Pré-candidato à presidência da República pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes afirmou, em sua página no Facebook, que vai torcer para que a Justiça brasileira reconheça a inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no julgamento em segunda instância marcado para esta quarta-feira, dia 24, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.
Embora tenha dito que "é, definitivamente, constrangedor e inexplicável que nenhum quadro relevante do PSDB esteja preso, apesar de fartas e robustas evidências de seu orgânico e ancestral envolvimento em corrupção", Ciro negou que haja uma conspiração política no Poder Judiciário contra Lula.
O ex-ministro afirmou que não crê nessa possibilidade e acrescentou que imaginar algum tipo de complô "ofende a inteligência média do País". Disse, ainda, que "a consequência inevitável desta constatação teria desdobramentos tão graves que a um democrata e a um republicano só restaria a insurgência revolucionária".
Como argumento, ele lembrou que vários membros importantes do PMDB estão presos, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Alves. Ressaltou, também, que o próprio presidente Michel Temer (PMDB) foi chamado pela Justiça a responder por supostos atos de corrupção, em referência às duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) que foram arquivadas em 2017 pela Câmara dos Deputados. "O que quero dizer, nesta hora crítica, é que, apesar de seus graves problemas, a Justiça brasileira ainda deve merecer o respeito institucional da Nação. O oposto é a baderna, a anarquia e, evidentemente, a violência", escreveu Ciro, acrescentando, em seguida, que espera que o tribunal compreenda "a transcendência de sua decisão".
O ex-ministro - que também é ex-governador do Ceará e foi candidato a presidente em 1998 e em 2002 - tem se posicionado como um nome de centro-esquerda. Portanto, a participação ou não de Lula na disputa terá influência direta na sua campanha. Apesar de afirmar que acredita na inocência do petista, o ex-ministro tem feito algumas críticas ao ex-presidente, como ao fato de ele ter voltado a se aproximar de políticos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O petista será julgado em segunda instância na quarta-feira pelo caso do triplex de Guarujá. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na primeira instância, foi condenado a nove anos e meio de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro. Se for condenado novamente, poderá perder o direito de disputar a eleição presidencial deste ano.