Caixa está sentindo muito a redução das políticas sociais, além da ameaça de privatização", avalia. Ele pediu folga de dois dias para participar dos atos pró-Lula em Porto Alegre, e depois irá compensar as horas não trabalhadas. "Me sinto decepcionado com a condução do julgamento", diz.